A Shell fechou memorando de entendimentos com a YPFB, estatal boliviana para área de energia, para compra de 4 milhões de m³/dia de gás natural até 2022 e 10 milhões de m³/dia de gás natural a partir daí. A empresa pretende utilizar o gás para ampliar sua posição como fornecedora do energético no país.
O acordo foi sacramentado em um evento no hangar presidencial do aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz, com a presença do presidente da Bolívia, Evo Morales. “É uma importante parceria com a Shell não apenas para vender gás, mas para ser parceira em futuros projetos termelétricos e uma grande atividade comercial”, afirmou.
A Shell estima que memorando pode ser um primeiro passo desenvolver mercado no país com o gás boliviano. ““A Shell Brasil está ciente de uma oportunidade de importação de gás boliviano à medida que o gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) amplia sua capacidade disponível nos próximos anos”, afirma a empresa em nota.
O governo Evo Morales tem se movido para colocar o gás natural produzido por lá aqui no Brasil, sobretudo com a redução da demanda por parte da Petrobras, que tem seu contrato para importação de gás a partir do Gasbol vencendo em 31 de dezembro de 2019. O contrato se refere a uma capacidade de 18,08 milhões de m³/dia de gás natural.
Entenda os primeiros passos da abertura do mercado do gás
A ANP divulgou em setembro chamada pública para contratação da capacidade de transporte no Gasbol. O cronograma prevê manifestações de interesse e entrega de propostas entre abril e julho do próximo ano. O resultado final deve sair em julho.
Um dia antes do acordo com a Shell, a MSGÁS fechou os termos de um acordo com a YPFB para o fornecimento de 1,2 milhão de m³/dia, com capacidade de ampliação para 2,5 milhões de m³/dias, por 25 anos, a partir do ano de 2025, para a Termofronteira.
De acordo com o diretor-presidente da MSGÁS, Rudel Trindade, a assinatura dos termos representa a garantia do fornecimento de diferentes fontes de energia para Mato Grosso do Sul.
“A presença do presidente Evo Morales por si já mostra o forte elo que temos com a Bolívia e a importância do nosso mercado para eles. Essa boa relação deve-se ao trabalho do Governo nos últimos quatro anos, que pretende executar outros projetos estratégicos com a Bolívia”, explanou.
O governo Evo Morales também está olhando a chamada pública que as distribuidoras de gás natural da região centro-sul – MSGÁS, SCGÁS, SUL, Compagás e Gás Brasiliano – estão tocando. As empresas prorrogaram para 31 de janeiro o prazo para o envio de propostas. A alteração tem como objetivo alinhar a iniciativa com a chamada para contratação da capacidade de transporte do Gasbol.
O acordo entre a YPFB e a MSGÁS também estabeleceu um marco legal para a empresa boliviana participar da chamada pública. “Eles consideram muito o mercado brasileiro e tem todo interesse em participar dessa Chamada Pública, que trata de um consumo de volume gigantesco, de 10 milhões m3/ dia de gás natural”, finalizou.