Diálogos da Transição

Eólica tem melhor ano em 2023, mas ainda longe da meta de triplicar capacidade

China, Estados Unidos, Brasil, Alemanha e Índia foram os cinco países que mais instalaram eólicas no ano passado

Eólica tem melhor ano em 2023, mas ainda longe da meta de triplicar capacidade (Foto: Janusz Walczak/Pixabay)
Em 2023, mundo adicionou 106 GW de capacidade eólica onshore (Foto: Janusz Walczak/Pixabay)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA PORLogos Petrobras e Governo Federal

Editada por Nayara Machado
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As instalações eólicas globais tiveram seu melhor ano em 2023, com recorde de 106 GW de adições onshore e o segundo maior volume instalado offshore (11 GW). Mas mesmo após superar a marca de 1 TW global, e com previsão de chegar a 2 TW antes de 2030, a capacidade ainda ficará aquém da meta estabelecida para a década – se seguir o ritmo atual.

A avaliação é do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, em inglês). Relatório publicado nesta terça (16/4) aponta que a indústria vem sendo testada pelo ambiente econômico, com pressões inflacionárias, alto custo de capital e fragilidades na cadeia de suprimentos.

A visão do setor é que não dá para esperar esses problemas passarem. O GWEC faz um apelo a líderes políticos e da indústria para que adotem ações urgentes para superar os desafios e avançar com as instalações – dado que os efeitos das mudanças climáticas já estão causando prejuízos bilionários.

“Uma colaboração global aprimorada é essencial para promover ambientes de negócios propícios e cadeias de suprimentos eficientes necessárias para acelerar o crescimento da energia eólica e renovável em consonância com uma trajetória de 1,5°C”, defende Ben Backwell, CEO da GWEC.

Nos últimos cinco anos, os investimentos em renováveis superaram outras fontes no setor elétrico, alcançando cerca de US$ 700 bilhões. No entanto, o investimento global em geração, redes e armazenamento precisa saltar para algo em torno de US$ 2 trilhões por ano para alcançar a meta de triplicar renováveis.

Horizonte turbulento

Ainda tentando se recuperar dos impactos econômicos da pandemia de Covid-19, a indústria de energia eólica avista um horizonte de incertezas.

“Estima-se que 2 bilhões de pessoas irão às urnas em eleições presidenciais, legislativas ou parlamentares em mais de 60 países ao redor do mundo em 2024. Isso sem mencionar o aumento das disparidades de riqueza entre o Norte e o Sul Global, exacerbadas pelo aumento da inflação e do custo de capital, a perspectiva de barreiras comerciais mais altas e cadeias de abastecimento fragmentadas, além do discurso público tumultuado sobre a transição”, destaca o relatório.

Citando as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) para um crescimento econômico “resiliente, mas lento”, o GWEC expressa preocupação com a capacidade de o setor avançar com projetos no ritmo necessário.

Outros desafios incluem inovação acelerada, que tem impactado a lucratividade e aumentado os riscos de qualidade; a propagação de desinformação sobre mudanças climáticas e energias renováveis; robótica, IA e automação introduzindo mais perturbações no planejamento de mão de obra e força de trabalho; e a lacuna na digitalização entre os países que impacta a capacidade de operar redes inteligentes e modernas.

Top 5

China, Estados Unidos, Brasil, Alemanha e Índia foram os cinco países que mais instalaram eólicas no ano passado, nesta ordem.

Quase 65% de toda nova capacidade comissionada veio da China (75 GW). A expansão chinesa sustentou um ano de crescimento recorde para a região da Ásia-Pacífico, 106% a.a.

Na América Latina, que também experimentou um crescimento recorde em 2023, de 21% a.a, o Brasil liderou em novas instalações, com 4,8 GW.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Tratado de alto mar

União Europeia e os governos de 13 países instaram as nações nesta terça-feira (16/4) a priorizar a ratificação de um tratado da ONU para proteger os oceanos do mundo da pesca excessiva e de outras atividades humanas.

UE e os governos da Bélgica, Bermudas, Chile, Costa Rica, República Dominicana, França, Alemanha, Grécia, Coreia do Sul, Nigéria, Palau, Filipinas e Seicheles comprometeram-se buscar as 60 ratificações necessárias para que o tratado de “Alto Mar” entre em vigor na conferência sobre oceanos realizada em Atenas esta semana.

Boeing amplia consumo de SAF

A Boeing anunciou nesta terça (16/4) a compra de 35,6 milhões de litros querosene com blend de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) para suas operações comerciais nos Estados Unidos em 2024.

É a maior compra anual de SAF da empresa, cerca de 60% acima da compra realizada em 2023. Segundo a fabricante de aeronaves, a iniciativa visa reduzir as emissões de carbono e ajudar a aumentar o fornecimento do produto renovável globalmente.

100% biodiesel

A Biopower, produtora de biodiesel da JBS, iniciou a operação do primeiro ponto de abastecimento de 100% do biocombustível (B100) do Brasil. A companhia tem autorização da ANP para oferecer B100 para abastecer a frota de caminhões da JBS.O bioponto localizado no complexo industrial de Lins (SP) tem duas bombas dedicadas, com capacidade de oferecer 30 mil litros de combustível por mês.

Fim dos descartáveis

Pesquisa global da Ipsos com mais de 24 mil pessoas em 32 países, mostra que 85% dos entrevistados apoiam a proibição dos plásticos descartáveis, que representam mais de 70% da poluição dos oceanos. O consumidor brasileiro acompanha a tendência global. Aqui, também 85% dos entrevistados acreditam que é importante que as regras globais exijam que a produção mundial de plástico seja reduzida.