SÃO PAULO – As boas condições de vento em áreas de águas rasas que já têm plataformas de petróleo instaladas favorecem os projetos de eólicas offshore no Nordeste, segundo o gerente de geração renovável da Petrobras, Daniel Faro.
A companhia anunciou na semana passada a entrada com pedidos de licenciamento ambiental no Ibama para dez projetos, sendo sete no Nordeste, dois no Sudeste e um no Sul. A estatal vai iniciar estudos de condições de vento em seis dessas áreas em até um ano.
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Faro ressaltou que as áreas foram selecionadas para estudos e que a competição de fato entre os projetos vai ocorrer apenas depois que houver um leilão. Segundo ele, a companhia considerou na seleção dos locais para os projetos a sinergia com os ativos existentes da estatal, para facilitar o início das medições e reduzir custos.
Desse modo, afirma, as plataformas em águas rasas no Nordeste que estão previstas para serem descomissionadas nos próximos anos favorecem a região no desenvolvimento dessa indústria.
“Essa região tem campos maduros que vão parar de produzir nos próximos anos. Estamos usando essas plataformas para fazer a medição dos ventos”, disse em participação no Congresso Ecoenergy, em São Paulo, nesta quinta-feira (21/9).
O executivo ressalta que a fundação fixa das eólicas offshore é viável se instalada em regiões de até 50 metros de profundidade.
“Consideramos que os projetos mais competitivos são aqueles em águas bem rasas”, disse.
Sudeste tem restrições
Outros pontos levados em consideração na seleção dos projetos foram eventuais restrições, como o tráfego de embarcações e a existência de áreas de preservação ambiental na costa.
No caso do Sudeste, um fator que pesou contra os projetos foi o fato de a maioria das plataformas instaladas em águas rasas estarem acima do limite de 50 metros de lâmina d’água.
Além disso, no estado do Rio de Janeiro, as plataformas da Petrobras instaladas em regiões com algumas das melhores condições de vento estão próximas à Região dos Lagos, o que poderia gerar conflitos com o fluxo de embarcações e atividades turísticas.
Um dos projetos protocolados pela Petrobras para a costa fluminense é o primeiro anunciado no Brasil com o uso de torres flutuantes. “A vantagem é que esse projeto está no caminho do pré-sal, então é possível buscar uma sinergia de conexão e descarbonização”, disse o gerente da Petrobras.
Parte da indústria tem apostado no início do desenvolvimento das eólicas offshore pela costa fluminense, devido à proximidade com a cadeia fornecedora do setor de petróleo e gás, que tem atividades em comum com as eólicas offshore. Segundo Faro, a companhia considera que está bem posicionada em relação às eólicas offshore no estado do Rio, com os projetos protocolados no Ibama até o momento.
“O potencial no Sudeste está concentrado numa região menor. No Nordeste, a região é maior, há mais áreas a serem prospectadas”, afirmou.