Trump celebra abertura do mercado de gás e saída do Acordo de Paris

Trump celebra abertura do mercado de gás e saída do Acordo de Paris

Poucas horas de deixar a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump publicou uma lista com feitos de seu governo na área de energia. A principal delas é o aumento da produção de petróleo no país, que elevou os EUA a condição de maior produtor de óleo do mundo, algo que a administração Trump diz ter realizado enquanto atuava para proteger o meio ambiente, embora seu governo tenha retirado o país do Acordo de Paris e se distanciado do diálogo global pela transição energética.

“O ano de 2019 marcou a primeira vez em 67 anos que as exportações brutas de energia dos EUA ultrapassaram as importações de energia bruta”, diz o comunicado. “Para proteger o meio ambiente, o presidente Trump retirou-se do Acordo do Clima de Paris, após o qual os Estados Unidos reduziram as emissões de carbono mais do que qualquer outro país no acordo”, aponta o texto.

Segundo o governo Trump, os Estados Unidos teriam liderado o mundo na redução de  emissões de gases de efeito estufa (GEEs) entre 2005 e 2018, período em que as emissões relacionadas à produção de energia teriam caído 12%.

O documento, porém, possui meias verdades. O texto diz, por exemplo, que entre 2005 e 2018, as emissões globais aumentaram 24%. A elevação está mais relacionada ao crescimento das economias emergentes, ainda sem acesso a tecnologias de redução de emissões e dependentes, sobretudo, do carvão – quatro que tem mudado apenas nos últimos anos, com o barateamento de equipamentos para geração limpa, possibilitando uma guinada verde nas principais economias emergentes.

No mesmo período, as emissões relativas à geração de energia na Europa caíram 11%. Há décadas o continente tem sido altamente dependente da geração a partir de combustíveis fósseis. Em 2019, eles representavam 38% de toda a geração no bloco europeu, enquanto a energia proveniente de fontes renováveis representava 19,5%. Mas o bloco pretende elevar a participação de fontes renováveis na matriz para 70% em 2030, chegando até 80% em 2050.

Nos Estados Unidos, Trump afirma que seu governo liberou o potencial da indústria de petróleo e gás natural, algo que foi feito, sobretudo, com alterações regulatórias sobre emissões. Como o próprio documento publicado hoje informa, a administração Trump garantiu “maior acesso aos abundantes recursos naturais do nosso país, a fim de alcançar a independência energética”.

Mas nem tudo nessa trajetória pode ser considerado um sucesso. Este mês, o último grande leilão de petróleo promovido pelo governo Trump, que envolvia áreas em um refúgio e vida selvagem no Alasca, foi um fiasco. Sem a participação de nenhuma grande empresa do setor, o leilão arrecadou apenas US$ 14 milhões, com lances promovidos por duas empresas privadas novatas e uma estatal do governo republicano do Alasca, sem experiência em liderar projetos de exploração.

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Trump celebra criação de empregos no setor, mas oculta elevação do desemprego com a pandemia

Em outro documento também publicado nesta quarta, sua última carta à nação como presidente, Trump afirmou que a redução de regras de regulação no setor fez os EUA se tornarem o produtor número um de petróleo e gás natural do mundo, o que possibilitou recordes na criação de empregos.

Sua gestão, porém, termina com uma taxa de desemprego de 6,7% em dezembro. O número é semelhante às taxas alcançadas nos últimos meses da administração de Barack Obama e bem acima da média de 3,6% alcançada em 2019. A elevação ao longo de 2020 foi provocada, sobretudo, pela crise econômica com a pandemia de Covid-19, quando o presidente politizou o combate à pandemia e demorou a adotar medidas mais fortes contra a propagação do vírus.

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