Combustíveis e Bioenergia

EUA vão interromper importação de óleo, carvão e gás da Rússia

“Não vamos subsidiar a guerra de Putin”, afirma Joe Biden; Brent volta aos US$ 133

EUA vão interromper importação de óleo, carvão e gás da Rússia. Na imagem: Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em comunicado na Casa Branca (Foto: Divulgação)
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em comunicado na Casa Branca (Foto: Divulgação)

O presidente dos EUA anunciou nesta terça (8/3) que serão interrompidas todas as importações para o país de óleo, carvão e gás natural da Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia.

“Não vamos subsidiar a guerra de Putin”, disse.

Biden reconheceu que a decisão terá impacto nos consumidores domésticos e disse ter comunicado a decisão a aliados internacionais.

A especulação sobre o corte de importações russas, pelos EUA, já tinha feito os preços do barril de petróleo bater US$ 139 no mercado de curto prazo na segunda (7/3); hoje, a cotação do Brent voltou a atingir US$ 133 até o fechamento deste texto.

“Significa que o petróleo russo não será mais aceitável nos portos dos EUA e o povo americano dará outro golpe poderoso na máquina de guerra do Putin”, disse Biden a jornalistas na Casa Branca.

A Rússia, em condições normais, exporta de 4 milhões a 5 milhões de barris de petróleo/dia. Os EUA têm cerca de 8% de suas importações líquidas oriundas do país, segundo informações da Reuters.

Não foram publicados detalhes sobre os efeitos da medida. O Reino Unido já havia decidido que vai reduzir em etapas as compras de energéticos da Rússia — óleo e derivados, com o objetivo de encerrar importações até o fim de 2022.

A Alemanha, por sua vez, se opõe a restrições à importação de óleo e gás russos, “essenciais” para a “vida diária dos cidadãos” na Europa, afirmou o chanceler Olaf Scholz.

A Alemanha é um dos países da União Europeia que dependem das importações russas de gás, petróleo e carvão, e o governo está trabalhando “com seus parceiros na UE e não apenas da UE para encontrar alternativas à energia russa”, acrescentou Scholz.

“Mas isso não pode ser alcançado da noite para o dia”, reiterou.

A União Europeia lançou um plano para eliminar a dependência de suprimentos da Rússia antes de 2030, em fases.

Exportações do óleo russo

Em 2020 a Europa foi a maior consumidora das exportações do óleo bruto e condensado da Rússia (48%), particularmente a Alemanha, a Holanda e a Polônia, segundo a agência americana EIA.

Já Ásia e Oceania representaram 42% do total das exportações russas. A China foi o maior país importador, com 31%.

Cerca de 1% das exportações totais foram para os Estados Unidos.

As empresas nacionais controlam a maioria da produção de petróleo da Rússia. Segundo a agência, aproximadamente 81% de todo o petróleo bruto do país em 2020 veio das russas Rosneft, Lukoil, Surgutneftegas, Gazprom e Tatneft.

Em 2021, as importações líquidas de petróleo e derivados da Rússia, pelos EUA, totalizou em média 672 mil barris/dia, volume crescente desde 2014, quando o saldo foi de 329 mil barris/dia. Atualmente o óleo russo representa 8% do consumo americano.

Brent a US$ 100 (por enquanto) deve perdurar até o fim do ano

A EIA estima que os preços de referência do petróleo Brent devem permanecer no patamar de US$ 100 por barril no mercado spot ao longo de todo o segundo semestre de 2022.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia fez a EIA elevar em cerca de 30% os preços médios trimestrais do relatório mensal de previsões de curto prazo, o Short-Term Energy Outlook (STEO) atualizado nesta terça (8/3).

O relatório alerta que o mundo está um período mais acentuado de incertezas e volatilidade no mercado de óleo e gás.

“Os preços efetivos dependerão do grau das sanções impostas à Rússia, quaisquer possíveis sanções futuras e de como as ações empresariais independentes afetarão a produção de petróleo da Rússia ou a venda do petróleo russo no mercado global”, afirma.

A crise afeta também as projeções de crescimento global e portanto a demanda por energia, o que na visão vigente a EIA ainda dá margem para uma pequena recomposição de reservas globais a partir de abril.

O relatório estima que mesmo com a redução da oferta Russa, há espaço para crescimento dos estoques globais de petróleo à taxa média de 0,5 milhões de barris por dia do 2º trimestre deste ano até o final de 2023, o que desaceleraria a alta nos preços.

“Entretanto, se a interrupção da produção — na Rússia ou em qualquer outro lugar — for maior do que o previsto, os preços resultantes do petróleo bruto serão mais altos do que a nossa previsão”, alerta a EIA.

Alta de 30% nas previsões para o óleo

Na comparação com os relatório de fevereiro, a previsão para os preços médios do Brent em 2022 saltaram 27%, de US$ 83 para US$ 105.

O impacto maior é antevisto para o segundo trimestre, quando a previsão para o preço spot chega a US$ 116 na média do período, 33% mais do que o previsto em fevereiro (US$ 87).

No mercado americano, o efeito é o mesmo: alta de US$ 79 para US$ 101 (+27%) na cotação média do WTI spot em 2022; com US$ 112, ante US$ 84 (+34%) no segundo trimestre.