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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Com quase 3.000 terawatts-hora (TWh) de eletricidade produzida, eólica e solar foram responsáveis por 10,5% da geração global em 2021, segundo a BloombergNEF (BNEF).
A contribuição da energia eólica para o total global subiu para 6,8%, enquanto a solar subiu para 3,7%. Há uma década, essas duas tecnologias combinadas representavam bem menos de 1% da produção total de eletricidade.
Um passo para frente, outro para trás
Ao todo, 39% de toda a energia produzida globalmente em 2021 era livre de carbono. Os projetos hidrelétricos e nucleares atenderam a pouco mais de um quarto das necessidades mundiais de eletricidade.
Mas a produção abaixo do esperado das usinas hidrelétricas e os preços mais altos do gás natural também ajudaram a colocar a energia a carvão de volta aos holofotes.
A produção de usinas de carvão estabeleceu recordes saltando 8,5% de 2020-2021 (aumento de 750 TWh em base líquida), para 9.600 TWh. Mais de 85% dessa geração veio de 10 países, com China, Índia e EUA sozinhos respondendo por 72%.
O relatório Power Transition Trends observa que, apesar das adições de renováveis — desde 2017, a energia eólica e solar representam a maior parte da nova capacidade de geração adicionada às redes globais — há um enorme trabalho pela frente até o sistema de energia incorporar seu papel nas mudanças climáticas.
Isso porque a tendência é que a demanda por energia siga em alta, colocando novas pressões sobre a infraestrutura existente, além do desafio de levar energia firme e barata a toda a população mundial.
Enquanto isso, os países continuaram a concluir as construções de novas usinas de carvão em 2021, e o fóssil ainda representa a maior parcela da capacidade global, com 27%, diz o relatório.
“Foi um ano de altos e altos, pelas melhores e piores razões”, comenta Ethan Zindler, chefe das Américas da BNEF.
“As energias renováveis cresceram muito rápido, mas o retorno do carvão e o fato de que os países — incluindo aqueles que se comprometeram a atingir emissões líquidas zero — continuam construindo carvão é realmente desconcertante”.
Um — pequeno — ponto positivo é que a velocidade com que o novo carvão está sendo adicionado à rede está diminuindo.
Cerca de 13 gigawatts de nova capacidade a carvão foram concluídos em 2021, abaixo dos 31 gigawatts em 2020 e 83 gigawatts em 2012.
No entanto, o resultado foi um aumento proporcional de 7% nas emissões globais de CO₂ do setor de energia em 2021 em comparação com 2020. As emissões do setor de energia estabeleceram um novo recorde de 13.600 mega toneladas de CO₂, estima a BNEF.
Mais caras e poluentes e menos eficientes
No Brasil, próximo leilão de energia pode aumentar usinas a carvão, alerta o Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
Marcado para esta sexta (14/10), o leilão de energia nova A-5 prevê que os projetos termelétricos a biogás e a carvão mineral nacional deixem de disputar diretamente com outros combustíveis.
Para o Iema, isso pode favorecer usinas a carvão, mais caras e poluentes e menos eficientes.
“Em 2020, 12 termelétricas brasileiras emitiram 55% dos gases de efeito estufa (GEE) de todas as termelétricas conectadas ao SIN. Oito delas têm o carvão mineral como combustível”, diz a organização.
US$ 1 bi para transição em emergentes
Na semana passada, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, anunciou um acordo de empréstimo para o Clean Technology Fund (CTF) — um fundo fiduciário multilateral para ajudar países emergentes em sua transição para tecnologias de baixo carbono.
O empréstimo de US$ 950 milhões é parte da promessa de Joe Biden de fornecer US$ 11 bilhões em financiamento climático para esses mercados. E vão apoiar a transição do carvão.
Serão financiados projetos de bancos multilaterais de desenvolvimento com prioridade nos planos apresentados pelos governos da África do Sul, Indonésia, Índia e Filipinas, começando em outubro de 2022.
Cobrimos por aqui:
- Brasil insuficiente na COP27 e as propostas de Marina para Lula
- Governo Bolsonaro fiscalizou 2% dos alertas de desmatamento
- STF julga sete ações ambientais contra governo
- O plano de carbonização da economia brasileira em cinco pontos
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Para a agenda
10 e 11/10 — O Hydrogen Americas Summit 2022 reunirá autoridades, investidores e grandes players globais em Washington, DC. Única empresa brasileira com estande no evento, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém apresentará o Green Hydrogen HUB para o mercado internacional. Informações no link.
10 e 11/10 — SHV Energy e Supergasbras promovem o Segundo Seminário de Gases Combustíveis Renováveis no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro de forma híbrida. O encontro vai abordar desafios e oportunidades em biocombustíveis gasosos liquefeitos, iniciativas de mercado, P&D e financiamento. Informações e inscrições no link.
18, 19 e 20/10 — A 13ª edição do Brazil WindPower, maior evento da América Latina do setor eólico, reúne em São Paulo as principais autoridades em energia eólica para discutir os próximos passos da transição energética e as futuras perspectivas e tendências do setor. Inscrições e programação neste link.
3 e 4/11 — Após dois anos no formato virtual, a edição de 2022 do Zero Summit vai ocorrer presencialmente discutindo ideias e ações para um futuro com zero emissões de carbono. Com painéis sobre Energia, Cidades, Inteligentes, Agronegócio, Mobilidade, Amazônia e Resíduos, o Zero Summit 2022 acontece na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. Os interessados poderão acompanhar o evento online ou presencial. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site do evento.