RIO — A GásLocal, do grupo White Martins, estuda ampliar a planta de liquefação de Paulínia (SP). O plano expansão da companhia, em fase de discussão interna, passa também pela diversificação geográfica e por parcerias no negócio de comercialização de gás natural liquefeito (GNL).
A empresa opera uma planta de liquefação com capacidade para fornecer 440 mil m³/dia de gás natural. A unidade roda, hoje, com uma taxa de utilização de 75% a 78%.
O diretor executivo de Negócios da White Martins, Mario Simon, conta que a planta de Paulínia tem espaço para mais que dobrar a sua capacidade, num terreno anexo, de forma “muito rápida”. A velocidade da expansão vai depender do ritmo da demanda.
O executivo enxerga uma demanda crescente por gás entre indústrias, puxada em parte pela recuperação da economia, em parte pelos compromissos de descarbonização das empresas.
Ele reconhece, contudo, que a velocidade da abertura do mercado não regulado de gás no Brasil tem acontecido num ritmo abaixo do esperado inicialmente e que existem, atualmente, incertezas macroeconômicas que afetam diretamente o setor. Por isso, a GásLocal ainda não definiu nem o tamanho da expansão, nem quando a decisão será tomada.
“O mercado está quente… É claro que não sabemos até quando isso [a recuperação da atividade industrial no Brasil] vai, em função das restrições, da guerra, da crise, do ambiente tenso em Taiwan etc.. Mas o momento é um momento que há uma demanda crescente”, afirmou Simon em entrevista à agência epbr.
De olho na abertura do mercado, a GásLocal lançou a Unidade Autônoma de Gaseificação Móvel. O equipamento tem capacidade de armazenar até 26 mil m³ GNL em um tanque na posição horizontal. Demanda, assim, menos tempo de instalação do que uma unidade estacionária convencional (fixa). O produto visa, sobretudo, à demanda de indústrias em situações emergenciais (como comissionamento de instalações ou interrupções no fornecimento).
Em paralelo, a GásLocal busca novas fontes de suprimento de gás — sua matéria-prima. A empresa tem contrato de suprimento com a Petrobras, antiga sócia da White Martins na planta de Paulínia, mas agora quer diversificar a base de fornecedores.
Em 2020, a Petrobras saiu do negócio, com a venda de 40% da GásLocal (antigo Consórcio Gemini). A sociedade foi objeto de questionamentos da Comgás no Cade por quase uma década. As acusações são de práticas anti-concorrenciais na área de concessão da distribuidora paulista.
GásLocal mira diversificação geográfica
Paulínia abastece clientes num raio de cerca de 800 km, em estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e a região Centro-Oeste.
Simon destaca que o plano de expansão em estudo pela companhia passa, inclusive, pela diversificação geográfica das unidades de liquefação .
“Há um estudo de investimento em unidade de liquefação em outros locais. Há um deslocamento importante do Brasil, para a região Centro-Oeste… Estamos olhando, sim, o mercado nacional, alguns subsetores [como a demanda da indústria de papel e celulose na região], alguns clusters que são importantes”, disse.
Simon afirmou que os planos da empresa preveem, ainda, parcerias.
“Temos parcerias em desenvolvimento nesse ambiente, porque nós temos uma planta operando há muito tempo e com muito conhecimento de mercado” afirmou.
Nos últimos anos, empresas com a New Fortress Energy, Vibra Energia e Origem Energia já sinalizaram a intenção de explorar oportunidades no mercado brasileiro de GNL de pequena escala. O executivo prefere, no entanto, não comentar sobre os potenciais parceiros.
Oportunidades no biometano
Além da abertura do mercado de gás natural, a White Martins acompanha com atenção os desdobramentos da expansão do biometano no Brasil.
Por ora, entrar no segmento de liquefação e distribuição de biometano não é a prioridade. Mas Simon vê uma complementaridade entre os mercados do combustível renovável e o gás natural — o fóssil é usado pelos produtores de biometano, muitas vezes, como complemento do mix do suprimento, sobretudo no agronegócio, fora do período de safra.
Além disso, Simon enxerga o CO2 verde, produzido a partir do aproveitamento do biometano, como uma fonte para a carteira de gases industriais do grupo.
“Temos o interesse nesse ambiente, bem como no hidrogênio verde a partir do biometano”, completou.