BRASÍLIA – Combate ao desmatamento, eólica, solar, hidrogênio verde, biocombustíveis e marco regulatório da mineração são algumas das oportunidades elencadas pelo plano de transição ecológica em elaboração pelo Ministério da Fazenda, listou nesta segunda (10/7) o ministro Fernando Haddad (PT).
Em entrevista ao podcast O Assunto, do G1, o ministro disse que o plano pretende desburocratizar investimentos verdes e pode ser a grande marca do terceiro mandato do presidente Lula (PT).
“Eu vejo a reforma tributária, o marco fiscal e o plano de transição ecológica como o mesmo desenho de um novo Brasil”.
Segundo o ministro, a ideia é atrair capital privado, incluindo parcerias público-privadas (PPPs) e a qualificação de investimentos como net-zero – produtos que comprovadamente tenham emissões líquidas zero de carbono.
Na sexta (7/7), o ministro passou mais de duas horas no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República, apresentando “oportunidades de transição, emprego e renda para colocar o Brasil no século 21”.
O foco em uma recuperação econômica e industrial em bases sustentáveis foi uma das bandeiras de Lula na corrida presidencial.
EUA e Europa disputam novas cadeias de produção
Segue um movimento internacional. A Lei de Redução da Inflação de Joe Biden, nos Estados Unidos, em 2022, destinou centenas de bilhões para incentivar a instalação de indústrias de baixo carbono no país – um movimento que acendeu o alerta na União Europeia, que correu para lançar sua Lei da Indústria Net Zero.
Os países ricos tentam fazer frente à China, que há alguns lançou mão de pesados incentivos para alavancar a produção de insumos e tecnologias de transição, e hoje é a maior fornecedora global de painéis solares, por exemplo.
Pelo lado dos emergentes, a Índia e a Colômbia são outros exemplos de economias que estão se movendo em busca de investimentos verdes.
“Eu vi os olhos do presidente brilharem”, disse Haddad sobre a reação ao plano ecológico para o Brasil. Segundo o ministro, o que chamou a atenção de Lula foi o conjunto de oportunidades disponíveis para promover a transição, gerando “empregos de ponta”.
É um plano de cem ações a serem desdobradas em quatro anos e que serão entregues por ordem de importância, a partir de agosto.
“Vai desde o crédito de carbono, passando pela reforma tributária, que tem imposto seletivo justamente para onerar aquilo que prejudica meio ambiente e saúde pública, até a exploração de terras raras, como lítio, coisas que estão na fronteira para produzir baterias”.
Há seis meses, a Fazenda começou o mapeamento das vantagens competitivas do Brasil em relação ao resto do mundo para modernizar a infraestrutura produtiva, conta.
“Isso vale para a infraestrutura, para a geração de energia limpa, para a atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil”.
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Impacto econômico com indústria verde
O plano ainda passará por validação de Lula e de diferentes ministérios, até chegar a uma valoração de quanto será possível acrescentar ao Produto Interno Bruto (PIB), ou quantos empregos se espera gerar com o impulso à economia verde.
A maior parte do investimento será privada, assegura Haddad, ou em parcerias público-privadas (PPPs). “É uma infraestrutura jurídica e um ambiente de negócio propício ao investimento verde”.
Ele citou como exemplo o último leilão de linhas de transmissão.
“Elas estão posicionadas em lugares que vão permitir a geração de energia eólica e solar conectada ao sistema de energia brasileiro. Isso vai dar segurança aos investidores que o Brasil não colocará obstáculos ao investimento em energia verde”.
O ministro também disse que o governo prepara um road show para investidores interessados em produzir no Brasil com o selo de net zero (emissões líquidas zero de CO2).
“Quando você está acima de um determinado percentual de energia limpa, você pode certificar um produto como sendo produzido sem emissão de carbono. É um conjunto de oportunidades que pode alavancar muito a economia brasileira”.
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