Diálogos da Transição

Eólica offshore deve atrair US$ 1 tri na próxima década

Até 2030, expectativa é que 24 países tenham parques eólicos offshore de grande escala, acima dos nove atuais; capacidade total deverá atingir 330 GW

Eólica offshore deve atrair US$ 1 tri em investimentos na próxima década. Na imagem: Aerogeradores para energia eólica offshore em mar azul escuro com céu azul claro (Foto: Andrew Martin/Pixabay)
Até 2030, a produção de energia em alto mar deverá atrair a mesma quantidade de capital que as eólicas em terra (Foto: Andrew Martin/Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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Análise da consultoria Wood Mackenzie (WoodMac) projeta quase US$ 1 trilhão em investimentos para a indústria eólica offshore na próxima década. Até 2030, a expectativa é que 24 países tenham parques eólicos offshore de grande escala, acima dos nove atuais.

A capacidade total deverá atingir 330 GW, acima dos 34 GW em 2020. Até 2030, a produção de energia em alto mar deverá atrair a mesma quantidade de capital que as eólicas em terra.

“A energia eólica offshore está prestes a se tornar uma das principais tecnologias que impulsionam a descarbonização da economia global. A tecnologia é comprovada e os investidores confiam nela”, dizem os analistas da WoodMac.

Os custos, que já caíram 50% entre 2015 e 2020, devem cair ainda mais segundo a consultoria, que vê a tecnologia se tornando cada vez mais competitiva.

O primeiro contrato para um projeto eólico offshore totalmente sem subsídios foi assinado em dezembro passado na Dinamarca.

“Não se trata apenas de custo; é também sobre a localização”: A alternativa vem ganhando espaço  — e políticas específicas — para geração de energia renovável em larga escala em países europeus, por exemplo, onde falta área para construção de grandes projetos, ou há pouca irradiação solar.

Em terra, as eólicas incomodam. Há algum tempo, há reclamações de populações afetadas pela interferência das torres em outras atividades, como a agropecuária e o turismo — sentimento que pode mudar com a necessidade de maior independência na geração local de energia, no pós-guerra.

No Mar do Norte, um consórcio com cerca de 50 empresas e organizações, entre elas Equinor, Ørsted, Boskalis, está desenvolvendo um projeto para produção de hidrogênio alimentado por 10 GW de energia eólica offshore, no projeto AquaVentus.

O consórcio planeja instalar, até 2025, duas turbinas eólicas de 14 MW, cada uma com uma planta de eletrolisador em sua plataforma de fundação.

produção de hidrogênio desponta, inclusive, como um catalisador para esses investimentos, à medida que a Europa busca outras tecnologias renováveis ​​para reduzir sua dependência do gás e do carvão russos.

Quatro fatores de competitividade Até o momento, o caminho para o mercado tem sido por meio de licitações governamentais, leilões de arrendamento ou uma combinação dos dois, onde vence quem tem o menor preço e prova capacidade de entregar a energia.

Mas isso tende a mudar. Na análise, a WoodMac aponta quatro novos critérios que determinarão quem ganha e quem perde na eólica offshore:

  • Conteúdo local: Dos quatro, é o que já está em muitas licitações. A estimativa é que quase 80% da capacidade conectada entre 2021 e 2031 será influenciada pelo o valor que um projeto pode trazer para uma economia local, regional ou nacional — mais que o dobro da parcela atual.

  • Integração de sistemas: A combinação de projetos eólicos offshore com outras tecnologias de descarbonização, como a combinação com hidrogênio ou armazenamento de energia, será mais importante em mercados com alta participação de recursos renováveis, necessidade de fornecimento confiável e governos mais comprometidos com metas líquidas zero.

  • Mitigação ecológica: O uso otimizado do mar — quantos gigawatts-hora (GWh) o projeto pode produzir dentro da área especificada — está levando os desenvolvedores a usar turbinas maiores para permitir maiores MW por quilômetro quadrado. No entanto, o aumento de MW/km² também pode ter um impacto negativo nos fatores de capacidade.

  • Sustentabilidade: Está apenas começando a entrar em licitações Considera as emissões do ciclo de vida e a reciclabilidade dos projetos. Embora seja uma das renováveis ​​de emissão de CO₂ mais baixas por KWh, ainda há espaço para reduzir a intensidade das emissões, como a aquisição de aço verde, redução do comprimento das cadeias de fornecimento e aquisição de peças produzidas em países com eletricidade mais limpa.

  • E o Brasil?

    Por aqui a expectativa é pelos primeiros leilões de áreas para instalação de eólicas offshore. Enquanto o Congresso Nacional debate um marco legal para o setor, setores do governo acreditam que é possível concluir a regulamentação do decreto publicado este ano e lançar as primeiras concorrências.

    Mas quando ainda é um desafio. Por enquanto, a ambição é contratar as primeiras áreas este ano. Mas pode ficar para 2023. A contratação da energia e a integração com o SIN ficam para depois; o primeiro passo é viabilizar a autoprodução para alimentar projetos industriais e de hidrogênio associados aos parques marítimos.

    Cobrimos por aqui:

    Caso tenha perdido…

    O enviado especial dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry, disse nesta quinta (2/6) que a emergência climática não é uma questão de ideologia política e que o mundo está em um curso destrutivo da biodiversidade.

    Ele falou durante a abertura da Estocolmo+50, reunião convocada pela ONU para celebrar os cinquenta anos da conferência Estocolmo e discutir a urgência das políticas de proteção do clima.

    “As 20 principais economias do mundo desenvolvido equivalem a 80% de todas as emissões. A realidade é que a ciência está nos dizendo muito claramente o que temos que fazer. Esta não é uma questão de ideologia política, é uma questão de matemática e física”.

    Kerry também criticou políticas ambientais que contrariam a ciência.

    No mesmo encontro, ativistas ambientais cobraram o início das ações prometidas pelos chefes de Estado durante a COP26 e a entrega dos US$ 100 bilhões para o combate às mudanças climáticas em países em desenvolvimento.

    Mulheres e tecnologia

    Em entrevista à agência epbrVeronica Turner, líder para a América Latina de soluções de segurança da Honeywell, conta que grandes empresas em setores tradicionalmente dominados por homens — como energia, óleo e gás e tecnologia — estão passando por mudanças nas estruturas organizacionais, mas “talvez não na extensão e na velocidade que queremos ver”.

    “Para uma empresa que está sempre investindo em novas tecnologias, é importante investir para reter e promover as mulheres nas áreas que implantamos”.

    A executiva lista alguns passos para ampliar a diversidade e reter novos talentos, como treinamentos, mentorias e planos de carreira.

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