Geração termelétrica

Despacho de térmicas será necessário em 2025, afirma CEO da Eneva

Executivo defende que competitividade do leilão de reserva de capacidade pode ser rediscutida, com melhor calibragem dos mecanismos de precificação

BRASÍLIA — A contratação emergencial de usinas termelétricas por meio do regime diferenciado vai ser necessária em 2025, acredita o CEO da Eneva, Lino Cançado. Por conta do adiamento do leilão de reserva de capacidade (LRCAP), o executivo entende que o poder público precisará providenciar potência ao sistema.

Em entrevista ao estúdio eixos, durante a gas week 2025, em Brasília, o CEO lembrou os picos de carga registrados no início do ano. O consumo instantâneo de eletricidade chegou a demandar 106 gigawatts (GW). Assista a entrevista na íntegra acima.

“O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já informou ao ministério, por algumas comunicações que são públicas, de que existe, sim, risco de potência de ponta para o sistema, se não forem tomadas algumas ações com respeito para a contratação de potência despachada. A gente acha que nesse ano ele vai ser necessário”, afirmou Cançado.

O mecanismo de despacho de térmicas para o curto prazo, instruído pelo Ministério de Minas e Energia em 2024, recebeu ofertas de 12 usinas. Embora a ferramenta não tenha sido acionada ainda, o CEO da Eneva entende que deve haver necessidade para este ano.

“No segundo semestre do ano passado, houve acionamento de termelétrica praticamente todos os dias do segundo semestre, em diferentes horários dos dias, e houve acionamento nessa modalidade de atendimento de ponta. Só que usinas que eram mais econômicas não foram chamadas porque tinham um unit commitment muito longo”, disse.

Na ocasião, os empreendimentos precisariam ser acionados por pelo menos cinco dias. Nesse caso, segundo o executivo, o ONS optou por usinas mais caras, mas por poucas horas do dia.

É um cenário que poderia ser tratado com a contratação por meio do LRCAP.

Entretanto, após uma sequência de liminares o governo federal cancelou o leilão e optou por reformular o certame. As novas normas serão publicadas após consulta pública.

Um dos questionamentos judiciais ao LRCAP foi da própria Eneva, que apontava problemas no fator A, um mecanismo que calcula a flexibilidade das termelétricas.

O CEO da empresa explicou que não vê problemas na introdução do fator A, mas defendeu que competitividade do leilão pode ser rediscutida, com melhor calibragem dos mecanismos de precificação, sobretudo após a revisão do custo variável unitário (CVU) máximo dos empreendimentos.

“Por ordem liminar, o ministério teve que aumentar o valor do CVU teto. Com o fator A muito baixo, as usinas iam acabar contratando com CVUs muito altos, encarecendo muito o custo de energia. Então, esse balanço entre fator A e CVU ficou desbalanceado quando o CVU foi alterado”, afirmou.

Ministro acredita em solução via LRCAP

Também em participação na gas week, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse que o MME trabalha para que o leilão de potência ocorra ainda 2025, mas a pasta estuda medidas para atender a ponta da carga.

“Eu tenho muita confiança que não haja necessidade de contratação emergencial. Agora, se não tiver contratado totalmente do ponto de vista da conclusão do leilão, naturalmente esse parque térmico servirá e continuará sendo acionado pelo ONS”, disse.

Silveira afirmou que a decisão de adiar o leilão foi tomada para que o edital pudesse ser publicado com maior segurança jurídica.

As portarias do LRCAP foram publicadas na edição de sexta-feira (4/4) do Diário Oficial da União. A informação foi antecipada pela agência eixos.

Antes do cancelamento, a Justiça Federal do Distrito Federal havia suspendido o LRCAP na terça-feira (1º). A decisão do juiz Diego Câmara, 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do DF, ordenou que o MME fizesse uma consulta pública sobre a precificação dos lances.

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