O Conselho de Administração da Petrobras optou por manter Hugo Repsold no comando da diretoria de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, assumida interinamente por ele após a renúncia de Roberto Moro, e colocar um novo diretor na área de Assuntos Corporativos. Eberaldo de Almeida Neto, que comandava a gerência-executiva de Suprimento de Bens e Serviços, foi o escolhido.
Eberaldo terá como grande desafio de curto prazo de sua gestão a implantação do novo modelo de compras da empresa, que foi estabelecido pela Lei Geral das estatais. Começa agora no próximo dia 5 a implementação das estratégias pela Unidade Operacional do Espírito Santo (UO-ES).
Não é uma tarefa simples. A empresa passará por dificuldades. É uma mudança do modo produtivo mas também uma mudança no modelo mental das licitações. São alterações necessárias, que devem ser dolorosas, mas serão positivas para a estatal e seus funcionários no longo prazo. A consulta pública, que deve aumentar a transparência nas concorrências, pode dar mais segurança e tranquilidade para os funcionários da estatal trabalhar.
Hugo Repsold tem como principal desafio concluir as obras dos oito FPSOs próprios que a Petrobras vai colocar em operação, sendo seis este ano e outros dois em 2019. A tarefa também é igualmente complexa. São unidades de produção com partes sendo construídas em diversos cantos do mundo.
O executivo deve entrar para a história da Petrobras como o diretor que concluiu o projeto replicantes, que foi contratado com Renato Duque, hoje preso pela Operação Lava Jato, e passou por Richard Olm (ficou apenas um mês no cargo), José Antonio de Figueiredo e Roberto Moro.
O projeto replicantes previa a construção de incialmente oito plataformas de produção de petróleo e gás do tipo FPSO totalmente iguais para a produção no pré-sal. Para isso, a empresa decidiu fatiar a construção das unidades entre empreiteiras nacionais – grande parte delas envolvidas na Lava Jato – e fazer grandes contratos de EPC (Engineering, procurement and construction, sigla em inglês).
A ideia era evitar projetos customizados e fazer com que a repetitivade gerasse escala e fôlego para a construção das plataformas. A estratégia não deu o resultado esperado já que alguns fornecedores não conseguiram cumprir – por variadas razões – seus cronogramas. A Petrobras também não manteve a repetitividade dos projetos.
As áreas de Repsold e Almeida Neto têm grande interface. O primeiro contará também com o desafio de retomar a obra de construção da UPGN do Comperj, projeto que fica a cargo da gerência-executiva de Projetos de Gás e Refino. A retomada da obra está em contratação pela gerência-executiva de Suprimento de Bens e Serviços, na diretoria do segundo. Petrobras e Shangdong Kerui ainda trabalham para fechar o contrato, que foi licitado no ano passado. Em novembro, a empresa negou todos os recursos na concorrência e desde lá está negociando o contrato.