O presidente do Ibama, Eduardo Fortunado Bim, disse considerar uma operação de transferência de óleo em alto mar entre duas embarcações (operação ship to ship) como a hipótese mais provável para a causa do vazamento de óleo que já atinge 167 localidades em 72 municípios dos nove estados do Nordeste. Para Bim, o vazamento é um incidente inédito, com tipologia totalmente diferente no derramamento ordinário de óleo, o que dificulta o trabalho de monitoramento e mitigação dos danos no litoral.
“Embora a gente não esteja descartando nenhuma causa da origem desse óleo, eu acho que o ship to ship ainda é o mais provável, mas a gente tem que investigar e não está descartando nenhuma causa”, disse Bim durante audiência pública no Senado nesta quinta-feira, 17.
Segundo ele, a hipótese de descarte proposital de óleo em alto mar, que seria sugerido a partir de barris encontrados em praias, é mais improvável, mas não está descartada.
Na quarta, um barril fechado foi encontrado em Tabatinga, na costa do Rio Grande do Norte, perto de Natal. Porém, a Marinha informou em nota que “os dados disponíveis até o momento não permitem concluir se o episódio tem relação com outros tambores encontrados no litoral de Sergipe (que também tinham o logo da Shell) ou com o óleo que tem se espalhado pelas praias do Nordeste“.
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Bim, que participou de audiência pública convidado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, afirmou que o Ibama não está sonegando informações, mas trabalha com cautela “para evitar problemas diplomáticos”. Ele confirmou que o óleo tem DNA venezuelano, mas evitou responsabilizar o país vizinho pelo desastre.
“Este óleo é venezuelano. O DNA é venezuelano. É uma certeza, é uma afirmação, não uma especulação”, disse Bim. “Significa que a Venezuela é responsável? Não, isso é outra questão”.
Segundo o presidente do Ibama, atualmente há um cenário de estabilização para o alcance do desastre. Mas as características do óleo encontrado no litoral dificultam o combate ao vazamento e mesmo que o óleo seja rastreado. Técnicas de contenção usuais, como o uso de boias de contenção, não têm a mesma eficiência neste caso em que o óleo não estão na superfície do mar. Para ele, saber de antemão onde as manchas vão aparecer não é tão simples quanto parece e o Ibama tem apostado na limpeza rápida das praias como a melhor forma de atuação.
“Esse óleo só aparece quando quebra a onda na praia. Esse cenário é inédito e não rastreável ainda”, disse. “O óleo não é superficial e ele já está há um tempo no mar. A gente não conseguiu identificar essas manchas em cima do oceano ainda”.
O vazamento no litoral do Nordeste está no foco de parlamentares da região. Nesta semana, o senador Jaques Wagner (PT/BA) pediu que o governo crie uma força-tarefa para combater o óleo nas praias.
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