Energia

TotalEnergies tem novo comando no Brasil

Raffinerie des Flandres Total (Foto: Zylberman Laurent/Total)
Raffinerie des Flandres Total (Foto: Zylberman Laurent/Total)

Charles Fernandes assume a partir de dezembro o comando das operações da TotalEnergies no Brasil, substituindo Philippe Blanchard, que comanda a empresa desde 2018 e vai assumir a direção da TotalEnergies Suriname. 

Charles é brasileiro e está na TotalEnergies desde 2004. Comandava a área de de exploração e produção de gás natural na Holanda. 

“Charles Fernandes terá pela frente importantes marcos, como o início da campanha de exploração do bloco C-M-541, o desenvolvimento da área sudoeste do campo de Lapa e contribuirá, com a operadora e os parceiros, na entrada em operação das quatro plataformas de Mero, previstas para até 2025”, afirma a empresa, em nota à imprensa.

A TotalEnergies é, de acordo com dados da ANP, a quinta maior produtora de petróleo e gás do país. No mês de setembro, a produção da empresa ficou em 51,9 mil barris por dia de petróleo e 1,7 milhão de m3/dia de gás natural.

Reposicionamento para transição

Em maio, a empresa aprovou a mudança de identidade visual e de nome para TotalEnergies para se transformar em uma empresa ampla de suprimento de energia, além da tradicional exploração de óleo e gás.

A transição está no centro da estratégia. Apostar em energias significará disputar os mercados de eletricidade, hidrogênio, biomassa, solar e eólica, mantendo ainda investimentos em óleo e gás em seu portfólio de projetos.

Depois de ter a licença para campanha exploratória na margem equatorial, a TotalEnergies desistiu do projeto e passou sua participação para a Petrobras, que acabou operadora dos cinco blocos na região.  A decisão ocorreu em meio a um reposicionamento global da empresa, que anunciou investimentos em biorrefino e planos de descarbonização de suas atividades.

As diretrizes para atingir a neutralidade de emissões foram resumidas no relatório Getting to Net Zero.

Um dos projetos prevê aporte de 500 milhões de euros para converter uma refinaria na França em biorrefinaria até 2024.

A unidade produzirá biocombustível de aviação, diesel renovável e nafta renovável a partir de gordura animal e óleos vegetais, no lugar do fóssil. A planta deixará de refinar petróleo no primeiro trimestre de 2021, e até o fim de 2023 os estoques deverão ser encerrados.

Depois,, a Total decidiu deixar o API (American Petroleum Institute) a partir de 2021, “após uma análise detalhada das posições climáticas” da associação de petroleiras, com sede nos EUA. O API é um dos principais grupos de lobby do setor petrolífero no mundo.

Hidrogênio no Ceará

A TotalEnergies negocia a assinatura de um memorando de entendimento com o governo do Ceará para produção de hidrogênio Verde (H2V) no futuro Hub de Hidrogênio no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Diversos memorandos do tipo vem sendo assinados com empresas de diferentes setores. A TotalEnergies é uma das principais produtoras de petróleo e gás de capital aberto do mundo, com planos de ampliação do portfólio na área de renováveis

É preciso financiar a transição, diz Pouyanné

Recentemente, Patrick Pouyanné participou de um encontro da Citi sobre ESG, justamente em um painel sobre a necessidade de antecipar planos de descarbonização, de 2050 para 2030.

Defendeu, entre outros, um ponto-chave para uma empresa como a TotalEnergies: será preciso financiar a transição.

“Se eu quiser mudar para a TotalEnergies, preciso de algum apoio dos investidores, incluindo o custo da minha dívida. Se minha dívida está aumentando porque as pessoas vão considerar que eu tenho 70% do meu portfólio fóssil, e então eu não sou bom, isso não será positivo para me empurrar na direção certa”, disse.