Como todos já o sabem, o descomissionamento de instalações, tanto onshore quanto offshore, não é uma indústria nova em plataformas continentais no Mar do Norte e no Golfo do México. No Brasil, estamos iniciando agora um ciclo, com sete unidades e mais, ao menos, outras oito na Bacia de Campos, no Espírito Santo e em Sergipe-Alagoas, mesmo com uma produção caindo, sobretudo em Campos.
Obviamente, devido a um grande esforço de redução de custos operacionais por parte da Petrobras e outras operadoras, que incluem verdadeiros “pactos de sangue” com as supply chain, não fosse assim, a morte seria prematura e inevitável para ambas as partes. Some-se a isso a incrível competência de técnicos nas diversas áreas, desde a geologia até tecnologia de poços, passando por toda a cadeia produtiva que “insistem” em não deixar custos crescerem e a produção declinar, sempre encontrado formas audaciosas e pioneiras de revitalizar campos e unidades.
Soma-se ainda, finalmente, o desinvestimento da Petrobras em campos maduros, adquiridos por empresas menores, com custos mais competitivos, que com certeza, irão prolongar a vida útil de nossas unidades e concessões.
Todavia, as atividades de descomissionamento devem crescer de forma constante nos próximos anos, à medida que, mesmo com toda a competência dos técnicos envolvidos, os custos já começam a superar as receitas, devido á perda de fôlego de alguns de nossos campos. Outro fator chave para este cenário de descomissionamentos, será a data limite de 2025 para operação e produção de campos oriundos da Rodada Zero.
Entretanto, se os custos de produção são altos, mas conhecidos e mais fáceis de rastrear e “combater”, os custos para o descomissionamento são uma grande incógnita, ainda para as indústrias das áreas citadas acima, quiçá para nossa indústria tupiniquim, devido principalmente:
. incertezas ambientais
. incertezas quanto à integridade de linhas e equipamentos . custos logísticos em toda a cadeia.
Definir um escopo, que deverá ser seguido com um mínimo de qualidade, precisão de custos e no tempo estimado, não será tarefa fácil para quem entende um pouco, imaginem para amadores.
Sabemos que está em andamento um trabalho encomendado à Coppe/UFRJ pela Petrobras para a elaboração de uma metodologia, talvez inspirada no “Comparative Assessment”, utilizada em alguma escala nos campos do Mar do Norte, mas customizada para nossa realidade. Mas este trabalho terá de sair de um marco zero, buscando artigos ou trabalhos científicos que contenham alguma modelagem probabilística para estimar custos de descomissionamento.
Mesmo assim, esta possível modelagem não encontrará eco na realidade brasileira, tão diversa de outros campos. Nossos coordenadores de projetos, os “feras”, não terão bancos de lições aprendidas, que permitam uma extrapolação de custos principalmente porque faltam exemplos tupiniquins e, mesmo no Mar do Norte, os campos são diversos e diferentes entre si.
Mas se o trabalho da COPPE enveredar por uma modelagem probabilistica não poderá deixar de se basear ao menos em
a) dados sobre DECOM já realizados no Brasil – FPSO MLS, em Marlim Sul; FPSO Brasil, em Roncador, e o Campo de Cação, no Espírito Santo
b)Custos com Descomissionamentos no Mar do Norte e
c) custos com descomissionamentos no GOM.
O que se poderá esperar é que o modelo se mostre com precisão suficiente para suportar e ser um balizador de custos de todos os projetos de descomissionamento por vir.
Vamos acompanhar os próximos passos do trabalho da COPPE/UFRJ, de interesse dos mais diversos segmentos da indústria.
Clareza Solar?