O que esperar do novo Plano de Negócios da Petrobras

Estatal anunciou esta semana que vai investir US$ 84,1 bilhões nos próximos cinco anos

A diretoria da Petrobras durante entrevista coletiva. Foto: Andre Ribeiro / Agência Petrobras/Agência Petrobras
A diretoria da Petrobras durante entrevista coletiva. Foto: Andre Ribeiro / Agência Petrobras/Agência Petrobras

A Petrobras divulgou que seu Conselho de Administração aprovou o Plano Estratégico 2040 (PE 2040) e o Plano de Negócios e Gestão 2019-2023 (PNG 2019-2023), elaborados de forma integrada. O Plano Estratégico revela uma nova visão, mostrando uma empresa integrada de energia, alinhada com as necessidades e a evolução dos hábitos da sociedade, que buscará cada vez mais diversificação nas fontes e usos da energia, totalmente em sintonia com a crescente onda de uma busca de fontes de energia limpas e de baixo carbono. Obviamente que, detentora de riquezas inestimáveis dos campos do pré-sal, não poderia deixar de manter a importância e o foco em óleo e gás.

Vamos aprofundar a análise, seguindo a ordem de divulgação do próprio plano e inserindo considerações:

Exploração e Produção

– Maximizar o valor da Petrobras por meio da gestão ativa do portfólio de E&P: com os desinvestimentos em campos maduros, como o anunciado para os campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, e outros que ainda virão, a empresa voltará seus esforços técnicos e financeiros para os ativos de maior longevidade e rentabilidade.

Garantir a sustentabilidade de produção de óleo e gás priorizando a atuação em águas profunda: podemos esperar uma empresa retornando às atividades exploratórias e desenvolvendo o pré-sal, a maior riqueza brasileira,

A carteira de investimentos do PNG 2019-2023 soma US$ 84,1 bilhões e foi construída em cima de três motores centrais de geração de valor para a companhia. Vou focar somente no E&P:

Serão investidos US$ 68,8 bilhões nas atividades de E&P.

Como diz a própria Petrobras: A exploração e produção continua como o mais importante motor de geração de valor da companhia, permanecendo o foco no desenvolvimento da produção em águas profundas, notadamente nas áreas do pré-sal…”

Temos duas importantes situações a separar aqui:

1 – É certo que o foco em águas profundas, por sua longevidade e economicidade, será a grande aposta da empresa e deverá consumir a maior parte deste investimento. Bacia de Santos usa e usará muito da capacidade já instalada na Bacia de Campos e os fornecedores de Macaé e região possuem um diferencial de experiência de mais de 30 anos fornecendo bens e serviços para a indústria e este fator será um diferencial decisivo na hora das contratações;

2 – Em evento realizado no dia 04 de dezembro, o Gerente Geral da UO-BC da Petrobras, Marco Guerra, citou várias oportunidades para a Bacia de Campos, com excelentes notícias. Vamos por partes:

  1. a unidade possui em carteira 91 projetos de investimentos: vale lembrar que, tais projetos, têm em sua essência aumento da produção e/ou de eficiência operacional, contribuindo para o aumento do fator de recuperação e, consequentemente, de geração de riqueza para toda cadeia produtiva.

Uma análise um pouco mais profunda:

– Poços novos: Caso entre estes projetos estejam novos poços, estes possuem potencial para contratação de novas sondas, reaquecendo uma parte da indústria de óleo e gás, que foi uma das mais atingidas após a crise de 2014. Uma excelente notícia para todos os fornecedores desta parte da cadeia;

– Projetos de Infraestrutura para otimização da eficiência operacional: aqui podemos ter serviços para os mais diversos segmentos: bombas de injeção de água para aumento de recuperação da produção; REVAMPS em turbogeradores e turbocompressores, grande máquinas em geral, novas plantas de injeção de produtos químicos. Enfim, uma gama de fornecimento de bens e serviços que tem toda uma rede própria de fornecedores já instalados ou prontos para tal.

  1. b) Desinvestimentos: Na hipótese de que, no Plano de Negócios ora divulgado, ainda não tenha refletido a cessão das concessões de Pargo, Carapeba e Vermelho, teríamos uma inversão orçamentária muito importante. Ou seja, os valores que seriam consumidos para manutenção das unidades, que não vou me atrever a citar aqui sem fonte, mas que posso assegurar, são muito altos, poderão ser revertidos para CAPEX e, consequentemente, também serem utilizados para colocar em operação alguns dos 91 projetos de investimentos já citados.

Por outro lado, caso a cessão dos ativos já tenha sido contemplada significa que a empresa, além dos US$ 8 bilhões de aumento real nos valores de investimento do ciclo passado para este, ainda teve como aumento real o valor que irá economizar com a manutenção das sete plataformas que foram cedidas. Esta notícia também é muito boa, significa mais recursos para os 91 projetos já citados.

b1) Ainda sobre desinvestimentos, existe a possibilidade concreta da venda dos polos Pampo e Enchova, que incluem as plataformas de PPM-1, PCE-1, P-8 e P-65, que deve ser concretizada em breve. Se isto acontecer, a lógica é a mesma da citada acima, mais recursos para os 91 projetos;

b2) Ainda desinvestimentos: E se grande parte dos 91 projetos estiverem nas áreas desinvestidas, significaria que não seriam levados a frente? Pelo contrário. Não somente estes seriam contemplados pelas operadoras vencedoras, mas com os recursos adicionais aos cofres da Petrobras, ainda poderemos ter mais notícias boas como novos projetos de investimentos entrando na carteira da empresa.

“Com a expansão da produção de gás, a companhia buscará maior geração de valor, considerando o gás natural como veículo de crescimento e de estabelecimento de uma posição global para a Petrobras…”

Neste ponto específico, para a região de Macaé, se torna cada vez mais importante a construção do  Terminal Portuário de Macaé (TEPOR), aproveitando todas as oportunidades que surgirão. Não somente pela Petrobras, mas também das mais diversas operadoras que adquiriram e adquirirão concessões na Bacia de Campos. Temos que aproveitar e maximizar a infraestrutura já existente e, aproveitar o que virá com o TEPOR. Lembrando que, quando falo do TEPOR, incluo aqui as termelétricas que surgirão fazendo parte de um megaempreendimento.

“ A companhia também buscará parcerias em negócios de energia elétrica renovável, como um novo motor de geração de valor com foco no futuro sustentável da companhia”

Recentemente, a Equinor anunciou que irá investir pesado em energia solar e eólica. Agora, vemos que também o plano de negócios da Petrobras sinaliza de forma firme que “buscará parcerias em negócios de energia elétrica renovável” . Estas duas notícias precisam ser encaradas de forma firme por toda cadeia produtiva que existe hoje para o mercado de óleo e gás, inclusive os poderes públicos da região, de forma que possam se adequar aos novos mercados de fornecimento de bens e serviços.

Precisaremos de mão de obra adequada, novos ramos de comércio, indústrias, especialistas ambientais, jurídicos e tributários. Será um novo mundo, onde todos nós deveremos nos adequar. Mudanças sempre serão bem-vindas, mas devemos estar sempre atentos e preparados. Somente assim poderemos fazer parte de forma ativa nesta nova economia que se avizinha.