A Trina Tracker, subsidiária da chinesa Trina Solar, anunciou nesta terça (29/8) a instalação de uma fábrica de rastreadores solares em Salvador, Bahia. O equipamento é utilizado para aumentar a geração de energia dos painéis fotovoltaicos, acompanhando a movimentação do sol durante o dia.
O Brasil é o segundo país a receber uma fábrica da Trina fora da China. A companhia também conta com uma unidade fabril na Espanha.
A nova fábrica na Bahia deve entrar em operação ainda no último trimestre deste ano. Inicialmente, ela terá capacidade para produzir 2,5 GW em rastreadores, mas que poderá ser ampliada a partir de aumento da demanda.
Com isso, a capacidade de produção de rastreadores da companhia terá um incremento de 33%, passando de 7,5 para 10 GW por ano.
Hub para a América Latina
“A Bahia é um bom hub. É um bom ponto logístico e, também, um local de acesso onde está sendo desenvolvida a maioria dos projetos de larga escala no Brasil (…) Vemos muito interesse também no mercado de geração distribuída para implantação de rastreadores”, disse Alvaro García-Maltrás, vice-presidente para a América Latina da Trina Solar, em entrevista à agência epbr.
Outro fator é que Salvador conta com um porto e rodovias, que facilitam o escoamento da produção. Além de atender ao mercado local, a unidade brasileira poderá fornecer rastreadores para outros países da América Latina.
Segundo o executivo, os projetos solares na região demandam uma entrega de curto prazo, o que dificultava o atendimento dos clientes via fábrica na China.
Financiamento estatal
“Acreditamos que isso nos permitirá estar mais próximos dos nossos clientes locais, prestar um serviço melhor e mais rápido, e também ser elegível para fornecer nossos produtos para projetos financiados localmente pelo BNDES ou pelo BNB. Como você sabe, eles têm alguns requisitos de conteúdo local e podemos atendê-los por esses meios”, disse.
No início da segunda quinzena de agosto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a Trina Tracker Brasil como fornecedora credenciada, etapa que antecede a habilitação para que os seus produtos e equipamentos possam ser adquiridos por meio de linhas de crédito e programas do banco estatal, como o Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame).
A expectativa da companhia é que no primeiro ano as vendas de rastreadores no mercado brasileiro dobrem em relação ao volume estimado para encerrar 2023, que é de aproximadamente 1 GW.
Fábrica de painéis depende de incentivo
Segundo a presidente global da companhia, Helena Li, também há interesse na instalação de uma fábrica de painéis solares, mas isso dependeria de políticas públicas que incentivassem a cadeia de fornecimento para a indústria.
“Se construirmos uma fábrica aqui, o custo da cadeia de abastecimento será definitivamente maior que na China. A menos que a autoridade governamental tenha a intenção de aumentar a cadeia de fornecimento de manufatura aqui localmente” disse a executiva em entrevista à agência epbr.
“Se em um determinado momento pudermos fornecer um bom apoio à cadeia de abastecimento, e também, da mesma forma, o governo estiver a estudar como fazer crescer a energia solar como uma indústria local, estaremos definitivamente interessados, como um dos primeiros players em vir aqui e construir uma fábrica”, completa.