EVEx Lisboa 2025

Brasil leva exemplos de descarbonização e marcos regulatórios à COP30, diz Solange David, do Cigre

Iniciativas do setor privado e marcos regulatórios mostram potencial da indústria verde brasileira

Conteúdo Especial

LISBOA — O Brasil tem condições de levar à COP30 não apenas exemplos concretos de iniciativas de descarbonização, mas também marcos regulatórios relevantes em transição energética, afirma Solange David, chair do Women in Energy no Cigre International, em entrevista ao estúdio eixos, na EVEX Lisboa 2025.

“Então, eu acho que nós observamos várias boas práticas de outros mercados, de países, assim como outros países também podem observar as nossas boas práticas ou as nossas estruturas. Ainda que nós não tenhamos colocado efetivamente em prática, nós construímos soluções e construímos marcos regulatórios relevantes. Eu acho que sim, vamos levar [bons exemplos para a COP30]”, disse a executiva. Assista na íntegra

Entre as iniciativas brasileiras citadas como inspiradoras, Solange David destaca a introdução do biometano na matriz energética do setor produtivo, em especial em São Paulo, e o desenvolvimento do conceito de porto indústria.

Ambas envolvem ação do setor privado, apoiada por políticas públicas, como a desoneração do biometano no transporte pesado.

“Porque justamente deu sinais. ‘Então, indústria: você pode seguir por aqui’. E deu sinais, mais do que para a indústria, mas para o Estado agir“, destacou.

Êxito no marco das eólicas offshore

Solange David também cita o marco legal das eólicas offshore como um caso bem-sucedido no Brasil.

“Houve uma definição legal de que o desenvolvimento da atividade econômica de energia eólica offshore deverá seguir critérios e condições, observando não somente o aspecto econômico, mas principalmente o socioambiental, numa construção agregada de valor para a atividade econômica que insira o desenvolvimento local, o desenvolvimento regional nessa perspectiva de atividade econômica”, explica.

Outro caminho destacado é a construção do porto indústria voltado para a produção de produtos verdes.

“Então você agrega geração de energia elétrica, pode agregar hidrogênio e o produto final, que é um produto verde, que inclusive pode ser exportado. Eu acho um outro exemplo também maravilhoso, e alguns estados estão trabalhando nisso, justamente para tentar acelerar como é que se constrói, não somente a cadeia da indústria, mas a qualificação daqueles que vão prestar serviços”.


Principais pontos da entrevista

  • Brasil pode apresentar exemplos concretos e marcos regulatórios em transição energética na COP30.
  • Biometano em SP: Fiesp analisou rotas tecnológicas, oferta e demanda, custo e viabilidade econômica.
  • Apoio do Estado: desoneração de ICMS para uso do biometano no transporte pesado, servindo como sinal para indústria e governo
  • Porto indústria no Nordeste: integração de geração de energia elétrica, hidrogênio e produtos verdes, com foco em qualificação local da mão de obra.
  • Marco legal das geração offshore: desenvolvimento econômico alinhado ao aspecto socioambiental e regional.
  • Exemplos de hidrelétricas na Amazônia: geração de energia e relocação de comunidades de palafitas para casas com infraestrutura adequada.
  • Políticas públicas e setor privado juntos aceleram descarbonização industrial.
  • Aprendizado com boas práticas internacionais pode acelerar a transição energética.
  • Desafios regionais: sistemas isolados na Amazônia Legal exigem soluções energéticas adaptadas, como baterias e fotovoltaica.

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