Petrobras foi a empresa que mais pegou empréstimos no BNDES: R$ 90 bilhões, nos últimos 15 anos

Petrobras foi a empresa que mais pegou empréstimos no BNDES: R$ 90 bilhões, nos últimos 15 anos. Na imagem: Foto tirada à noite de edifício-sede da Petrobras (Edise), na avenida Chile, no Rio de Janeiro, com iluminação na cor rosa
Fachada do edifício-sede da Petrobras (Edise), na avenida Chile, no centro do Rio de Janeiro

A Petrobras é a maior tomadora de recursos do BNDES com montante de R$ 90,9 bilhões levantados nos últimos 15 anos, sendo a maior parte dos recursos – R$ 62 bilhões – levantados pela holding. Os dados fazem parte de um TOP 50 divulgado nesta sexta-feira pelo banco de fomento e não incluem operações do Cartão BNDES, com pessoas físicas e debêntures.

O movimento faz parte de um promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de “abrir a caixa preta do BNDES”. Todos os dados, contudo, já estavam disponíveis no site do banco.

Entre os projetos financiados pela holding com o banco está a instalação da fábrica de fertilizantes nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas, com financiamento de R$ 2,2 bilhões anunciado em dezembro de 2012. A Petrobras está retomando agora o projeto de vender a unidade para o conglomerado russo Acron Group, que deve vai investir R$ 5 bilhões e pagar R$ 3,2 bilhões à Petrobras pelas obras executadas, além dos R$ 40 milhões a 178 fornecedores.

O banco de fomento também financiou a construção dos gasodutos Cabiúnas (RJ) –Vitória (ES), integrante do Projeto Sudeste-Nordeste (Gasene), e Urucu-Coari-Manaus, na Amazônia. Os projetos demandaram R$ 1,6 bilhão e foram anunciados em dezembro de 2005.

A Petrobras aparece na lista outras vezes, além da holing. A Transportadora Associação de Gás (TAG), que a operação de venda do controle foi liberada esta semana pelo STJ, aparece no sexta no TOP 50 com valor contratado de R$ 13 bilhões. O site Money Times mostrou ontem que as ações da Petrobras (PETR4) podem ter um acréscimo entre R$ 1,75 e R$ 1,96 com a venda de 90% da TAG (Transportadora Associada de Gás), avaliou a XP Investimentos em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (17).

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A infraestrutura de transporte atual da TAG dispõe de uma capacidade de movimentação de cerca de 74 milhões m3/dia, com uma malha de gasodutos com extensão total aproximada de 4.505 km, 10 instalações de compressão de gás, sendo 6 próprias e 4 alugadas, e 91 pontos de entrega, estando presente em 10 estados brasileiros nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte.

A Petrobras negocia com a Engie a compra da TAG. A empresa francesa já admite também estar olhando a aquisição de distribuidoras de gás natural, contou nesta sexta-feira Maurício Bähr, ao Valor Econômico.

Em 11o lugar no ranking aparece a Petrobras Holanda com R$ 9,8 bihões levantados. A estatal usa a empresa para contratar suas plataformas de produção e poder aplicar o benefício do Repetro na construção das unidades. A Petrobras utilizou por anos o financiamento de projetos de plataformas de produção por meio da linha de exportação pós-embarque do BNDES, que financia a comercialização de bens e serviços brasileiros no exterior.

Mesmo quando a unidade de produção é construída no Brasil, ao término da obra é feita a transferência do ativo a partir de uma exportação ficta e depois a Petrobras Holding afreta da Petrobras Holanda a unidade de produção, remunerando a matriz a partir da entrada em operação do projeto.

O banco liberou recursos para as obras das plataformas P-51, P-52, P-54, entre outros projetos de produção da Petrobras.

Em 32o lugar da lista aparece a Transpetro, braço logístico da Petrobras, com recursos levantados da ordem de R$ 5,4 bilhões. A estatal foi por mais de uma década comandada por Sérgio Machado, ex-senador tucano que no governo Lula migrou para o MDB. Machado é um dos delatores da Lava Jato e devolveu para a estatal R$ 56 milhões em meados de 2017.

O ex-presidente da Transpetro foi responsável pela criação do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), que contratou a construção de 49 navios em estaleiros brasileiros, investimento que beirava R$ 5 bilhões.