RIO — A Petrobras iniciou, no litoral do Rio Grande do Norte, os testes de uma nova tecnologia de medição de ventos, desenvolvida pela empresa num projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com o Senai.
Os testes ocorrem num momento em que a companhia promete aprofundar os estudos e avaliação de oportunidades em eólica offshore.
Uma das etapas necessárias para o desenvolvimento de projetos do tipo é a realização de Estudo de Potencial Energético Offshore — que demanda, por sua vez, a realização de campanhas de medição de ventos.
Tecnologia é uma alternativa de menor custo
A Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore (Bravo) é fruto de um investimento total de R$ 9 milhões.
O projeto foi desenvolvido com recursos do programa de P&D do setor de energia elétrica da Aneel, em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis do Rio Grande do Norte e o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados de Santa Catarina.
A boia tem cerca de 2,5 metros de diâmetro e 3,5 metros de altura e é alimentada por módulos fotovoltaicos e aerogeradores para que possa operar em regiões remotas, independentemente de fontes externas de energia.
A medição por boia é uma das alternativas adotadas atualmente, no mundo, às torres fixas de medição — que possuem maior custo de instalação. A Petrobras estima que o uso da Bravo possa reduzir em 40% o custo em relação à contratação da tecnologia no exterior.
Ao final do projeto, em 2023, a Petrobras espera ter desenvolvido um equipamento para medição de recurso eólico offshore validado de acordo com os critérios de aceitação internacional — o que qualificará o Senai para a prestação de serviços de medição do recurso eólico offshore.
Como a Petrobras mira a eólica offshore
A petroleira estuda alternativas que permitam à empresa definir um segundo motor de geração de caixa para o futuro.
No plano estratégico 2023-2027, divulgado pela companhia em novembro, a Petrobras anunciou que avalia oportunidades em hidrogênio, eólica offshore e captura de carbono.
O diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves, disse, contudo, que, antes de anunciar o investimento num projeto no setor eólico offshore, é preciso encontrar a sustentabilidade financeira do negócio.
“Um projeto que tire nota dez em sustentabilidade climática, mas que não tenha sustentabilidade financeira, ele está fadado ao fracasso. Então, nós temos que encontrar projetos que tenham dupla resiliência”, afirmou, na ocasião da divulgação do plano.
Transição de governo quer mais da Petrobras
A direção que a Petrobras tomou nos últimos anos tem sido investir na produção de petróleo, com destaque para campos de alta rentabilidade do pré-sal, sem diluir capital e esforços com energias renováveis.
Esse posicionamento gerou críticas de que a companhia não estaria diversificando o portfólio de suprimento de energia, como suas concorrentes internacionais.
Equinor, Shell e TotalEnergies, por exemplo, mantêm os planos no óleo e gás, mas já demonstraram interesse também em eólicas offshore no Brasil, por exemplo. Juntas, elas somam 40 GW em projetos na costa brasileira.
O professor Maurício Tolmasquim, que atuou como coordenador do grupo de trabalho de Minas e Energia, na equipe de transição, defendeu, na semana passada, que a Petrobras precisa se reposicionar, diante da transição energética.
Segundo ele, a Petrobras “pode fazer mais” para se ajustar à nova realidade do mercado.
“O óleo e gás será por muito tempo ainda o core business da Petrobras. O que o governo novo está defendendo é que ela olhe mais para novas possibilidades, como eólicas offshore, hidrogênio verde, biorrefinarias”, comentou.