Energia

Desenvolve SP triplicou financiamentos para projetos ESG durante pandemia

Entre março de 2020 e junho deste ano, agência de fomento desembolsou R$ 273,5 milhões em projetos verdes

Captações para projetos ESG triplicaram em São Paulo durante pandemia
"Temos metas para atingir, pelo menos, 50% do desembolso deste ano relacionado ao ESG”, conta Sergio Gusmão Suchodolski, presidente do Desenvolve SP (Foto: Divulgação)

RECIFE — A Agência de Fomento Paulista (Desenvolve SP) triplicou os investimentos na linha ESG para projetos verdes, que incluem crédito para eficiência energética, energia renovável, água, saneamento e gestão de resíduos sólidos. Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, até junho deste ano, foram desembolsados R$ 273,5 milhões. Nos três anos anteriores à pandemia (2017, 2018 e 2019), os investimentos foram de R$ 90,5 milhões.

O fomento faz parte da estratégia do estado de São Paulo — signatário da Race to Zero— para zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.

“Várias dessas captações são de longo prazo, com uma parte ainda não internalizada. Temos metas para atingir, pelo menos, 50% do desembolso deste ano relacionado ao ESG”, conta Sergio Gusmão Suchodolski, presidente do Desenvolve SP, em entrevista à agência epbr.

“Isso ocorre com parceiros internacionais, bancos multilaterais de desenvolvimento, não só por meio das linhas de captações internacionais, mas através de ferramentas como o desenho de um framework de sustentabilidade e também o nosso guia de ESG para micro e pequenas empresas”, explica.

A captação de recursos da agência inclui o financiamento de micro e pequenas empresas, projetos de eficiência energética, além de projetos para instalação de equipamentos para produção de energia renovável, placas solares, aerogeradores, caldeiras a biomassa, equipamentos para pequenas centrais hidrelétricas, gás e aterros, por exemplo.

Um dos destinos desses investimentos está no setor de saneamento, onde a A SBV Soluções Ambientais captou financiamento do Desenvolve SP, por meio da linha ESG, destinando à ampliação da sua capacidade de produção a partir da aquisição de novos equipamentos e expansão dos serviços oferecidos para clientes públicos e empresas privadas.

O planejamento é realizado a partir do manejo ambiental, um dos pontos que mais impacta o orçamento das indústrias.

“Financiamos projetos na parte de saneamento, inclusive de empresas privadas que estão relacionadas a firmas importantes voltadas para a limpeza de rios, por exemplo. Isso reflete na ideia de ter uma carteira de crédito diversificada à disposição de vários setores e impactos reais na vida das pessoas”, afirma Sérgio.

Para o setor de energia, a agência destaca o financiamento para a construção de uma usina fotovoltaica na região de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

O empreendimento pertence ao empresário José Roberto Bastos Geronimo, e demandou aproximadamente R$ 5 milhões para a instalação. Cerca de 80% do valor total do projeto, equivalente a R$ 4,2 milhões, foi financiado pela agência de fomento paulista.

‘Pandemia foi oportunidade de recomeço’

A parceria da Agência de Fomento Paulista também se estende para os projetos com o Senai-SP e o Sistema Fiesp no desenho de uma nova linha de crédito, ainda como um laboratório, voltado para uma nova política industrial no país.

Desde 2018 foram desembolsados R$ 136 milhões para inovação no estado, seja por meio da linha Inovacred da Finep ou por meio da Linha de Incentivo à Tecnologia, que opera com recursos próprios da Desenvolve SP. Deste valor, cerca de R$ 95 milhões foram utilizados entre os anos de 2018 e 2019. 

“[Foram] esforços para combate às consequências econômicas da pandemia, que refletiram em desembolsos menores no biênio 20/21. Recentemente, ampliamos nosso limite desses repasses junto à Finep para R$ 400 milhões, o que reflete a potência dessa forma de apoio. Além das linhas já disponíveis, o Desenvolve SP está trabalhando também para repassar novas linhas de financiamento para tecnologias 4.0 disponibilizadas pelo BNDES”, afirmou a assessoria.

Para Suchodolski, a pandemia foi uma oportunidade para um recomeço e reestruturação, com a criação de planos emergenciais de apoio aos micro e pequenos empresários e desenvolvimento sustentável. 

“Foi um período de grande desafio (…) e que precisou de um apoio robusto no momento em que as empresas sofreram bastante. Nós entramos com programas anticíclicos e emergenciais para sustentar a economia e os maiores empregadores, que são os micro e pequenos empreendedores. Em 2022 a gente continua fazendo esse trabalho, trazendo novas linhas e aplicando as captações durante os anos, dentro da estratégia de financiar a transição da economia paulista com uma base mais sustentável”.

R$ 2 bi para financiar projetos sustentáveis

Em abril, a Desenvolve SP já havia captado mais de R$ 1,9 bilhão junto a bancos internacionais de desenvolvimento para financiar a substituição de combustíveis fósseis, entre outras iniciativas para transição energética e combate às mudanças climáticas.

O valor captado pela agência é maior que o total de desembolsos somados de 2020 e 2021.

Este ano, a estimativa é liberar pelo menos R$ 500 milhões para financiamento de projetos temáticos, por meio da Linha ESG, que considera aspectos sociais, ambientais e de sustentabilidade.