Eneva vê potencial de 18 milhões de m³/dia de gás com substituição de óleo

Camila Schoti é gerente-geral de Comercialização da Eneva
Camila Schoti é gerente-geral de Comercialização da Eneva

A substituição do consumo de diesel e óleo combustível representa um potencial para o gás natural da ordem de 18 milhões de m³ por dia nas áreas de operação da Eneva.

“Quer dizer que a gente consegue converter esses 18 milhões? Não, mas é um potencial enorme”, afirma a gerente geral de Comercialização da Eneva, Camila Schoti.

Camila participou nesta terça (25) da gas week 2021, evento da agência epbr que reúne executivos e executivas do setor de gás. Veja a programação completa.

A empresa, que nasceu da integração do gás com a geração de energia termoelétrica no Maranhão, está expandindo as operações em busca de soluções logísticas e mercado consumidor para o energético.

“Tem muito espaço para contribuir tanto com a interiorização do gás, quanto para trazer competitividade e reduzir o consumo desses combustíveis mais poluentes”, afirma.

A executiva cita que nos estados do Amazonas, Pará, Roraima e Maranhão, apenas no consumo industrial, o potencial é da ordem de 4 milhões de m³/dia; na geração de energia, há aproximadamente 2 milhões de m3/dia.

“E tem um grande nicho – esse sim que ainda precisa ser destravado – que é o segmento de transporte. Cerca de 10 milhões de m³ por dia para transporte de carga”, diz.

Pequena escala antecipa criação de novos mercados

Recentemente, a Eneva começou a produzir gás no campo de Azulão, na Bacia do Amazonas. É o primeiro ativo, não apenas da empresa, a entrar em operação na região.

O projeto é baseado no transporte em pequena escala de GNL: o gás será liquefeito no campo e transportado por caminhões até Boa Vista no estado vizinho de Roraima.

A Bacia do Amazonas está isolada da rede de gasodutos de transporte; e Roraima, do grid de energia, sendo o último estado do país inteiramente dependente da geração local.

A combinação desses fatores viabilizou a contratação da térmica Jaguatirica II, a mil km de distância do campo de Azulão.

“A gente tem confiança que isso é replicável para o interior do país”, diz Camila.

Além da indústria e geração de energia, inclusive de autoprodutores, a executiva cita a possibilidade de atender com pequena escala a revenda varejista de GLP e GNC.

“É uma forma que a gente encontrou de não depender necessariamente do avanço daquela regulação para gasodutos de transporte. O gás já existe, a tecnologia para fazer o transporte e a expertise já existem. E os clientes estão aí”, afirma.

No Maranhão, a empresa opera o complexo do Parnaíba e, no Amazonas, fez a melhor oferta pela compra do Polo Urucu, no Solimões.

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Sai o produtor, entra o consumidor

Camila aponta o que considera uma mudança no mercado de gás natural no Brasil, que ganhou mais um elemento a partir da aprovação da Lei do Gás.

Para ela, a redução da participação da Petrobras no setor está deslocando o foco do produtor do energético para o consumidor.

“Para além de ter um grande player abrindo espaço, não me lembro de um momento como o atual, em que o cliente final estivesse tão no centro dos negócios. O cliente hoje faz parte desse processo de ancorar investimentos”, detalhou.

Camila participou na manhã desta terça (25) do painel Investimentos em projeto de gás natural onshore no país, no segundo dia da gas week 2021, promovida pela epbr.

O painel ainda contou com a participação de Ricardo Savini, presidente da 3R Petroleum, e Renata Isfer, sócia da Petres Energia, com moderação de Fernanda Delgado, da FGV Energia.

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Edição por Gustavo Gaudarde ([email protected])