A demanda global por petróleo e gás natural seguirá resiliente até 2040 e não há expectativas de que os países saiam da COP30 com metas mais ambiciosas de redução desse consumo de fósseis, na avaliação do vice-presidente da Rystad Energy, Raphael Faucz.
Em entrevista ao estúdio eixos, na COP30, Faucz destaca que a prioridade da conferência de Belém (PA) será implementar compromissos já assumidos e endereçar, sobretudo, os debates sobre financiamento climático e de incentivos.
“A gente não tem muita expectativa de que essas metas revisadas vão ser muito mais ambiciosas do que algo que a gente já tem. Ou seja, é muito mais a gente conseguir implementar o que já está sendo discutido do que alçar metas ainda muito mais ambiciosas em relação ao aquecimento global, infelizmente”, disse.
Segundo a Rystad, esse cenário exige continuidade dos investimentos em exploração e produção de óleo e gás. E a América do Sul assume papel estratégico no suprimento global.
“O que a gente vê hoje, com os investimentos planejados e com o que a gente tem mapeado, é que as renováveis são suficientes somente para cobrir o que vem de demanda adicional de energia daqui para frente… E o petróleo e gás acabam sendo, pelo menos nos próximos 15 anos, até 2040… algo que ainda vai ser mais difícil de redução”, complementou.
A entrevista foi ao ar no programa diálogos da transição COP30 desta terça-feira (11/11). Assista na íntegra
Apresentado por Mariana Procópio, o programa traz os principais destaques do dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, realizada em Belém (PA). Inscreva-se no canal da agência eixos no Youtube, ative as notificações e fique por dentro de todos os conteúdos.
Principais assuntos tratados pelo VP da Rystad
- COP30 marca transição de Baku para Belém, com foco em implementar o financiamento climático.
- Apesar da meta de financiamento climático de US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, a execução segue aquém do esperado, com apenas 10% a 15% efetivamente implementados.
- Fundo florestal: o TFFF premiará países que mantêm florestas tropicais; e o Brasil pode captar até US$ 500 bi por ano.
- Fundo do petróleo: proposta busca usar receitas de fósseis para financiar a transição, equilibrando a dupla posição do governo — produtor e líder climático.
- Transição energética: renováveis cobrem só o aumento da demanda, e petróleo e gás seguem essenciais até 2040.
- Brasil e Guiana são destaque na produção fora da Opep, com baixo custo e menor emissão na exploração.
- Sem expectativa de novas metas ambiciosas: prioridade é implementar compromissos já assumidos.