MACAÉ — O leilão do gás natural da União pode colaborar com o fortalecimento da indústria, mas a construção de um ciclo virtuoso no mercado brasileiro de gás passa, necessariamente, pelo cumprimento da agenda regulatória, defende a gerente-geral de petróleo e gás na Firjan, Karine Fragoso.
Em entrevista ao estúdio eixos, na Macaé Energy 2025, Fragoso destacou que o atraso da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na regulamentação do setor, vai na contramão dos esforços do governo federal para ampliar a competitividade do gás.
“A gente vê o esforço de fazer lançamentos de programas [como o Gás para Empregar], mas não conjuga com o tratamento que a ANP está tendo e com a demora na resposta de uma agenda regulatória que é tão necessária para a construção desse mercado que a gente precisa para fortalecer a indústria, virar para um ciclo virtuoso e positivo”, disse.
Karine Fragoso citou, ainda, que o cumprimento da agenda regulatória é importante para a construção de setor baseado nas leis de mercado.
“A gente acha que [o leilão de gás da União] é uma ferramenta que pode ser utilizada, pode colaborar, mas existe, como eu falei, toda uma agenda regulatória. Nós precisamos respeitar a lógica de mercado”
“A gente entende o esforço, mas a gente precisa respeitar uma lógica de mercado. Senão a gente começa a criar problemas para nós mesmos no futuro”, comentou.
Assista também, na íntegra, à entrevista do presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, ao estúdio eixos, na Macaé Energy 2025.
Governo acena com leilão de gás para indústrias
O Ministério de Minas e Energia (MME) tem acenado, a lideranças do setor industrial, com a intenção de realizar o leilão de gás natural da União com preços competitivos.
O objetivo inicial do governo era colocar de pé o certame ainda este ano, mas o MME já admite a possibilidade de a concorrência ficar para 2026.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima ser possível que esse gás chegue à indústria abaixo dos US$ 7 o milhão de BTU;
Isso é menos da metade do preço do gás pago pelo consumidor industrial, de US$ 16 o milhão de BTU. Tudo depende, claro, se o governo terá sucesso em reduzir os custos das infraestruturas.