Mulheres são apenas 6% em cargos de liderança do setor de energia no Brasil, mostra estudo

Nos cargos de direção, elas representam 19%, enquanto em posições de apoio ao negócio o número chega a 13%

Mulheres são apenas 6% em cargos de liderança do setor de energia no Brasil, mostra estudo
Imagem de StartupStockPhotos por Pixabay

Estudo divulgado nesta quarta (28) pela empresa de seleção de executivos FESA Executive Search revela que, nas 25 principais empresas de energia que atuam no Brasil, apenas 6% dos cargos de liderança são exercidos por mulheres.

O levantamento considerou a partição feminina em posições de CEO ou líder de áreas como operações, manutenção, novos negócios e engenharia e construção.

Já nos cargos de direção, as mulheres representam 19%, enquanto em posições de apoio ao negócio, como nas áreas jurídico e regulatório, RH, financeiro ou comunicação, o número chega a 13%.

A situação é um pouco melhor em companhias de capital europeu.

Nelas, a média de mulheres na alta liderança é de 39%, enquanto empresas de origem brasileira e norte americana possuem 22% e 11% de mulheres, respectivamente.

Para a engenheira Luísa Moreira, diretora de operações da companhia francesa EDF Renewables, a representatividade em cargos de liderança é importante para encorajar outras mulheres.

Na EDF Renewables as mulheres representam 42% ao todo da empresa e 50% dos membros do Comitê de Direção.

“Sem dúvida é um grande desafio trabalhar em uma área majoritariamente masculina. É necessário ter resiliência para conquistar respeito e ganhar espaço. Ao longo da minha vida pessoal e profissional, tive a sorte e o prazer de conhecer e trabalhar com mulheres fortes que me inspiraram e me deram força para enfrentar os desafios do dia a dia”, conta a executiva.

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Atraso em políticas de inclusão

O estudo mapeou um total de 238 profissionais em todos os segmentos do setor de energia. O segmento de distribuição é o mais inclusivo, segundo o levantamento, com 31% de mulheres na gestão.

Em seguida, vem geração, apresentando 23%, enquanto transmissão e comercialização têm apenas 13% e 12% de mulheres no C-level, respectivamente.

Os números revelam um atraso das empresas em políticas de inclusão e equidade de gênero, uma vez que não refletem o avanço de mulheres em cursos historicamente masculinos, como engenharia, nos últimos anos.

Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CREA) apontam para um crescimento de 42% no número de profissionais femininas registradas entre 2016 e 2018.

“Isso significa que as empresas ainda apresentam restrições no que se refere a empregar mulheres em áreas técnicas especificamente ligadas à engenharia, ou que ainda não investem igualitariamente no desenvolvimento técnico do público feminino em relação ao investimento dos homens do setor”, observa Carlos Guilherme Nosé, CEO e Sócio do Grupo FESA.

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Novos empregos, velhos padrões

Até 2030, mudanças estruturais na produção e nos padrões de consumo podem resultar em mais de 15 milhões de novos empregos na América Latina e Caribe, em comparação com um cenário business-as-usual.

Entretanto, cerca de 80% desses novos empregos criados pela agenda de descarbonização serão em setores hoje dominados por homens.

Segundo o relatório Jobs in a net-zero emissions future in Latin America and the Caribbean, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), as mulheres não serão beneficiadas pela criação de empregos, a não ser que a pauta de equidade de gênero também entre nessa agenda.

O documento alerta que o preconceito de gênero se reflete na alta proporção de homens empregados no agro (onde está o maior potencial para descarbonização na AL) – em 2018, dos mais de 39 milhões de trabalhadores empregados neste setor, apenas 22% eram mulheres.

No mundo e no setor energético, o padrão se repete.

As mulheres representam apenas 21% da força de trabalho da energia eólica, em comparação com 32% nas energias renováveis em geral e 22% nas indústrias de energia tradicionais, como petróleo e gás.

Além disso, no segmento energias renováveis, a participação das mulheres em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática é muito menor do que em áreas administrativas, aponta a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).

O estudo Wind energy: A gender perspective, da IRENA, mostra que as percepções dos papéis de gênero e das normas sociais e culturais formam uma grande barreira à igualdade de gênero.

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