Descomissionamento: como foi o seminário em Macaé?

Descomissionamento: como foi o seminário em Macaé?

Vou me remeter ao primeiro artigo, quando informei a todos que, após uma apresentação ao comitê gestor da REDEPETRO-BC, propus e eles aceitaram um seminário sobre Descomissionamento em Macaé e, que ele deveria ter a presença de órgão reguladores; Petrobras e COPPE-UFRJ.

Após cinco meses de intensa preparação, finalmente em 12 de abril o mesmo aconteceu. Foi um sucesso de público e de crítica, que eu passo a resumir a partir de agora.

O Seminário aconteceu com três importantes palestras, que mostraram as bases regulatórias do descomissionamento no Brasil, resultados de estudos, projetos e uma visão global do mercado. Os convidados foram o superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agência Nacional de Petróleo, Marcelo Mafra; o professor da COPPE/UFRJ, Marcelo Igor, e o consultor da Society of Petroleum Enginneers, Mauro Destri.

A Petrobras, foi convidada e aceitou, mas devido problemas com a legislação que impede representantes de estatais de participar de eventos públicos até 90 dias antes de eleições, declinou.

Resumo das apresentações:

Marcelo Mafra – ANP

– Cenário brasileiro: O superintendente citou, dentre outras questões, que temos reservas provadas de aproximadamente 12,8 bilhões de barris de óleo e 369 bilhões de m3 de gás natural. Bilhões de barris de óleo já descobertos e ainda a serem produzidos. 3,3 milhões de barris de petróleo equivalente (petróleo + gás) por dia produzidos em média.

– Houve 5 Rodadas de Licitações realizadas entre 2017 –2018; teremos a 5ª Rodada de Partilha de Produção em setembro/2018.  Foi publicado o edital do Primeiro Ciclo de Oferta Permanente, pelo menos quatro rodadas (concessão e partilha), estão previstas para os próximos três anos; que existem 158 instalações de produção offshore, 24 sondas de perfuração, cerca de 18 novas unidades de produção até 2022 e, finalmente que 41 % das instalações offshore de produção, estão com mais de 25 anos em operação.

– Citou que a ênfase não será descomissionar, mas sim, aumentar o FR de recuperação no Brasil, hoje na casa dos 14% contra 35% de média mundial. E que cada 1% de incremento no FR, equivale a um aumento nas reservas da Bacia de Campos de 985 mil barris de óleo equivalente (petróleo + gás).

– Lembrou que temos 70 plataformas com < 15 anos. Temos 24 entre 15 e 25 anos e 40 com > 25 anos.

– Falou do Ciclo de Vida da Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, onde as fases contemplam:

– Exploração: Levantamento de dados exploratórios; Perfuração de poços e Delimitação da jazida;

– Produção: Desenvolvimento da produção; Produção e Descomissionamento.

– Os principais motivos que levam ao DECOM seriam: preço do petróleo; (economicidade); final da dida útil de instalações; final do contrato de concessão; final de contratos de afretamento de unidades; e alteração na estratégia de desenvolvimento do campo.

– Citou que existem seis programas de desativação em andamento na SSM/ANP e três aprovados;

– Que com o projeto de revitalização de Marlim, além da P-33, oito outras unidades serão desativadas até 2021;

– Que a resolução 27/2006 está em revisão e, que seu foco principal será o aumento do fator de recuperação e, no monitoramento pós descomissionamento, o que aflige o mundo todo e é altamente custoso;

– Falou dos custos com descomissionamento e, que a maior parte vem da atividade de abandono de poços, quase 46%;

– Elencou as etapas de um descomissionamento, sendo: remoção da jaqueta e subestrutura; remoção de sistemas submarinos; reuso e reciclagem de estruturas e o monitoramento pós descomissionamento.

. Suas considerações finais revelaram que:

– Ênfase no incremento da produção brasileira;

– ANP está ciente de descomissionamento também pode gerar oportunidades para a indústria;

– Descomissionamento de Instalações não está vinculado a menor economicidade e/ou devolução de um campo.

– Revitalização também pode implicar em descomissionamento;

– Ainda é difícil dimensionar o conjunto de oportunidades geradas em função do descomissionamento de instalações -.

-A revisão da Resolução ANP no 27/2006 também busca maior previsibilidade associada ao descomissionamento de instalações;

– Disponibilidade de embarcações, instalações portuárias e de apoio, cadeia de gerenciamento de resíduos (incluindo NORM/TENORM) podem ser restrições ao descomissionamento, em função da demanda de projetos que venha a ser apresentada para os próximos anos.

