Gás Natural

Excelerate faz do Brasil seu principal mercado de GNL

Empresa estreia na comercialização de gás no país, com terminal da Bahia, e traça planos de crescimento

Excelerate Energy faz a única proposta por terminal de GNL da Bahia

newsletter
gas week

EDIÇÃO APRESENTADA POR: VIRTU GNL

Editada por André Ramalho
[email protected]

Acompanhe AO VIVO o BackStage Rio Oil & Gas 2022
Ponto de encontro do mercado de energia

A agência epbr entrevista principais executivos e executivas do setor de petróleo e gás em um estúdio diretamente da maior feira e conferência da América Latina. Ampliando o alcance das discussões e levando para quem está fora do evento as pautas que fundamentam decisões no setor de petróleo e gás no Brasil.

 

PIPELINE Num momento em que a indústria de GNL desloca sua atenção para Europa, a Excelerate Energy faz do Brasil seu principal mercado.  E traça planos de novos negócios no país, incluindo GNL de pequena escala e gas-to-power.

Em cenário adverso, custo de importação de GNL pelo Brasil dispara e Europa concorre por gás. Mesmo assim, o mercado local vive corrida pelo desenvolvimento de novos terminais. E mais. Confira:

Brasil vira principal fonte de receita da Excelerate

Excelerate Energy esbarrou num cenário adverso em seus primeiros meses à frente do terminal de regaseificação da Baía de Todos os Santos (BA). A guerra da Ucrânia pressionou ainda mais os preços globais do gás natural liquefeito (GNL), retardou o desenvolvimento do mercado livre no Brasil e mudou os fluxos do gás rumo à Europa.

Mesmo assim, a companhia norte-americana se tornou este ano uma das principais fornecedoras privadas de gás no mercado brasileiro, com volumes médios de 3,8 milhões de m3/dia no primeiro semestre, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia.

E já pensa no futuro, em se posicionar em negócios como GNL de pequena escala, geração a gás e novos terminais.

A empresa aposta no amadurecimento gradual da abertura do mercado no Brasil e vê uma janela, neste fim de ano, para buscar seus primeiros contratos com as distribuidoras – a Excelerate tem contrato com a Petrobras, para arrendamento do terminal de GNL da Bahia até o fim do ano que vem e quer ir além.

A vice-presidente da Excelerate Energy para a América Latina, Gabriela Aguilar, conta que, num momento em que o mercado global de GNL volta as suas atenções para a demanda europeia, o Brasil continua no radar da empresa.

“Acreditamos que o crescimento do Brasil justifica permanecermos aqui e colaborarmos com a ideia de abertura de mercado. Lógico que há um ganho econômico, mas também conceitual [estratégico]”, afirma Aguilar.

Não à toa, já que, com o início das operações do terminal de GNL da Bahia, o Brasil se tornou o maior mercado da companhia e já responde por cerca de 80% das receitas globais em 2022. Só no primeiro semestre, o faturamento no país foi de US$ 962 milhões.

A Excelerate é, desde abril, uma empresa de capital aberto, listada em Nova York. O IPO (oferta inicial de ações) da companhia levantou US$ 416 milhões.

Aposta em “seguro” para o mercado

O GNL é, por natureza, um produto de natureza flexível. A principal aposta da Excelerate é oferecer contratos de garantia de suprimento – uma espécie de “seguro” que as empresas contratam para garantir a continuidade das operações em casos de falhas de suprimento.

Mira, assim, os novos fornecedores de gás do mercado brasileiro que ainda têm um mix de suprimento de gás em formação. Além de termelétricas.

Aguilar também aposta na demanda das distribuidoras, que devem promover no fim deste ano uma nova onda de chamadas públicas para contratação de gás. Na janela de compras do ano passado, não conseguiu fechar negócio. Mas acredita que, dessa vez, com o amadurecimento gradual do setor, o desfecho pode ser mais favorável.

“O Brasil está atravessando um processo [de abertura] absolutamente novo… Antes as empresas só compravam da Petrobras e tiveram que começar a aprender a contratar gás”.

“Os contratos de GNL são mais complexos, envolvem não só o transporte, mas também a contratação de volumes de gás, da capacidade de armazenamento e de regaseificação. O mercado leva o seu tempo até que compreenda o benefício da flexibilidade, dos contratos de garantia de suprimento”, explica Aguilar.

Acompanhe a nossa cobertura sobre os avanços do Novo Mercado de Gás: eixos.com.br/gas

Os primeiros clientes

A Excelerate entrou no mercado brasileiro em 2011, ao vencer uma concorrência da Petrobras para afretamento de um navio regaseificador (FSRU). A virada de chave, no entanto, aconteceu dez anos depois.

Em 2021, a empresa venceu a licitação da estatal brasileira para arrendamento do terminal de GNL da Bahia – um compromisso assumido pela petroleira com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

As operações começaram em dezembro. Desde então, a Excelerate deixou de ser uma mera fornecedora de FSRUs no Brasil e passou a atuar também na comercialização do gás.

O início das atividades foi turbulento. Até obter todas as licenças, a companhia chegou a ficar cerca de dois meses com seu navio parado na costa brasileira. E, em seguida, veio o  choque de preços do GNL no mercado internacional.

