Biocombustíveis

Engie confirma interesse em polo de hidrogênio do Ceará

Engie e EDP planejam produzir hidrogênio verde no Ceará. Na imagem: Cais do Porto do Pecém – CIPP, com algumas embarcações atracadas; o mar está verde e o céu azul (Foto: Governo do Ceará)
Cais do Porto do Pecém (Foto: Governo do Ceará)

A Engie assinou com o governo do Ceará um memorando de entendimento para estudar o investimento na produção de hidrogênio verde no Porto de Pecém, que desenvolve em parceria com o estado um hub de projetos, com foco na exportação do combustível.

Os termos foram formalizados nesta sexta (15), em cerimônia com o governador Camilo Santana (PT).

Com a assinatura dos termos, antecipados pela epbr em julho, a Engie entra na disputa pelo futuro mercado de hidrogênio verde produzido no Brasil, ao lado de dezenas de companhias de diversos setores, como energia, mineração e petroquímica, que estão estão buscando espaço nos portos nacionais.

“O foco principal do projeto da francesa Engie é a produção em grande escala e a exportação do combustível do futuro. No entanto, a empresa também está avaliando o uso em mobilidade pesada, na indústria do aço, produção de químicos e mistura para as redes de transporte de gases”, informou o governo de Ceará, em nota.

Em Pecém, a empresa pretende começar com 100 MW a 150 MW de capacidade instalada de eletrólise, em até cinco anos. A meta global é chegar em 2030 com 4 GW de capacidade.

“Certamente esse é o primeiro passo de uma grande parceria com o Estado do Ceará. Na nossa visão, o hidrogênio é um vetor estratégico para a descarbonização, pois permite uma melhor integração das energias renováveis, além de ajudar a reduzir as emissões em setores difíceis de atingirem suas metas”, diz o vice-presidente executivo de Desenvolvimento de Negócios Globais da Engie Green Hydrogen, Raphael Barreau.

Os portos brasileiros têm atraídos projetos de hidrogênio verde (todos ainda no papel) por uma combinação de fatores, em especial a facilidade para exportar e suprir os mercados futuros de países ricos, especialmente na Europa.

No caso do Ceará, por exemplo, já existe um acordo comercial com o Porto de Roterdã, na Holanda, país que também atrai projetos de hidrogênio verde.

A produção do combustível no Brasil, que para ser verde precisa ser produzido por fontes renováveis, se beneficia do baixo custo de geração de solar e eólica e do potencial de construção de parques de grande escala – tem tudo a ver com as eólicas offshore, por exemplo.

É o caso do Porto do Açu, complexo portuário da Prumo, no Rio de Janeiro, que iniciou o licenciamento ambiental de parques eólicos offshore com 2.160 MW de capacidade instalada, e pretende atrair um ou mais sócios para desenvolver os quatro parques Ventos do Açu.

O Açu já fechou um memorando de investimento com a mineradora australiana Fortescue para instalação de uma usina de amônia verde, a partir de hidrogênio, 100% voltada para exportação. E espera atrair outros projetos do tipo.

Os usos ainda são incertos. Há desde uma demanda promissora por indústrias, transporte pesado, células a combustível, até mesmo para distribuição de hidrogênio na rede de dutos atualmente dedicada ao gás natural.

Há estudos tanto na Europa quanto no próprio Ceará, pela Cegás, para o uso combinado de gás natural e hidrogênio.