RIO – A Autoridade de Transição do Mar do Norte (NSTA, na sigla em inglês), órgão de regulação do Reino Unido, autorizou nesta quarta (27/9) a Equinor a avançar com um investimento de US$ 3,8 bilhões no desenvolvimento do campo de Rosebank, no litoral da Escócia.
Com reservas recuperáveis estimadas em cerca de 300 milhões de barris de petróleo, Rosebank está localizado na costa de Shetland e tem recebido críticas de ambientalistas.
O anúncio ocorre dois meses depois de o governo britânico anunciar que concederia “centenas” de licenças de exploração e produção de óleo e gás no Mar do Norte. E uma semana após o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciar o adiamento, de 2030 para 2035, a entrada em vigor da proibição de vendas de novos veículos a gasolina e diesel.
As medidas marcam uma virada na política de descarbonização britânica. Na ocasião, Sunak afirmou que a intenção ao revisar o veto era ter uma “abordagem mais pragmática, proporcional e realista que alivia os encargos das famílias” frente à redução das emissões.
Desenvolvimento de Rosebank
Rosebank está localizado em lâmina d´água de 1.100 metros e é operado pela norueguesa Equinor (com 80% de participação), em parceria com a britânica Ithaca Energy (20%).
A primeira etapa do desenvolvimento do projeto recebeu a aprovação da NSTA nesta quarta, com previsão de entrada em operação entre 2026 e 2027.
O plano inclui o uso de um FPSO [plataforma flutuante] reutilizado – o Petrojarl Knarr, afretado pela Altera num contrato de nove anos, renovável para até 25 anos de duração.
O petróleo produzido em Rosebank será descarregado por meio de navios-tanque até as refinarias, enquanto o gás natural vai ser injetado no sistema de gasodutos escocês.
Hoje, a Equinor fornece 29% de todo o gás natural e 15% do petróleo consumido no Reino Unido.
Equinor cita segurança energética para justificar projeto
Ativistas e políticos locais defenderam que o projeto não fosse aprovado, por entenderem que o investimento em petróleo vai na direção contrária aos compromissos do Reino Unido com a transição energética.
A meta britânica é cortar as emissões de carbono em 68% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Para 2035, a ambição é uma redução de 77% nas emissões.
Segundo a Equinor, o projeto de Rosebank está em linha com o Acordo de Transição do Mar do Norte, assinado entre o governo britânico e a indústria offshore. O compromisso reconhece que a demanda por petróleo vai seguir, mesmo que reduzida, e que, portanto, é necessário atender esse consumo com o mínimo de emissões possível.
Entre as iniciativas para reduzir o impacto do projeto, a Equinor informou que trabalha com o governo e a indústria local numa solução para eletrificar a plataforma. A ideia é levar a energia elétrica da costa aos campos de petróleo localizados na região onde Rosebank vai ser desenvolvido.
O vice-presidente sênior de Upstream da Equinor no Reino Unido, Arne Gürtner, indicou que a decisão de investir no projeto está ligada à segurança de suprimento no país.
“Sabemos que o mundo precisa de uma transição para sistemas de energia novos, mais limpos, e os nossos investimentos como um todo no Reino Unido apoiam isso. Enquanto fazemos isso, existe uma contínua necessidade de petróleo e gás, que atualmente respondem por 76% da necessidade energética britânica”, argumentou a empresa, em nota.
A Equinor também alega que tem o compromisso de investir 2 libras em energias renováveis, captura e armazenamento de carbono e hidrogênio no Reino Unido, para cada libra destinada a projetos de petróleo e gás.
Ao anunciar a decisão final de investimento do campo de Rosebank, a companhia citou ainda os benefícios do projeto para a economia local: de acordo com as consultorias WoodMackenzie e Voar Energy, o projeto vai demandar investimentos de 8,1 bilhões de libras ao longo da vida útil, dos quais 78% devem ser direcionados para negócios locais. Além disso, a previsão é de criação de 1.600 empregos durante a fase de construção.