“A ideia era podermos ter muitos consumidores: distribuidoras, fábricas de fertilizantes, termelétricas… Nossa vida teria sido diferente se tivéssemos um GNL de US$ 6 o milhão de BTU. Seria possível suprir gás a empresas petroquímicas”, comenta.

Mesmo assim, em seus nove primeiros meses à frente da operação do ativo, a empresa conseguiu viabilizar a importação de 18 cargas de GNL. E a expectativa é superar os 20 carregamentos até o fim do ano. Entre os principais clientes está a própria Petrobras.

“Não seria possível pensar em ser supridor do Brasil sem considerar a Petrobras como cliente industrial”, comenta a executiva.

A Excelerate também possui contrato com a Transportadora Associada de Gás (TAG), para fornecimento de gás para balanceamento da rede de gasodutos do Nordeste.

Aguilar é menos otimista com o consumo de GNL pelas indústrias. Ela acredita que o mercado livre precisa, primeiro, se desenvolver com base na contratação de gás firme. Só em seguida é que esses consumidores partirão em busca do GNL, como complemento da demanda e garantia de suprimento.

Na epbr: A corrida por novos terminais de GNL Mesmo em cenário adverso, com a guerra de Putin contra a Europa, a regaseificação de GNL segue como modelo disputado no Brasil para desenvolver oferta de gás natural

Novos negócios

Com o deslocamento da demanda para a Europa, Aguilar considera “compreensível” que as empresas globais desloquem o centro de seus planos de crescimento rumo ao continente europeu. A própria Excelerate, desde o início da guerra, já fechou novos negócios na Alemanha, Albânia e Finlândia.

Ela destaca, contudo, que a companhia mantém a aposta no desenvolvimento do mercado brasileiro – que também demanda GNL como fonte de segurança energética, dado o declínio da oferta boliviana e atraso nas rotas do pré-sal.

A Excelerate tem a intenção de renovar o arrendamento do terminal da Bahia para além de 2023. Resta saber como se darão as negociações com a Petrobras, sobretudo diante da possibilidade de troca do comando da estatal num eventual novo governo.

Também mira a construção de novos terminais de GNL como oportunidades de mercado – não só na comercialização de gás e afretamento de FSRUs, mas também o desenvolvimento de um eventual terminal próprio.

“Estamos mirando inúmeras possibilidades”, diz Aguilar.

Sem detalhar os planos, a executiva afirma que a companhia também mira oportunidades nos segmentos de gas-to-power e GNL de pequena escala no Brasil. Está de olho, nesse caso, no potencial de distribuição via caminhões e cabotagem, para substituição de combustíveis mais poluentes nas indústrias e no mercado de transporte marítimo.

“Com o atual preço do GNL é mais difícil implementar e construir infraestrutura para desenvolvimento de soluções de curto prazo”, diz.

Gostou? Compartilhe no whatsapp!

O GÁS NA SEMANA

Custo de GNL dispara para o Brasil

De acordo com a Wood Mackenzie, o país gastou US$ 2,99 bilhões com a importação de GNL entre janeiro a agosto de 2022 – alta de 86,9% ante o verificado em igual período de 2021. Aumento está associado à forte pressão sobre os preços do gás este ano, diante da crise de energia na Europa. O Brasil gastou mais, mesmo importando menos volumes de GNL em 2022. Ao todo, comprou 15 milhões de m³/dia até agosto, ante os 22 milhões de m³/dia de 2021. Reuters

Alemanha encampa a Uniper

O governo alemão finalizou os termos do acordo para estatizar a maior importadora de gás do país. O objetivo é evitar que a empresa quebrasse diante do corte do fornecimento de gás da Rússia e do aumento dos preços de energia – que não podem ser repassados de maneira integral para o consumidor por decisão do governo federal.

O acordo com a Uniper inclui uma injeção de 8 bilhões de euros na empresa bancada pelo contribuinte. A Alemanha passará a deter 99% da companhia, até então controlada pela finlandesa Fortum. Valor

E libera linhas de crédito para importar GNL

Outros 2,5 bilhões de euros serão gastos para garantir o fornecimento de gás. Na corrida para substituir o combustível russo, a Alemanha reservou um total de 15 bilhões de euros em linhas de crédito — a serem desembolsadas em parcelas. A primeira, de 1,5 bilhão de euros, já quase se esgotou. Bloomberg

Justiça nega liminar contra gasoduto Subida da Serra

O juiz Diego Câmara, do TRF-1, negou o mandado de segurança movido pela ATGás (transportadores) que tenta impedir as negociações entre ANP e Arsesp sobre a reclassificação do gasoduto da Comgás. A Justiça rejeitou a principal alegação da ATGás: a de que a proposta de acordo entre as partes seria ilegal, em razão da falta de legitimidade do diretor da ANP, Fernando Moura, para negociar a alteração de uma decisão colegiada.

Vibra conclui aquisição de 50% da ZEG Biogás

Distribuidora assegurou mais duas opções de compras futuras, para aquisição de até 100% da companhia de biogás do Grupo Capitale. Pelos termos do acordo de aquisição da ZEG, anunciado em julho, a Vibra e demais sócios assumiram compromisso de investir até R$ 412 milhões no negócio, nos próximos anos, para execução de novos projetos da ZEG.