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Editada por André Ramalho
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PIPELINE Com cinco diferentes supridores, Unigel pretende buscar mais gás no mercado livre. Empresa diz que migração valeu a pena, mas que ainda existem barreiras à plena abertura. Acordo para Subida da Serra adiado na ANP. Distribuidoras e consumidores travam disputa de R$ 2 bi em SP. O destino do gás da CNOOC, as negociações entre SCGás e Compass e mais. Confira:
Desbravando a liberdade
Uma das pioneiras do mercado livre de gás natural do Brasil, a Unigel entra em 2023 em seu terceiro ano de experiência como consumidora livre.
A previsão da companhia é voltar ao mercado em busca de novos volumes e, depois de um 2022 de preços estressados, espera conseguir melhores condições de negociação este ano.
A gas week conversou com o diretor de supply chain da Unigel, Luiz Nitschke, sobre a experiência da empresa nesses dois primeiros anos no mercado livre e sobre quais as lições aprendidas e perspectivas daqui para frente.
Afinal, valeu a pena desbravar o nascente ambiente livre? A resposta, segundo o executivo, é sim.
Mas nem tudo são flores Nitschke ainda vê barreiras para a plena abertura do mercado e espera que o novo governo olhe com mais carinho para pautas como o aumento da oferta nacional e o fortalecimento da indústria de fertilizantes.
Em dois anos, cinco fornecedores
A Unigel se lançou no mercado livre em 2021, logo após assumir a operação das fábricas de fertilizantes de Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE) — arrendadas da Petrobras.
As duas fafens consomem, juntas, 2,8 milhões de m3/dia de gás como matéria-prima.
Desde então, fechou contratos com cinco fornecedores diferentes: Petrobras, Shell, Galp, PetroReconcavo no ambiente livre e, mais recentemente, com a Bahiagás, no cativo.
O novo contrato com a Bahiagás simboliza as dificuldades que o mercado livre enfrentou em 2022. Segundo Nitschke, a empresa recorreu no 2º semestre à distribuidora, sobretudo, pela atratividade econômica das tarifas.
O choque dos preços internacionais contaminou as negociações no mercado livre em 2022. E o resultado foram contratos menos vantajosos que os acordos fechados em 2020-2021.
“Como consumidores, fomos jogados aos leões num momento em que os leões estavam numa posição favorável”, disse.
mas expectativa para 2023 é melhor
Pesa a favor a perspectiva de menor despacho termelétrico. A Unigel espera aumentar o fator de utilização das fafens e busca mais gás no ambiente livre. São volumes marginais.
A empresa já está com sua demanda contratada para 2024 e 2025, mas mira contratos de curto prazo para fechar balanço de 2023. Foi uma opção manter uma parte do consumo em aberto, para explorar as arbitragens.
“Expectativa nessa arbitragem é que poderemos ter boas oportunidades. O mercado internacional também tende a estar mais equilibrado e os preços arrefecerem”.
Por ora, a Unigel prefere não assumir contratos de longo prazo.
Lições da abertura
Na avaliação de Nitschke, existe, contudo, um fator que limita melhores preços no mercado: a dependência do GNL importado. A necessidade de aumento da infraestrutura, para aproveitamento do gás nacional, é a principal lição dos primeiros anos de abertura.
“[O fornecedor] sabe que minha alternativa é o gás importado e precifica, então, com base no gás importado. Infelizmente, a abertura de mercado foi feita sem a infraestrutura que o país precisa para ser autossuficiente”, comenta Nitschke.
É mais um agente a manifestar apoio ao pleito por políticas de estímulo à expansão da infraestrutura — a exemplo do que já fizeram representantes de distribuidoras, transportadoras e consumidores.
Nitschke, aliás, defende um combate mais efetivo à reinjeção, por meio de multas às produtoras que extrapolarem limites pré-estabelecidos. “Na base da boa vontade nada vai acontecer”, afirma.
