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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A Comissão Europeia recomendou esta semana uma redução de 90% das emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2040, em comparação com os níveis de 1990, uma proposta que precisará ser votada após as eleições deste ano.
A revisão chega na mesma semana em que o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, avisa que o mundo acaba de ter o janeiro mais quente já registrado, dando continuidade à onda de calor que marcou o ano de 2023.
E, contrariando expectativas, o bloco de países ricos e industrializados não está propondo uma meta totalmente alinhada com o objetivo do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até o fim do século, mostra uma análise do Climate Action Tracker (CAT).
De acordo com o grupo de pesquisa que monitora as ações climáticas governamentais, a ambição proposta pela comissão só estaria alinhada com 1,5˚C se acompanhada de um financiamento internacional significativamente maior.
“A nova proposta para 2040 não pressupõe uma atualização da meta de 2030, embora a COP, por três anos consecutivos, tenha instado os países a aumentarem sua ambição para 2030. Não inclui uma eliminação gradual dos combustíveis fósseis e depende fortemente da captura e armazenamento de carbono fóssil (CCS)”, diz a análise.
O CAT integra o segmento crítico às estratégias apoiadas no CCS, por acreditar que os investimentos nessa tecnologia mantêm o status quo de dependência dos combustíveis fósseis.
Globalmente, o cenário para a captura de carbono está estagnado há três anos, em aproximadamente 40 milhões de toneladas de capacidade instalada, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês). Os projetos são caros, intensivos em energia e dependem de precificação do carbono para ter viabilidade econômica.
Justiça climática?
Para os cientistas do CAT, a Europa está falhando em contribuir com sua parcela justa para a ação climática. Esta semana, após a divulgação das recomendações do Conselho, a organização manteve a classificação da UE para 2030 como “Insuficiente”, mas reduziu sua classificação de políticas e ações de “Quase suficiente” para “Insuficiente”.
Outra crítica é em relação à decisão de excluir mudança no uso da terra e silvicultura da revisão, pressupondo que esse setor permanecerá como um sumidouro líquido. Vale dizer que a Europa está atravessando uma fase crítica em relação ao agro – agricultores protestam em diversos países do bloco contra uma série de políticas, inclusive as ambientais.
Para o CAT, a UE deve aumentar sua meta de redução de emissões para pelo menos 65% até 2030, incluindo uso da terra, e 95% até 2040.
Biodiesel brasileiro nos navios
A comercializadora dinamarquesa de combustível marítimo Bunker One aposta na mistura de até 7% de biodiesel ao diesel marítimo, o B7, para descarbonização da frota de navios.
Segundo o CEO da companhia no Brasil, Flavio Ribeiro, a capacidade ociosa das plantas de biodiesel no país – que em 2023 era de 50% a 55% – poderia atender à demanda do transporte marítimo.
A Bunker One, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), encomendou um estudo que comprova a viabilidade do B7, com capacidade de reduzir 2% na emissão de gás carbônico.
A ideia, segundo o CEO, é que 100% do bunker da companhia seja B7. Leia na epbr
Clientes para o biogás
A estratégia da Raízen para o biogás de agora em diante deve envolver sinergias com as unidades de etanol de de segunda geração (2G) da empresa, além do fechamento de contratos antes do início da construção de novas plantas, indicou o CEO da companhia, Ricardo Mussa, em entrevista coletiva na tarde de sexta-feira (9/2).
A empresa segue com apetite para atuar no segmento de biogás, mas está avaliando os próximos passos desde o ano passado, e apenas deve iniciar uma nova planta se tiver “um bom contrato”.
Em busca de clientes, a companhia espera iniciar em breve a operação da segunda planta de biogás do portfólio, em Piracicaba (SP). Com capacidade para 26 milhões de m³/ano de biometano, a planta está em fase final de construção.
Cobrimos por aqui:
- Brasil deve usar G20 para cobrar transição justa de países ricos
- Financiamento de energia de baixo carbono foi 73% do fóssil em 2022
- Países africanos pedem imposto global sobre o carbono
- Mundo está a caminho de aquecer 2,8°C
Artigos da semana
– Admirável mundo novo: algumas considerações sobre o mercado de energia elétrica no Brasil Open Energy precisa evitar as mesmas falhas da abertura do mercado, analisam Alberto Büll, Enrico Romanielo e Livia Amorim
– Sol, a fonte de energia de (quase) todas as energias Radiação solar emerge como força motriz central para diversificação do panorama energético, escreve Marcelo Gauto
– Subsídios ao hidrogênio de volta à pauta Expectativa é que marco legal seja votado ainda no primeiro semestre e inclua benefícios tributários, escreve Gabriel Chiappini
– O que o seu eletrodoméstico tem a ver com a transição? Aço verde produzido com hidrogênio pode aumentar valor agregado e exportações de eletrodomésticos brasileiros, avaliam Priscila Arruda e Rodolfo Gomes
– Brasil precisa viabilizar o financiamento para o hidrogênio verde Pioneirismo do país dependerá de soluções para viabilizar economicamente projetos de grande escala, analisam Pablo Sorj e Natalia De Santis
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