Associar o Estado do Rio de Janeiro a turismo e a cultura sempre foi simples e prazeroso. Mas hoje, dia 25 de maio, Dia da Indústria, queremos destacar para os fluminenses o nosso setor industrial.
A atividade remonta ao período colonial, onde aqui se fabricavam tijolos, açúcar e moedas. Não obstante, a indústria mais antiga em funcionamento no Brasil é a Casa da Moeda do Brasil, há mais de 200 anos localizada no Rio de Janeiro, hoje no Distrito Industrial de Santa Cruz.
No período imperial, foi no Rio que surgiram os primeiros grandes empresários industriais, como Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá, que implantou aqui a primeira fundição de ferro e o primeiro estaleiro do país, a iluminação a gás das ruas da capital, e conectou o Rio ao interior através de ferrovia, a outro estado por meio da rodovia, e ao mundo por cabo submarino telegráfico, dentre outros grandes feitos.
Já na República, com a capital do país no Rio até 1960, registramos a chegada das grandes indústrias nacionais, como a CSN, a Petrobras, a Eletrobras e a Vale, todas ainda com sede no Estado. Nas últimas décadas, damos destaque para a instalação no interior do estado dos complexos industriais automotivo, de termelétricas e da indústria de apoio à extração de petróleo e gás.
Hoje, a indústria responde por 24% da economia do Estado do Rio de Janeiro, sendo a segunda mais importante do país.
Distribuídas por todas as regiões do Estado, estão 25 mil plantas industriais dos mais diversos portes: micro, pequenas, médias e grandes empresas, que empregam 580 mil funcionários com carteira assinada e possuem massa salarial de R$ 33 bilhões ao ano, fazendo a roda da economia fluminense girar.
Importante destacar que estes números da Indústria fluminense representam o agregado de quatro setores econômicos bem distintos: a Indústria Extrativa, a Indústria de Transformação, popularmente conhecida como manufatureira, a Indústria da Construção e os Serviços Industriais de Utilidade Pública – SIUP.
No estado do Rio, a Indústria de Transformação é a que mais emprega, movimentando 24 segmentos industriais, como fabricação de Artigos de Vestuário, Alimentos, Bebidas, Naval, Metalurgia, Plástico e Petroquímica.
Mas, infelizmente, sua participação na economia vem sendo reduzida ao longo dos anos.
O setor, que já foi o terceiro mais importante do país, em termos de PIB, hoje ocupa a distante 6ª posição, atrás de todos os estados do Sul, de SP e MG.
Esse processo de desindustrialização precisa e deve ser revertido, por tratar-se de um setor capaz de contribuir de diferentes formas para o desenvolvimento social e econômico do Estado e dos municípios do Rio de Janeiro, através da geração de emprego e renda, do recolhimento de tributos, da atração de outros investimentos para sua cadeia e da expansão das atividades de comércio e serviço nas localidades onde se instalam.
Quem tem a oportunidade de trabalhar numa planta industrial sabe que ali se respeitam rigorosas regras de saúde e segurança do trabalho, investe-se na qualificação do trabalhador, é um setor que possui baixa rotatividade de emprego e oferece remuneração média acima dos demais setores da economia. Infelizmente, apenas no ano passado, quase 9 mil trabalhadores perderam essa oportunidade no Estado do Rio.
Mas, é possível reverter este cenário. O Rio de Janeiro é vocacionado para a atividade industrial. Possui uma grande cadeia de fábricas e fornecedores, bem como de mão de obra qualificada, e localização privilegiada, a 500 km de 50% do PIB nacional.
A retomada do crescimento da indústria de transformação fluminense passa pelo aumento da competitividade interna, da melhoria da infraestrutura logística do estado, da capacidade de investimento do setor público, da qualidade e oferta de energia, da segurança e da redução da burocracia, das obrigações acessórias e da carga tributária.
O industrial fluminense é competente e competitivo intramuros. É preciso que o Estado preserve nossa competitividade entre a fábrica e o mercado.
