RIO — A regulamentação da política brasileira de incentivo aos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) precisa ser harmonizada com as regras internacionais, para evitar uma “colha de retalhos” na regulação, defende a gerente de Carbono e Regulatório da Acelen, Patrícia Grossi.
Ao participar do diálogos da transição 2025, evento produzido pelo estúdio eixos em parceria estratégica com a Firjan, ela destacou que os investimentos da empresa em SAF no Brasil miram tanto o mercado doméstico quanto o internacional. Assista na íntegra acima.
Por isso, segundo ela, a importância de o marco infralegal do Combustível do Futuro, buscar a harmonização com o mercado global.
“A importância de a gente tentar, na medida do possível, harmonizar o que já existe lá fora, esses critérios e requisitos das regulações internacionais que já estão aí no mercado há mais tempo, com o que a gente está construindo aqui, para que a gente não tenha uma grande colcha de retalhos no mundo”, comentou Grossi.
A Acelen tem planos de produzir, anualmente, 1 bilhão de litros de SAF e diesel verde a partir de 2028.
A ideia é começar com óleo de soja e UCO (óleo de cozinha usado), já disponíveis no mercado, e, gradualmente, introduzir o óleo de macaúba como matéria-prima, conforme os projetos de florestas plantadas em terras degradadas, em Minas Gerais e na Bahia, mostrarem resultados.
Grossi cita que uma das preocupações quanto à harmonização das regras é com a questão da rastreabilidade do produto.
“Eu acredito que esses mercados que já estão um pouco mais avançados já vêm desenhando os modelos de certificação, justamente, com critérios que eles entendem que são importantes”
“E por que isso [rastreabilidade] para a gente é chave? Porque o projeto de SAF da Acelen é um projeto integrado da semente ao combustível. Então é fundamental que a gente consiga ali na ponta dizer de onde vem cada gota desse biocombustível produzido”, complementou.
Principais pontos tratados por Patrícia Grossi
- O projeto da Acelen Renováveis é integrado da semente ao combustível, focado em SAF e HVO (diesel verde).
- A primeira unidade plantará 180 mil hectares de Macaúba em pastos degradados, com 20% em parceria com pequenos e médios agricultores, promovendo transição inclusiva.
- A Macaúba é nativa, resiliente, de alta produtividade (7-10x soja) e adequada a áreas degradadas.
- Investimento inicial: US$ 3 bilhões, com meta de expandir para 1 milhão de hectares em cinco unidades.
- O Agriparque em Montes Claros será centro de pesquisa e desenvolvimento, incluindo melhoramento genético e otimização de extração de óleo.
- Integração entre conhecimento nacional e internacional e atende critérios de mercados globais de SAF, com foco em harmonização regulatória.
- Construção da cadeia de suprimento envolve coordenação entre elos, contratos de off-take e logística de baixo carbono.
- Harmonização de políticas públicas e regulamentações para maior segurança jurídica e aos investidores.
- COP30: Acelen quer mostrar que a Macaúba pode ser domesticada e que o Brasil tem um projeto de biocombustível “flagship”.