LISBOA — A descarbonização das indústrias passa não só pela mudança na matriz energética do setor produtivo, mas também pelo aumento da eficiência energética nos parques industriais, afirma o vice-presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Energia (Adene), de Portugal, Bruno Veloso.
Em entrevista ao estúdio eixos, durante a EVEx Lisboa 2025, Veloso cita que, em Portugal, indústrias que consomem mais de 500 toneladas equivalentes de petróleo assumem compromissos de aumento da eficiência – e que já há ganhos na cultura da conservação de energia no país. Assista na íntegra acima.
“Nós só mudamos os nossos comportamentos se nos tocar na carteira, se nos forem ao bolso. Se nós tivermos o estímulo da poupança, é muito mais fácil mudar os nossos comportamentos. E, portanto, numa primeira fase, a eficiência energética impôs e houve, de fato, uma melhoria naquilo que são os consumos e na intensidade energética das empresas”, comentou.
O desafio maior, segundo ele, está em desenvolver essa cultura nas pequenas e médias empresas (as PMEs).
“As grandes indústrias têm hoje preocupações com a sustentabilidade… e apostam em departamentos próprios nesta matéria da transição energética”.
“Mas se nós baixarmos um bocadinho o nível, e para aquilo que é o tecido empresarial português, particularmente composto por pequenas e médias empresas, as chamadas PMEs, vemos que essas preocupações ainda não estão completamente enraizadas e não fazem parte, muitas das vezes, do escopo de atuação das mesmas”.
Adene lança roteiro para guiar empresas
A Agência Nacional de Energia (Adene) lançou o Roteiro da Indústria: Da teoria à eficiência, com o objetivo de apoiar empresas portuguesas no processo de transição energética e descarbonização da produção.
“A ideia é criarmos uma aproximação com a indústria e ajudá-los neste processo da transição energética, aliado naturalmente à eficiência para atingir as metas de descarbonização”, afirma Veloso.
O roteiro está em implementação, com participação da Adene em sessões setoriais, mesas de debate e levantamentos junto a associações industriais.
De acordo com Veloso, a agência conduz também um “inquérito à indústria” para identificar demandas específicas.
As ações abrangem desde autoconsumo e armazenamento de energia até economia circular, eficiência hídrica e comunidades de energias renováveis.
“Queremos que a indústria olhe para nós como um parceiro que pode estar ao seu dispor, como nós costumamos dizer, de uma forma pro bono, para os ajudar neste percurso da transição, para os ajudar neste percurso da transição.”
Principais pontos da entrevista
- Adene lança o Roteiro da Indústria: Da teoria à eficiência, voltado à descarbonização e à eficiência energética.
- Objetivo é aproximar o setor produtivo da transição e apoiar pequenas e médias empresas.
- Roteiro está em prática, com mesas setoriais e pesquisa nacional junto à indústria.
- Eficiência energética é vista como eixo central da descarbonização.
- Diversificação do mix energético inclui biomassa, hidrogênio e biocombustíveis.
- Portugal busca fortalecer a cadeia produtiva local e reduzir dependência tecnológica externa.
- Transição energética deve ser justa e colaborativa, com papel ativo do setor público.