O presidente da Saudi Aramco, Amin Nasser, afirmou nesta quinta (23) que a demanda por combustíveis fósseis vai continuar crescendo globalmente nas próximas décadas motivada pelo aumento populacional e pela redução de custos de produção. Falando em uma mesa no Fórum Econômico Mundial, que acontece até esta sexta (24), em Davos, na Suíça, garantiu que a demanda deve permanecer acima de 100 milhões de barris diários em 2040.
Dados do World Energy Outlook, da Agência Internacional de Energia, projetam que a demanda mundial por petróleo crescerá 1 milhão de barris por dia até 2025. A partir daí, crescerá 100 mil barris por dia até 2040, quando atingirá seu pico em 106 milhões de barris por dia.
Embora elogie avanços na busca por uma economia de baixo carbono, como a eletrificação da frota de veículos mundo afora, Nasser criticou o que chamou de visão simplista de que a transição energética pode ocorrer da noite para o dia. Defendeu a manutenção do uso do petróleo e gás natural como essencial para levar energia a todo o mundo, tendo em consideração as disparidades entre populações ricas e pobres. Acredita que a pressão por pressa na transição energética pode causar “sérias implicações sobre países em desenvolvimento”.
Nesta quarta (22/1), o presidente da Total, Patrick Pouyanné, também durante o Fórum Econômico Mundial, criticou a proposta de restringir o uso de combustíveis fósseis como uma opção para combater as mudanças climáticas. “É preciso haver menos emissões, mas nossa primeira missão é trazer energia para as pessoas do planeta”, comentou.
Amin Nasser afirmou ainda que o gás natural pode ser uma boa opção para evitar as previsões atuais de que o uso de carvão como fonte de energia cresça 17% de hoje até 2040.
“Haverá mais 2 bilhões de pessoas no mundo em 2040, há atualmente 3 bilhões de pessoas usando biomassa e esterco animal para cozinhar e há 1 bilhão de pessoas hoje sem eletricidade. Quase 50% da população mundial nunca voou em um avião”, comentou.
Por fim, defendeu que a Saudi Aramco está comprometida com a redução de emissões e também com redução de custos de exploração. Segundo ele, a companhia tem uma das menores pegadas de carbono do setor em suas operações de upstream graças à facilidade da exploração na Arábia Saudita.
Saudi Aramco é aponta por emissões
A informação, no entanto, contradiz investigação do jornal britânico The Guardian, que aponta a Saudi Aramco como a empresa que mais polui no mundo todo. De acordo com levantamento do jornal divulgado em outubro de 2019, a petroleira saudita contribuiu com a emissão de 59 bilhões de toneladas de CO2 desde 1965, volume que é 1/3 superior às emissões de qualquer outra concorrente do setor. O Guardian afirma que a Saudi Aramco sozinha deve ocupar nos próximos dez anos 5% de toda a margem de produção de carbono que resta para que o mundo permaneça dentro da expectativa de aumento de 1,5 ° C na temperatura média.
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