Outra lição trazida pelo mercado global em 2022 foi a importância da criação dos serviços de estocagem no Brasil.
“Foi o que salvou a Europa… Para nós, como competitividade, é importante. Se temos uma falha operacional na planta e ficamos alguns dias fora de operação, tenho a cláusula de take-or-pay no gás que nos obriga a pagar o gás [mesmo sem usar]. Aí é preferível pagar para armazenar”, comenta.
Nitschke também reclama das tarifas de transporte e defende a criação de uma tarifa de curta distância (short haul) — pleito também do governo de Sergipe.
Expectativa com novo governo
Nitschke acredita que a abertura do mercado de gás é um processo irreversível — em que pese o gabinete de transição tenha feito críticas ao Novo Mercado de Gás e entenda que é preciso voltar a fortalecer a participação da Petrobras no setor.
- Se não viu, veja: O que esperar do gás natural no governo Lula
Pelo contrário, Nitschke diz que as perspectivas são positivas quanto ao fortalecimento da indústria local de fertilizantes. Assunto, aliás, presente no discurso de posse de Lula.
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GÁS NA SEMANA
Subiu no telhado A discussão sobre a minuta de acordo para autorizar a operação do gasoduto Subida da Serra, da Comgás, foi prorrogada pela ANP. Nesta quinta (12/1), o diretor Daniel Vieira pediu vistas do processo que visa a pacificar o imbróglio em torno do projeto — classificado como ativo de distribuição pela Arsesp, mas de transporte pela ANP.
TAG teme precedente para novos bypass Transportadora alertou a ANP que as tarifas de transporte podem subir 39% a partir de 2026, se vingarem novos casos de desconexão de clientes do sistema integrado. Uma das preocupações é com o êxodo de termelétricas.
ANP revê regras para GNL em pequena escala Agência vai colocar em consulta pública a revisão das regras de acondicionamento e movimentação de GNL a granel, por modais alternativos ao dutoviário. Objetivo é modernizar regulamentação vigente para contemplar novos modelos de negócio e tecnologias, como o small scale.
Distribuidoras de SP terão de devolver R$ 2 bi a clientes Efeito de uma decisão do STF que tirou o ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins. Arsesp propõe restituição integral, via tarifa, dos créditos. A Comgás devolverá R$ 1,8 bilhão; a Naturgy, R$ 123 milhões; e Gas Brasiliano, R$ 51 milhões. Distribuidoras contestam.
Petrobras reduz preço em 11,1% a partir de fevereiro Baixa reflete a redução dos preços do Brent e uma mudança na precificação. Contratos assinados no fim de 2021 com as distribuidoras preveem redução da indexação ao Brent, de 16,75% para 14,4% em 2023.
SCGás negocia com Compass Previsão da distribuidora é fechar acordo para suprimento entre 2024 e 2027. A Compass é sócia indireta da SCGás, por meio da Commit, e espera inaugurar este ano seu terminal de regaseificação em São Paulo. Também busca oportunidades de importação da Bolívia.
CNOOC vende gás para Galp Chinesa chegou a acordo para vender sua parcela de gás no campo de Búzios. Serão cerca de 250 mil m3/dia em 2023, 850 mil m3/dia em 2024 e 1,1 milhão de m3/dia em 2025.
Refinaria privada no Ceará pode ter metanol cinza A Noxis Energy, que desenvolve a Refinaria de Petróleo de Pecém, estuda adicionar uma planta de metanol ao projeto original. Previsão é produzir, numa primeira fase, metanol oriundo do gás — e depois metanol verde. Para colocar projeto de pé, o gás precisa custar menos de US$ 5/MMBTU. Empresa espera que os preços cairão na 2ª metade da década.
MSGás busca biometano Distribuidora do Mato Grosso do Sul recebe até 31 de janeiro propostas não vinculantes para aquisição do combustível renovável.