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De olho em leilões, Eneva compra termelétricas do BTG e lança oferta de ações

Ativos no ES e MA somam 862 MW de capacidade instalada e operam a gás natural e óleo

Eneva propõe fusão com a Vibra e espera acelerar a interiorização e as vendas de gás natural. Na imagem: Planta da Eneva com dois trabalhadores (homens da cor branca), fotografados de costas conversando, com uniformes cinza e capacetes de proteção brancos (Foto: Divulgação)
Trabalhadores em planta da Eneva (Foto: Divulgação)

RIO – A Eneva anunciou nesta terça-feira (16/7) um acordo vinculante com o BTG Pactual, no valor de R$ 2,9 bilhões, para comprar um conjunto de seis termelétricas no Espírito Santo e Maranhão, num total de 862 MW de capacidade instalada – além de novos projetos, de olho nos novos leilões de geração.

Em paralelo, a companhia contratou bancos para coordenar uma oferta subsequente de ações (follow on) de até R$ 4,2 bilhões, para fortalecer sua capacidade de expansão.

A empresa justifica que as aquisições representam uma “oportunidade importante de geração de valor para a companhia”, com sinergias, ganhos de eficiência e potencial de crescimento.

A Eneva cita, nesse caso, a possibilidade de recontratação de 148 MW de capacidade de usinas a gás cujos contratos regulados se encerram no fim de 2025 e que estão conectadas à malha de gasodutos da TAG – e, portanto, podem ser abastecidas pelo terminal de regaseificação da companhia em Sergipe.

Ainda segundo a Eneva, a transação aumenta em 3,3 GW a carteira de projetos em desenvolvimento, de olho em novos leilões de geração. São projetos no Amapá (UTE Rio Matapi), Maranhão (UTE Geramar III) e Espírito Santo.

A companhia mira oportunidades no próximo leilão de reserva de capacidade, previsto para 2024.

“A aquisição coloca a gente com mais força ainda para participar do leilão de maneira bem competitiva”, disse o o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes, nesta terça, ao participar de teleconferência com analistas e investidores, para comentar a transação.

O que a Eneva está comprando

Ao todo, a empresa espera incorporar até o fim do ano ao seu portfólio participações em seis térmicas que operam a gás natural e óleo e que possuem contratos com diferentes prazos de vencimento – de 2024 a 2041.

Segundo a companhia, são ativos operacionais, contratados em leilões de geração com receita fixa e um “fluxo de caixa robusto e concentrado no curto prazo, no período mais intensivo de gastos de capital da Eneva”.

São eles:

  • 100% da Tevisa, que controla a UTE Viana (174,6 MW), a óleo, e a UTE Viana I (37,5 MW), a gás natural, ambas localizadas em Viana (ES);
  • 100% da Povoação, detentora da UTE Povoação I (75 MW), que opera a gás em Linhares (ES);
  • 50% da Gera Maranhão, que detém a UTE Geramar I e UTE Geramar II, ambas a diesel e localizadas em Miranda do Norte (MA), com capacidade total de 332 MW;
  • e 100% da Linhares Geração, que opera a UTE Luiz Oscar Rodrigues de Melo (240 MW), a gás, também em Linhares (ES).

Termelétricas da Eneva que operam a gás natural e óleo, contratadas em leilões de geração

A Eneva, aliás, já havia assinado recentemente contrato para fornecimento de gás à UTE Luiz Oscar Rodrigues de Melo – contratada no 1º Leilão de Reserva de Capacidade, em dezembro de 2021. Foi o primeiro acordo de venda de gás flexível de longo prazo assinado pela Eneva com um cliente termelétrico, a partir do Hub de Sergipe.

Térmicas são conversíveis para gás

O CEO da Eneva, Lino Cançado, comentou que as usinas a óleo adquiridas são passíveis de conversão para gás
natural. E cita que os ativos estão próximos de fontes de acesso à molécula.

No caso da Gera Maranhão, as usinas estão localizadas no mesmo estado onde a companhia detém suas reservas, na Bacia do Parnaíba – e onde a empresa estrutura um projeto de um terminal de regaseificação em São Luís. Já as térmicas da Tevisa, no Espírito Santo, estão próximas da malha da TAG.

Sem confirmar se as usinas serão de fato convertidas, o executivo afirmou que, se esse portfólio tem chance de ser convertido, a oportunidade é maior dentro da plataforma da Eneva.

As transações também seguem diferentes modelos. No caso da Tevisa e Povoação, a Eneva irá emitir ações em favor do BTG, no valor de R$ 1,765 bilhão.

Já as aquisições da Linhares Geração e de 50% da Gera Maranhão, no valor de R$ 1,141 bilhão, será com caixa próprio – a ser reforçado com o follow-on.

O montante inclui parcelas contingentes, relacionadas a antecipações de contratos de reserva de capacidade e à potencial recontratação da UTE Luiz Oscar Rodrigues de Melo no próximo leilão de reserva.

No caso da compra da participação de 50% que o BTG tem na Gera Maranhão, os demais acionistas da Gera (um deles a Servtec) possuem direito de tag along – direito de acionistas minoritários de receber uma oferta de compra em caso de venda do controle de uma empresa.

Oferta de ações abre espaço para expansão

A Eneva também engajou o BTG como coordenador líder – além do Itaú BBA e Bradesco BBI como coordenadores – para estruturar um follow-on – com valor base de R$ 3,2 bilhões, mas que pode chegar a R$ 4,2 bilhões.

A empresa espera, assim, reduzir sua alavancagem e abrir “espaço no balanço para aproveitamento de oportunidades de geração de valor”.

Segundo a companhia, os recursos a serem captados serão utilizados para acelerar a implementação do plano de negócios e sua estratégia de longo prazo.

Isso inclui, além das oportunidades de fusões e aquisições: a estruturação de projetos greenfield e brownfield em leilões de geração; investimentos para acelerar as campanhas exploratórias nas bacias do Parnaíba e do Amazonas e para desenvolver a Bacia do Paraná; investimentos no mercado de gás não conectado à malha (off-grid).