O diretor-presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, acredita que a Lei do Gás, aprovada na Câmara dos Deputados nesta terça (1º), irá favorecer o crescimento do mercado de gás por meio da inserção do combustível como matéria-prima para a indústria.
“O novo marco da lei do gás está trazendo a possibilidade de você ter uma maior oferta desse combustível para o mercado (…) O gás terá um crescimento de volume, com a exploração do gás do pré-sal. Mas o crescimento parte pelo uso na indústria, como matéria-prima, e não necessariamente pelo uso em termelétricas”, afirmou Sattamini durante webinar promovido pela MegaWhat, nesta quarta (02).
Críticos ao texto aprovado na Câmara, defendiam a necessidade de incluir estímulos à construção de termelétricas a gás para promover o mercado em algumas regiões do Brasil, em que, a princípio, não haveria demanda.
Sattamini concorda que o gás natural tende a ficar mais mais barato com nova lei – ainda precisa passar pelo Senado Federal –, viabilizando a substituição de fósseis mais poluentes. Entretanto, ressaltou a prioridade de investimentos em renováveis.
“O que a gente precisa é ter uma equação sustentável. Os ativos renováveis no longo prazo trarão um retorno maior que os ativos com base em combustíveis fósseis (…) A gente vem buscando crescimento em energia renovável, e buscando soluções para o nossos ativos de carbono”, disse o presidente da Engie.
Ralph Rosenberg, sócio–fundador da Perfin, fundo de investimentos focado em infraestrutura e energia, confirma a preferência por empreendimentos em energia renovável.
“Se tivesse o mesmo nível retorno entre uma térmica a gás e um parque eólico ou solar, eu vou para segunda opção. (…) Porque o risco desse negócio é muito menor”, contou Rosenberg.
“Nós não fazemos apenas uma análise quantitativa quando a gente faz investimentos, a gente também faz uma análise qualitativa, principalmente de riscos, também”, concluiu.
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Mercado para fundos ESG
O apetite dos mercado por estratégias de investimentos em ativos comprometidos com o meio ambiente é crescente.
Recentemente, grandes investidores mundiais, como a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, e o fundo soberano da Noruega, direcionaram de maneira expressiva capital para investimentos ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa), isto é, ativos com selo de sustentabilidade.
Karine Bueno, que chefia a área de Sustentabilidade do Santander, confirmou que a tendência por fundos ESG já é parte da cultura de investidores pelo mundo, e a energia renovável tem destaque especial.
“Um empreendedor sério não tem interesse de carregar com ele um projeto com um monte de passivos ambientais ou sociais. (…) Certos investidores já excluem do portfolio setores intensivos em carbono”, afirmou Bueno.
Segundo ela, somente em 2019, o Santander fechou seu portfólio de operações em ESG contabilizando R$13,6 bilhões.
“Só operações que, de fato, na finalidade tem essa visão de impacto social e ambiental (…) Só no ano passado, nós financiamos ou viabilizamos R$ 4.5 bilhões em renováveis. É um setor muito importante para nós”, disse.
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