Europa precisa dobrar participação de renováveis na matriz para cumprir pacto climático

Europa precisa dobrar participação de renováveis na matriz para cumprir pacto climático

A União Europeia terá que dobrar a presença de energia renovável na sua matriz energética até 2030 para ter chance de cumprir metas mais rígidas de redução de emissões e colocar a economia da região no caminho da neutralidade climática. A informação é de um documento da Agência Europeia do Ambiente (AEA), divulgado nesta segunda-feira (18).

De acordo com o documento, a eletricidade produzida por fontes renováveis deve aumentar para 70% de toda a matriz energética do bloco até o final da década e alcançar 80% da geração total até 2050 para permitir atingir as metas estipuladas pelos países do bloco.

Em dezembro os governos dos países do bloco acordaram um plano para reduzir até 2030 suas emissões em 55% em relação aos níveis verificados em 1990. O chamado Green Deal, ou Pacto Ecológico Europeu, prevê que a Europa se torne o primeiro continente a zerar as emissões de  gases do efeito de estufa (GEEs) até 2050.

Desde 2005, a energia gerada por fontes verdes na UE dobrou seu espaço na matriz energética do bloco. Hoje é responsável por 34% da produção.

A evolução das últimas décadas marca um afastamento importante dos estados membros do bloco da geração por carvão. Mas o ritmo da transição energética ainda não é suficiente para cumprir as metas de emissões estabelecidas para 2030, aponta o documento da agência ambiental europeia.

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Reduzir o consumo de combustíveis fósseis ainda permanece sendo o principal desafio da Europa. Em 2019, eles representavam 38% de toda a geração no bloco europeu, enquanto a energia proveniente de fontes renováveis representava 19,5%, meio ponto percentual abaixo da meta vinculativa de 20% estipulada pelo bloco para o ano seguinte, 2020.

Com plantas baseadas em combustão dominando o mix de energia, o setor de geração elétrica da UE é responsável por quase 25% de todas as emissões de GEEs do bloco.

Além das emissões, o setor é responsável em grande parte por outros impactos ambientais graves, como acidificação e eutrofização do solo, além da formação de ozônio ao nível do solo.

É preciso elevar o preço do carbono

A AEA afirma que a mudança na matriz é necessária para permitir que setores mais difíceis de descarbonizar reduzam suas emissões através da eletrificação. Para a agência, uma forma eficaz de tornar as fontes renováveis mais competitivas seria a elevação do preço do carbono no Sistema de Comércio de Emissões da UE (EU  ETS). Atualmente o custo da poluição no maior mercado de cap-and-trade do mundo está em € 35,42 por tonelada.

No entanto, o documento ressalta que a transição energética também tem um custo ambiental nada desprezível para ser implantada. A produção de infraestrutura para geração de energia solar fotovoltaica está entre as de maior impacto na liberação de GEEs entre as fontes renováveis ​​em toda a cadeia de valor, além provocar emissão de metais, relacionados, sobretudo, à mineração e fundição e à aplicação de cloro para a purificação do silício. Já o aumento do uso de biomassa como combustível gera um efeito negativo no solo a partir dos processos de incineração.

A solução para a redução dos impactos, segundo a AEA, está na economia circular, elevando a recuperação de materiais em fim de vida, e na adoção de tecnologias mais avançadas nos processos de produção de biomassa.

Além disso, aponta o relatório, “concentrar esforços em combustíveis de biomassa que  requerem menos terra , como biocombustíveis de terceira geração, poderia reduzir consideravelmente a alta intensidade geral de uso de terra associada às atuais cadeias de suprimento de combustível”.

Pelo lado da demanda, o documento recomenda foco em aumentar a eficiência energética e estender o tempo de vida médio de equipamentos, além da promoção da economia circular.