LYON (FR) e BRASÍLIA — A via negociação é fundamental para que entidades tenham convergência sobre a remuneração da infraestrutura de gás natural e, consequentemente, tenham segurança para investir no país, afirma o CEO da Shell Energy, Rodrigo Soares.
“[O caminho] é a negociação, é o diálogo, são investimentos bem elevados, você está falando de bilhões de dólares. Quando entramos em uma concessão, não estamos entrando por cinco anos, [mas] por 30 anos”, disse.
O executivo participou da gas week 2025, evento promovido pela agência eixos, na terça (8/4), em Brasília. Assista a entrevista na íntegra acima.
Durante a abertura do evento, o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), enfatizou a necessidade de reduzir os altos custos de processamento e escoamento na malha de gás, citando os sistemas integrados das Bacias de Santos e Campos. Ele também criticou as empresas de transporte.
Os ativos são operados pela Petrobras, em sociedade com Petrogal Brasil (Galp), Repsol Sinopec Brasil e a própria Shell, que compartilham participação em campos produtores.
“O governo, o IBP [Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás], as empresas e os entes privados já estão conversando, tentando, dentro das divergências, buscar a convergência”, completou Rodrigo Soares.
Em março, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou uma proposta de metodologia da remuneração máxima para os gasodutos de escoamento e unidades de processamento de São Paulo e Rio de Janeiro.
A estatal acredita ser possível uma redução dos valores cobrados pela Petrobras no acesso às infraestruturas essenciais de gás natural, para cerca de US$ 2 por milhão de BTU em um primeiro ano.
O trabalho é feito com base na Lei do Gás de 2021, que prevê o acesso negociado, mas também a atuação do órgão regulador quando houver controvérsia. Isso foi explicitado no decreto que alterou a regulação da lei, ano passado.
A Pré-sal Petróleo SA (PPSA) está negociando com a Petrobras e conta com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para mediar os conflitos.
Perspectivas para o mercado livre de gás
Nesta terça (8/4), completaram quatro anos da sanção da Lei do Gás, que precedeu um movimento de abertura para o mercado livre. Segundo Soares, as mudanças, nesse período, incluem, principalmente, o aumento da quantidade de players e clientes querendo fazer a migração.
Para este ano, o CEO previu o crescimento da competitividade na ponta devido ao aumento da oferta de gás e uma maior migração de clientes. Além disso, ele enfatizou o foco da empresa em aumentar sua participação nessa abertura.
“Quando você contacta um cliente do mercado cativo e [quer] trazê-lo para o mercado livre, é uma discussão muito interessante. Tem sempre a caracterização das montagens e o receio da migração, mas isso está evoluindo”, afirmou.
“Temos exemplos já da Suzano, CSN, Vale, são clientes grandes. Mas nosso foco não é somente a atuação em clientes grandes, mas de médio, também, e de pequeno portes. Então eu acho que sim, veio, vai ficar e só vai se desenvolver”.