Transmissão

Transição energética vai exigir mais flexibilidade da rede de transmissão, diz CEO da Taesa

Rinaldo Pecchio defende que o planejamento passa por mais investimentos na rede, mas que com cuidado para não onerar consumidor

A transição energética vai exigir novos investimentos na rede de transmissão, mas esse planejamento precisa ser cuidadoso para não onerar o consumidor, na visão do CEO da Taesa, Rinaldo Pecchio.

Em entrevista ao estúdio eixos, no Energy Summit 2025, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (27/6), o executivo defendeu que será preciso aumentar a inteligência e flexibilidade do sistema, para lidar com os desafios da transição.

Os ajustes nos limites de intercâmbio de transmissão, pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), vão nessa direção.

“No nosso caso, a gente já tem quase 1 GW que você consegue ajudar na regulação da geração através do SEP [Sistemas Especiais de Proteção], onde é feito todo esse monitoramento. Acho que é um caminho bastante interessante que, com certeza, vai continuar sendo seguido”, afirmou Pecchio.

Ele defende que a medida deve continuar sendo adotada “sempre sob a orientação e o planejamento do ONS e dos órgãos regulatórios”.

O ONS implementará a partir de sábado (28/6) ajustes nos limites de energia entre os submercados do Sistema Interligado Nacional (SIN), a partir de ajustes no SEP – o que viabilizará o aumento dos limites de transmissão do SIN, especialmente para a transferência de energia renovável produzida no Nordeste para as demais regiões.

A medida pode favorecer a redução nos cortes de geração (curtailment)

O curtailment e as perspectivas de aumento da demanda por parte de projetos de hidrogênio verde e a disparada do interesse por data centers são alguns dos novos desafios trazidos pela transição energética.

Cuidado para não onerar o consumidor

O planejamento da transmissão passa pela adoção de novas tecnologias como os sistemas de armazenamento, mas os investimentos na rede não podem onerar excessivamente o consumidor, defendeu Pecchio.

Os próximos passos do setor elétrico devem passar por fornecer eletricidade de forma confiável e com modicidade tarifária, na visão do executivo.

“Tem uma questão relacionada com investimento em aumento de grid [rede], mas eu acho que isso a gente precisa tomar cuidado, porque também não dá para a gente pensar só em onerar o consumidor com mais investimentos”.

“A gente tem que ter uma rede mais inteligente, onde a gente consiga fazer controle sobre os fluxos que dão uma segurança para o setor e isso já está começando a acontecer”, disse.

O governo planeja o primeiro leilão de baterias de armazenamento, que pode ser positivo para acumular a geração de renováveis como a eólica e a solar.

Essas fontes têm sofrido com os cortes de geração, especialmente em usinas do Nordeste. Entre as causas para o curtailment estão desde o excesso de energia durante o pico da solar a gargalos na transmissão.

O CEO da Taesa entende que o armazenamento precisa ser estudado a fundo e regulado de forma que se torne atrativo para o setor, ao mesmo tempo que traga vantagens ao consumidor.

“É um ponto muito importante. A gente vê, pelo menos no planejamento, uma atenção crescente ao tema. Tem questões regulatórias, tem questões de fornecimento, mas eu acho que a gente vai caminhar para também conviver com bastante armazenamento no sistema. Nós mesmo estamos nos preparando para estudar, analisar o tema e tomar essas oportunidades sempre que possível”, disse.

A Taesa opera mais de 14 mil km de linhas de transmissão e 110 subestações, além de 736 km de instalações em construção.

A empresa monitora oportunidades do leilão de transmissão 4/2025, marcado para outubro.

“Dobramos de tamanho nos últimos 15 anos. O crescimento está no nosso DNA. A gente tem até por obrigação olhar e propor para os nossos acionistas aqueles casos que a gente acha que fazem sentido”, afirmou.

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