RIO — Angola pretende voltar a atrair investimentos em exploração de petróleo e gás e vê na experiência da Petrobras com a descoberta do pré-sal brasileiro um modelo.
Em entrevista ao estúdio eixos direto da OTC Brasil 2025, na quarta-feira (29/10), o secretário de Óleo e Gás de Angola, José Barroso, disse que o país africano também busca, no mercado brasileiro, fornecedores. Assista na íntegra acima!
“Nós também tivemos algum investimento em pré-sal, mas não com os resultados que a Petrobras tem. Portanto, nós queremos relançar a exploração e olhamos para o exemplo da Petrobras como um modelo a seguir”.
“Só se consegue baixar os custos de operação com uma base logística forte, um supply chain forte. E esta é a segunda componente que o Brasil poderá oferecer para Angola”, complementou.
O ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e atual consultor, Nelson Narciso, da NNF Energy, por sua vez, citou que o Brasil tem lições aprendidas a compartilhar sobre a política de conteúdo local.
Mais importante que definir percentuais de nacionalização é criar espaços de desenvolvimento. “O Brasil não levou em consideração sua real capacidade instalada”, comentou.
Narciso também vê o intercâmbio com Angola como uma via de mão dupla e que o Brasil tem a aprender também com a experiência do país africano com a operação de campos maduros.
“Ou seja, olhar e ver o como e o quanto nós podemos modernizar a nossa regulação para também continuarmos atraindo [investimento].
Principais pontos tratados na entrevista
- Painel Angola-Brasil: José Barroso destaca a experiência angolana de mais de 100 anos no setor petrolífero e discute cooperação com o Brasil.
- Países irmãos: Brasil foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola há 50 anos e a expertise da Petrobras foi essencial para formar quadros técnicos locais.
- Governança e investimento: Nelson Narciso destaca a evolução regulatória de Angola e o reposicionamento do setor para atrair investidores, especialmente em campos maduros.
- Exploração e suporte: Angola busca relançar a exploração e renovar reservas; Brasil pode contribuir com experiência em exploração e supply chain para reduzir custos.
- Conteúdo local: Narciso ressalta a importância de replicar as boas práticas brasileiras, focando na capacidade real instalada e no desenvolvimento de pessoal.
- Transição energética: Barroso defendeu a adoção de tecnologia limpa e processos para mitigar emissões, considerando as necessidades locais e da África.
- Nelson Narciso participará da organização da ROG 2026, com foco em inovação, diversidade e internacionalização.