A Petrobras e WEG anunciaram um acordo nesta quarta-feira (13/9) para o desenvolvimento de um aerogerador onshore com capacidade de 7 MW. Será a maior turbina eólica fabricada no Brasil.
A petroleira investirá R$ 130 milhões no projeto, que já está em andamento. A WEG prevê que o equipamento poderá ser produzido em série a partir de 2025.
O acordo prevê o desenvolvimento de tecnologias para a fabricação dos componentes do aerogerador e construção e testes de um protótipo, com contrapartidas técnicas e comerciais para a Petrobras.
O aporte da Petrobras será feito em 25 meses contados a partir da assinatura do acordo. A WEG prevê que a produção em série deste equipamento será realizada a partir de 2025.
Schmelzer afirmou que a parceria com a Petrobras é um passo importante em toda a jornada que a WEG vem trilhando em aerogeradores, iniciada em 2011.
Maior turbina do Brasil
Com 7MW, a turbina eólica será a maior fabricada no Brasil. O aerogerador terá 220 metros de altura do solo até a ponta da pá e 1.830 toneladas de peso.
Sobre a capacidade do aerogerador, o presidente executivo da WEG, Harry Schmelzer Jr., afirmou que essa é a maior potência que se justifica para o onshore, mas que no offshore o padrão é diferente.
No offshore, a escala das turbinas é bem maior. A maior turbina eólica offshore do mundo, por exemplo, entrou em operação na China, de acordo com anúncio feito pela Mingyang Smart Energy, em junho. A turbina MySE 16-260 tem capacidade de geração de 16 MW, e conta com um rotor de 260 metros de diâmetro. Está instalada no parque Mingyang Yangjiang Qingzhou 4, no Mar do Sul da China.
Schmelzer Jr disse que o acordo atual com a Petrobras prevê apenas o desenvolvimento em terra, mas que a empresa tem interesse em continuar a parceria também no offshore quando a estatal começar a investir nos empreendimentos eólicos marítimos.
Eólica offshore
O acordo é parte inicial dos planos da Petrobras de investir em eólica offshore, de forma integrada com suas operações de óleo e gás e também para a produção de hidrogênio, a exemplo do que estão fazendo outras petroleiras ao redor do mundo.
- MAPA INTERATIVO: os projetos de energia eólica offshore do Brasil
A companhia espera ampliar seu conhecimento da tecnologia envolvida na geração eólica para aplicação posterior no offshore.
“À medida que a Petrobras acumula experiência e conhecimento na produção de aerogeradores de alta capacidade em terra, pavimenta o caminho para o desenvolvimento de aerogeradores de maior porte, que serão utilizados nos projetos de geração offshore. Nessa jornada, a transição para a energia eólica offshore oferece oportunidades para explorar o vasto potencial eólico no litoral do país”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em comunicado distribuído pela empresa.
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“Esse projeto é um degrau crucial em direção ao desenvolvimento de uma nova geração de equipamentos de energia eólica offshore, que têm grande potencial de expansão no litoral brasileiro. A experiência que ganharemos com o desenvolvimento desses aerogeradores nos ajudará a explorar mais as oportunidades dos nossos recursos eólicos, contribuindo para a diversificação de nossa matriz energética e a redução de nossa pegada de carbono”, disse o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos José Travassos.
“Por meio desta parceria com a Petrobras, estamos unindo experiências, recursos e conhecimentos para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento nacional de aerogeradores, reforçando o compromisso da WEG com a geração de energia renovável e desenvolvimento de tecnologia nacional de ponta”, explicou o diretor superintendente de Energia da WEG, João Paulo Gualberto da Silva.,
Parceria com Equinor
Em março deste ano, a Petrobras e a Equinor assinaram uma carta de intenções para ampliar a cooperação entre as empresas na avaliação de projetos conjuntos de geração eólica offshore na costa brasileira. Ao todo, as companhias avaliarão a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos que somam até 14,5 GW de potência instalada.
O acordo amplia o escopo de uma parceria firmada entre Petrobras e Equinor em 2018 e que, inicialmente, contemplava apenas dois parques eólicos: Aracatu I e II, ambos localizados na fronteira litorânea entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.
O novo acordo prevê, agora, a avaliação da viabilidade de parques eólicos de Mangará (na costa do Piauí); Ibitucatu (costa do Ceará); Colibri (fronteira litorânea entre o Rio Grande do Norte e Ceará), além de Atobá e Ibituassu (ambos na costa do Rio Grande do Sul). O prazo de vigência da parceria vai até 2028.
MME articula aprovação do marco legal
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), defendeu terça-feira (12/9) a aprovação do projeto de lei 576/2021, que trata da geração eólica offshore, e disse que pretende discutir as mudanças infralegais do setor na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), marcada para 7 de dezembro.
Silveira disse que está articulando no Congresso Nacional a aprovação do marco legal e que, na reunião do CNPE, vai lançar um mapa de ações para melhorar o arcabouço regulatório infralegal existente.
“Tenho atuado diretamente na articulação do Congresso Nacional para avançarmos, enfim, nas tratativas para a inscrição de um marco legal para as eólicas offshore”, disse Silveira durante o evento Brazil Windpower, em São Paulo.
Gargalo de fornecimento
A cadeia de fornecedores de eólica offshore terá dificuldades de atender ao crescimento acelerado da demanda mundial nos próximos anos e isso pode impactar o Brasil quando o país começar a tirar as primeiras unidades do papel, dizem especialistas do setor ouvidos pela agência epbr.
Segundo eles, é importante que o país comece a dar os sinais de demanda por mão-de-obra e equipamentos para evitar ficar para trás na corrida por acesso aos componentes nessa indústria.
A Wood Mackenzie estima uma necessidade de US$ 27 bilhões em investimentos até 2026 na cadeia global de suprimentos eólicos offshore para atender a demanda dessa indústria ao fim da década atual.
O número tem como base uma expansão anual global de 30 gigawatts na capacidade instalada eólica offshore até 2030. Caso a expansão seja maior e chegue a 80 GW anuais, a consultoria estima que a cadeia de suprimentos necessite de mais de US$ 100 bilhões em investimentos.