Energia

EPE vai apresentar estudo ao MME para novas hidrelétricas flexíveis 

Sem expansão, participação da principal fonte de energia do país se aproxima de 40% nesta década 

Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vai apresentar estudo a Minas e Energia para novas hidrelétricas flexíveis. Na imagem: PCH Ludesa (30MW), da CPFL Renováveis, localizada junto ao rio Chapecó, no oeste de Santa Catarina (Foto: Divulgação Terra Ambiental)
PCH Ludesa (30MW), da CPFL Renováveis, localizada junto ao rio Chapecó, no oeste de Santa Catarina (Foto: Divulgação Terra Ambiental)

RIO – A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está trabalhando em um roadmap sobre os requisitos técnicos e regulatórios para o desenvolvimento de novos projetos de hidrelétricas flexíveis.

Segundo o presidente da estatal, Thiago Prado, o estudo deve ser apresentado ao Ministério de Minas e Energia (MME) ainda no primeiro semestre do ano.

“Não tem leilão, não tem desenho de mercado, então não tem projeto. Só que não tem projeto porque não tem desenho de mercado”, disse Prado durante o evento Agenda Setorial no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (13/3).

Hidrelétricas flexíveis são usinas com níveis de águas diferentes, o que permite um maior controle da vazão e da energia gerada.

O executivo lembrou que o Brasil tem tido dificuldade de ampliar a capacidade hidrelétrica nos últimos anos devido às questões sociais e ambientais associadas ao desenvolvimento de grandes barragens.

“Ao mesmo tempo em que louvamos ter as hidrelétricas pela flexibilidade, pela possibilidade ,de atender a uma rampa [de demanda], pela carga de resposta rápida, também não temos conseguido agregar essa capacidade”, afirmou.

Para ele, as hidrelétricas flexíveis tendem a ter menos contestação social e jurídica do que as grandes hidrelétricas.

“Pode ser um campo novo avançar nas hidrelétricas flexíveis, principalmente aquelas de ciclo fechado, em que se consegue fazer uma escolha de reservatório superior e inferior e também gerenciar o uso da água. O debate com a outorga vai existir, mas é menos ampliado”, apontou.

A participação total da fonte hidrelétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve cair de 49,6% em março de 2024 para 42,7% em dezembro de 2028, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentados no evento.

Nesse mesmo período, deve haver avanço sobretudo da micro e minigeração solar, que deve crescer de 12,5% para 16,7%, e da solar fotovoltaica centralizada, com aumento 5,5% para 8,2%.

O presidente da EPE lembrou ainda que as hidrelétricas flexíveis podem ter uma vida útil de mais longo prazo em relação a outras energias renováveis, que demandam soluções para descarte mais rapidamente.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ricardo Tili, lembrou ainda que o preço-horário da energia elétrica tende a favorecer esse tipo de empreendimento.

“A pauta das usinas hidrelétricas flexíveis tem muito espaço para discutir, para melhorar. É uma pauta importante, que tem que ser trabalhada pela agência e pelo mercado nos próximos anos”, disse.