Agendas da COP

EUA lançam plano internacional para desenvolver fusão nuclear como fonte de energia; entenda

Plano envolve 35 países e se concentrará em pesquisa e desenvolvimento, cadeias de abastecimento e regulamentação

Entenda por que os EUA querem desenvolver fusão nuclear e o que isso tem a ver com a transição energética
John Kerry, enviado especial dos EUA para o Clima, discursa na COP28 (Foto: COP28/Christophe Viseux)

RIO — O enviado para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou, durante a COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes, que os EUA vão trabalhar com outros países em um plano para acelerar a implementação da fusão nuclear, como mais uma fonte de energia limpa. 

Segundo ele, a tecnologia será vital na luta contra as alterações climáticas. “Há potencial na fusão para revolucionar o nosso mundo”, disse Kerry, na última terça (5/12). 

O enviado dos EUA destacou que o plano envolve 35 países e se concentrará em pesquisa e desenvolvimento, cadeias de abastecimento e regulamentação.

“Sim, existem desafios científicos e de engenharia significativos (…) É claro que não podemos realizar esta grande ambição no ritmo que precisamos, fazendo isso sozinhos. A ciência é inerentemente internacional”, pontuou Kerry. 

O plano “Parcerias Internacionais numa Nova Era de Desenvolvimento de Energia de Fusão”, divulgado pela Casa Branca, na semana passada, destaca cinco objetivos para parcerias internacionais. 

Entre eles identificar oportunidades de cooperação ou parcerias internacionais em P&D e permitir o acesso e desenvolvimento compartilhado de infraestruturas essenciais para pesquisa. 

Outros objetivos incluem expandir o futuro mercado global da fusão nuclear, por meio da atuação de empresas privadas do setor, e compartilhar melhores práticas para formulação de regulamentações sobre o tema. 

O que é a fusão

A fusão nuclear é um processo em que dois núcleos se combinam para formar um único núcleo, mais pesado.

Quando os núcleos atômicos são fundidos, liberam grandes quantidades de energia no processo. É a mesma maneira com que o sol e as estrelas produzem energia. 

A vantagem da fusão é que ela não emite gases de efeito estufa ou outros poluentes nocivos e tem capacidade muito superior às atuais fontes de geração de energia. Além disso, diferente da energia nuclear tradicional, não gera resíduos radioativos de alto nível e de longa duração

Investimentos no setor ultrapassaram US$ 6 bi

De acordo com Associação da Indústria de Fusão (FIA, na sigla em inglês), os investimentos no setor já ultrapassaram os US$ 6 bilhões em 2023. 

“A FIA saúda a nova estratégia internacional dos Estados Unidos para a fusão porque permitirá que países com ideias semelhantes trabalhem em conjunto para acelerar a comercialização da fusão”, disse Andrew Holland, CEO da Associação. 

São mais de 40 empresas de fusão em todo o mundo, sendo cerca de 80% dos investimentos nos Estados Unidos. Treze das empresas surgiram apenas no último ano e meio.

De olho na China

Segundo Holland, os EUA precisam acompanhar o ritmo dos investimentos feitos pela China na fusão nuclear. 

“A China está aumentando rapidamente os seus esforços na fusão: é hora de os EUA reunirem os seus aliados para garantir que venceremos a corrida à energia de fusão”, destacou o executivo. 

Apesar disso, China faz parte do projeto ITER, um acordo assinado com a Euratom (representada pela Comissão Europeia), Índia, Japão, Coreia do Sul, Rússia e EUA em 2006, para desenvolvimento da tecnologia de fusão nuclear. 

Na semana passada, a União Europeia e o Japão anunciaram o início das operações do maior e mais avançado reator de fusão do mundo – o JT-60SA, localizado na província de Ibaraki, no Japão, que integra o ITER. 

A União Europeia contribui com 45% para o projeto ITER, e para o período de 2021 a 2027, destinou 5,6 bilhões de euros ao projeto.