Os ganhos desse aumento de competitividade gerariam reflexos positivos por todo estado do Rio, uma vez que é possível encontrar indústrias de transformação em todas as regiões fluminenses.
Como exemplo, na Baixada Fluminense, com o polo petroquímico e mobiliário; no Médio Paraíba, com metalmecânico e automotivo; no Norte, com óleo e gás e maquinário; na Costa Verde, com naval e energia nuclear; na região Serrana, com moda, bebidas e aeronáutico; no Noroeste, com papel e rochas ornamentais; e no Centro-Sul, com alimentos e plásticos.
A capital fluminense, por si só, concentra 32% dos estabelecimentos e 37% dos empregados industriais fluminenses. A capital do estado é também a capital da indústria fluminense. Nossa cidade maravilhosa é o melhor exemplo de que a atividade industrial é capaz de conviver em perfeita harmonia com a natureza e o meio ambiente.
O maior complexo industrial do estado é banhado pelas mais belas praias do país e cercada pela maior floresta urbana do mundo.
No complexo siderúrgico na zona Oeste ou no farmacêutico na zona Norte, nas indústrias gráficas do Centro ou de ourivesaria na zona Sul, a atividade industrial está presente nos quatro cantos desta cidade.
Além da atividade terrestre, o Rio de Janeiro possui uma indústria extrativa com grande atividade offshore.
Ao contrário da indústria de transformação, a Indústria Extrativa tem apresentado altas taxas de crescimento ao longo dos últimos anos. A produção de petróleo e gás em águas fluminenses se transformou na principal atividade industrial do Estado, que responde por 79% da produção nacional de petróleo.
Apesar de sua importância em termos de PIB, seu potencial de encadeamento produtivo é bastante inferior ao da indústria manufatureira. Restrita a poucas grandes empresas, intensiva em capital e com 70% da demanda de insumos atendida por importações, tem contribuído pouco para o desenvolvimento do Estado.
Os pagamentos de Royalties e Participações especiais pela extração de petróleo são a face mais visível de seu impacto na economia fluminense, mas ainda assim bastante limitado, tendo em vista a destinação de grande parte destes recursos para pagamento de despesas previdenciárias.
Ou seja, uma atividade finita que tem financiado o passado, na contramão das melhores práticas mundiais de se investir no futuro. É urgente a revisão deste modelo, tanto para estímulo da cadeia de óleo e gás no estado quanto para maior capacidade de investimento público em educação, inovação e infraestrutura.
A Indústria da Construção, por sua vez, seja do setor de habitação ou de infraestrutura, está presente em todo estado, assim como os Serviços Industriais de Utilidade Pública, que englobam distribuição de gás, energia e saneamento. Juntas, essas atividades industriais buscam garantir a oferta de moradia e de qualidade de vida aos cidadãos fluminenses.
Além de empregos, a atividade industrial recolhe R$ 23 bilhões por ano em ICMS, o que representa mais da metade da arrecadação da principal receita tributária do Estado do Rio de Janeiro. Como parte desses recursos é repartida com os municípios, esse é um bom exemplo de como a atividade industrial contribui para a oferta de serviços públicos em todo estado.
É imperativo que parte desses recursos também contribuam para a melhoria do ambiente de negócios, sob o risco de o Estado perder seu melhor contribuinte.
Nesta data, a Rio Indústria, Associação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, gostaria de parabenizar todos empresários e colaboradores que fazem do Rio de Janeiro um Estado industrial. Formada por um grupo de empresários que atuam na indústria há mais de 20 anos, a Rio Indústria está ciente dos desafios, mas também das oportunidades para se empreender no Rio.
Estamos preparados para atuar junto às lideranças locais pela melhoria da competitividade fluminense e para apoiar todos aqueles que já investem ou que queiram investir no Estado do Rio de Janeiro, na certeza de que este é o melhor local para se prosperar.
Sérgio Duarte é presidente da Rio Indústria, fundador do Grupo Corrêa Duarte, presidente do Sindicado das Indústrias de Alimentos do Município do Rio de Janeiro e membro conselheiro da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN)
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