O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposto pelo Brasil na COP30 como iniciativa financeira para conservação e restauração de florestas tropicais em diversos países, está sendo recebido internacionalmente como uma iniciativa inovadora, por envolver a participação do capital privado, relata o vice-presidente da Siemens Energy para América Latina, André Clark.
Em entrevista ao estúdio eixos, na COP30, Clark destaca que a iniciativa privada precisa ser encarada como fonte de recursos para o financiamento climático; e que a atuação de organismos multilaterais e bancos de desenvolvimento será importante para atrair esse capital.
“O segundo tópico desta COP é como é que a gente financia toda essa mudança econômica que nós precisamos ter. Só governos já não têm mais dinheiro para isso tudo, por dois motivos: estão sob vasta pressão fiscal, todo mundo está, não é só o governo brasileiro. E toda a questão de adaptação. Toda vez que ocorre um cataclisma, é o Estado, o governo que entra salvando todo mundo”
Clark cita o Ecoinvest, iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que já mobilizou US$ 18 bilhões em leilões ao reduzir riscos e atrair capital privado, como uma iniciativa bem sucedida nesse sentido.
“São tecnologias em que o governo estatal entra tirando o risco de algumas coisas e atraindo dinheiros de investidores profissionais e globais do outro, com grande sucesso”, disse.
A entrevista vai ao ar no programa diálogos da transição COP30, nesta terça-feira (11/11) às 18h. Assista
Apresentado por Mariana Procópio, o programa traz os principais destaques do dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, realizada em Belém (PA). Inscreva-se no canal da agência eixos no Youtube, ative as notificações e fique por dentro de todos os conteúdos.
Principais assuntos tratados por André Clark
- Cenário global: COP30 ocorre em meio a tensões políticas e fiscais no mundo; líderes adotam cautela nos compromissos climáticos.
- Fundo de Florestas Tropicais: proposta brasileira foi bem recebida internacionalmente por combinar governança sólida e participação das empresas.
- Financiamento da transição: destaque para o Ecoinvest, iniciativa do BNDES que já mobilizou US$ 18 bilhões em leilões ao reduzir riscos e atrair capital privado.
- Participação privada: deve contribuir não só com soluções, mas com recursos financeiros, diante da limitação fiscal dos governos.
- Engajamento internacional: Clark avalia que há agentes sérios e preparados, mas também resistência e negacionismo político que dificultam o avanço climático.
- “Green is business”: Brasil adota modelo em que o crédito de carbono é ativo financeiro e o mercado será regulado pela Fazenda.