Congresso

Margem Equatorial: diálogo como combustível para o consenso

Por meio da conversa e da troca de ideias, soluções podem ser construídas sem que, necessariamente, um lado seja sempre derrotado e desmoralizado, escreve Fernando Teixeirense

Margem Equatorial: diálogo como combustível para o consenso. Na imagem: Sessão no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Sessão no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Particularmente em Brasília, na proximidade com o poder, o ambiente do Relações Institucionais é intenso e muitas vezes encontramos e reencontramos colegas no mesmo lado da trincheira e outras tantas em trincheiras diferentes.

Nesse caminho, alguns aprendizados vão se cristalizando com o tempo e é importante que as gerações novas que venham para o mundo das relações institucionais procurem aprender mais dando as mãos do que apanhando.

Todos nós acabamos nos apaixonando por nossas causas. O enfrentamento é intenso e se dá em várias arenas, muito além do tecnicismo de cada ponto. No final das contas, é preciso compreender que não há uma verdade absoluta, uma posição única e que diferentes segmentos têm direito a ter as próprias interpretações e pesar de acordo com a sua lógica, custos e benefícios.

Nesse enfrentamento de ideias é muito importante não personalizar, não fulanizar as discussões, não transformar questões de ideias em rusgas pessoais. E também evitar a tentação de promover uma derrota absoluta no adversário.

Essa tentativa de “vitória” só vai piorar e agravar os novos enfrentamentos, com prejuízo à qualidade do diálogo. Ele é, afinal, o grande combustível do RI e todas as ações devem ser para criar e ampliar os espaços de diálogo respeitando e delimitando a possibilidade para a construção de soluções comuns.

Isso parece evidente, por exemplo, na exploração de petróleo na margem equatorial. O assunto acabou sendo levado na mídia e na opinião pública como um grande confronto e que só se solucionará com a derrota de uma das posições. Isso arma os defensores de um lado e de outro e cria uma situação em que haverá derrotados.

Da maneira em que as cosias estão, um lado vai sair derrotado e até desmoralizado. Na verdade, todos deveriam não fechar a porta para uma solução. Mesmo sem entender com profundidade as questões ambientais e econômicas do petróleo, como profissional de RI, acho difícil não ter espaço em que se possa conciliar interesses e objetivos. Ainda mais num debate que envolve valores enormes de dinheiro.

Precisamos promover o diálogo como combustível para a construção de consensos. E acreditar que através da conversa e da troca de ideias, soluções podem ser construídas sem necessariamente que sempre um lado seja derrotado e desmoralizado.

Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.