– Possivelmente, novas demandas para serviços venham a surgir em função de incentivos governamentais ao reuso de instalações para outras finalidades, além daquelas relacionadas à indústria de petróleo e gás: recifes artificiais, geração eólica, turismo, etc.

– Considerando o estágio incipiente da indústria de descomissionamento no Brasil, esforços colaborativos entre operadores, representantes da indústria de serviços, universidades e governo são imprescindíveis

Marcelo Igor Lourenço – Professor Dr. COPPE – UFRJ

– Visão geral de descomissionamento, seu ciclo de vida e suas etapas;

– Situação no Mar do Norte: somente 12% (88) das instalações no Mar do Norte foram descomissionadas, sendo: 55 jaquetas; 22 plataformas flutuantes; 3 GBS; 7 outras. Somente para 7 houve autorização para abandono in-situ;

– Passou um panorama de DECOM no Brasil, mostrando que ainda estamos iniciando neste processo;

– Elencou as possibilidades e estratégias para um projeto de descomissionamento, como abandono, remoção ou reutilização; abandono in situ; outras;

– Falou das estratégias para utilização de recifes artificiais no Golfo do México e Reino Unido e, como mensurar os impactos ambientais, aqui e no exterior;

– Falou dos cinco pilares para tomada de decisão na hora de descomissionamento: Técnica, Meio ambiente; Social; Pessoal e econômico;

– Discorreu sobre as estratégias para as etapas: Tamponamento e Abandono de Poços, Descomissionamento de Topsides, Descomissionamento de Jaquetas, Descomissionamento de Dutos Submarinos, Remoção parcial ou abandono, Tomada de decisão –Critérios econômicos, Descomissionamento–Quanto custa?

– Falou da importância do tema: NORM – Naturally Occurring Radioactive Materials, como tratar / descartar;

– Tratou do tema Coral sol e espécies invasoras em geral;

– Falou sobre acidentes e riscos nas atividades de descomissionamento;

– Citou suas expectativas para o Brasil;

– Sobre os benefícios e desafios das análises multicritério.

– Finalizou com uma mensagem de otimismo sobre o setor.

Mauro Destri – Consultor SPE

– Iniciou com uma visão acerca da integração entre descomissionamento e ciclo de vida de um campo;

– Citou os motivos de descomissionar uma plataforma e equipamentos submarinos;

– Mostrou um gráfico com todas as etapas e o tempo que se leva para um projeto de descomissionamento e, qual as melhores formas de gestão sobre o mesmo;

– Falou das oportunidades atuais, de curto prazo, com números para tais;

– Mostrou e explicou as oportunidades e ameaças para a nova família para fornecimento de bens e serviços criada pela Petrobras para descomissionamrnto de unidades;

– Elencou vários problemas relacionados ao tema e objetivamente, a necessidade de um novo marco regulatório para o setor, que comtemple a atividade de descomissionamento;

– Mostrou várias fotos com os problemas que encontraremos no fundo do mar, quando iniciada a atividade de DECOM;

A INTERAÇÃO ENTRE OS ÓRGÃOS REGULADORES; OPERADORAS; UNIVERSIDADES; EMPRESAS DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE, SERÁ O FATOR CHAVE DE SUCESSO PARA OS RUMOS DESTA ATIVIDADE.

Opiniões:

– O coordenador regional do Sebrae/RJ no Norte Fluminense, Gilberto Soares, esclarece que a estratégia é acompanhar o desenvolvimento deste segmento para que as empresas da região possam se inserir nele.

“Este é um mercado que ainda não existe no Brasil, mas que já é real no Golfo do México, na África, e no Mar do Norte, por exemplo. Acreditamos que daqui a dois ou três anos o descomissionamento gere muitas demandas aqui na Bacia de Campos e no Nordeste, por isso queremos levar informações qualificadas aos empresários, traduzir este cenário para que eles possam se preparar para fazer negócios”, afirma Soares.

– Todos os partícipes e palestrantes, foram unânimes em afirmar a importância do evento para a região, desmistificando vários temas;

Um novo evento é estudo para novembro, já que podemos transformar Macaé em nova Aberdeen, quando se tratar de descomissionamento

Clareza solar?

Sugiro procurarem nas redes sociais as apresentações. Será muito bom para todos.

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