O presidente Jair Bolsonaro embarca nesta terça-feira (14), às 23h, para a cidade de Dallas, no Texas, onde permanecerá por duas noites para encontros com autoridades locais. Um dos principais momentos da viagem ocorrerá na tarde de quarta-feira (15), quando Bolsonaro terá uma reunião privada com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, que governou os Estados Unidos entre 2001 e 2009.
Além de Bush, o presidente brasileiro vai se encontrar com o governador do Texas, Greg Abbot, o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, e o senador texano Ted Cruz, que é atualmente uma das principais vozes contra o Green New Deal, que segundo o senador “promete destruir a indústria de energia americana como a conhecemos”.
A deputada Alexandria Ocasio-Cortez e o senador Ed Markey, ambos do Partido Democrata, são autores do projeto batizado como Green New Deal, uma referência ao New Deal, um conjunto de reformas sociais e econômicas e projetos de obras públicas realizados pelo presidente Franklin D. Roosevelt em resposta à Grande Depressão. O plano pretende dar uma guinada nos EUA transformando o país em uma economia de baixo carbono até 2030.
A ideia do Green New Deal é conseguir mobilizar a sociedade americana pela próxima década pela modernização da rede elétrica do país, a descarbonização dos setores de energia, transporte e indústria e a formação de parceria com agricultores para o fim das emissões nas zonas rurais.
Ted Cruz diz que as promessas têm um custo e um nível impensável de invasão do governo na vida privada e nas decisões dos americanos comuns. “De acordo com uma estimativa do American Action Forum, o Green New Deal pode custar entre US $ 51 trilhões e US $ 93 trilhões em 10 anos. Para colocar isso em contexto: US $ 93 trilhões equivalem a cerca de US $ 10 trilhões a mais do que todo o gasto registrado dos EUA. governo desde 1789, significando que custaria a cada família americana cerca de US $ 65.000 a cada ano”, diz o senador em artigo publicado recentemente.
George W.Bush
Apesar de Bush ser adversário político do atual presidente dos EUA, Donald Trump, de quem Bolsonaro tem se aproximado, o governo brasileiro não vê problema no encontro entre ambos.
“Esse encontro vem demonstrar a forma como o nosso presidente identifica o relacionamento político em amplo espectro. O fato do ex-presidente George W, Bush eventualmente fazer considerações contrária ao atual presidente, não inviabiliza, do ponto de vista político e da relação institucional, que o presidente Jair Bolsonaro vá ao encontro daquela autoridade”, disse hoje (13) o porta-voz do Palácio do Planalto Otávio Rêgo Barros, em coletiva de imprensa.
Na quinta-feira (16), Bolsonaro será homenageado como personalidade do ano pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Anteriormente, essa homenagem seria entregue em evento na cidade de Nova York, mas o governo brasileiro cancelou a agenda na cidade após críticas do prefeito nova iorquino, Bill de Blasio, a visita de Bolsonaro. A comitiva presidencial estará de volta ao Brasil na manhã de sexta-feira (17).
Guerra comercial
O porta-voz do governo federal também comentou sobre o recrudescimento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Hoje, os chineses anunciaram a elevação para 25% nas tarifas contra mais de 5,1 mil produtos importados dos Estados Unidos, no total de mais de US$ 60 bilhões.
A medida, que passará a valer a partir de 1º de junho, foi uma retaliação da China à decisão dos EUA, na semana passada, de elevarem de 10% para 25% as tarifas sobre produtos chineses, totalizando custos de US$ 200 bilhões. Para Rêgo Barros, a disputa entre as duas maiores potências econômicas do planeta acarreta danos a todos os países.
“O governo brasileiro espera que os EUA e a China resolvam seus problemas comerciais, pois são os dois maiores parceiros do nosso país. Eventualmente, o Brasil pode beneficiar-se, não obstante, qualquer problema entre as duas maiores economias naturalmente vai acarretar dano a todo mundo”, disse.