Bolsonaro discute crise na Venezuela; petróleo sobe

Guaidó convocou às ruas todos os venezuelanos que se comprometeram a se manifestar para exigir a saída de Maduro.

O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, no Palácio do Planalto.
O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, no Palácio do Planalto.

O presidente Jair Bolsonaro vai reunir no início da tarde de hoje (30) ministros de Estado e o vice-presidente Hamilton Mourão, no Palácio do Planalto, para tratar da situação da Venezuela. Juan Guaidó, reconhecido pelo governo brasileiro como presidente encarregado da Venezuela, disse hoje que tem o apoio dos militares para, segundo ele, conseguir “o fim definitivo da usurpação” do governo de Nicolás Maduro.

Guaidó convocou às ruas todos os venezuelanos que se comprometeram a se manifestar para exigir a saída de Maduro.

Além de Mourão, participam da reunião os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, da Defesa, Fernando Azevedo, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.

A cotação do petróleo Brent subia 0,88% às 11h43 (horário de Brasília) impactada, entre outros temas, pela divulgação de vídeo do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, pedindo apoio aos militares para acabar com o governo de Nicolás Maduro.  Também impactava a cotação a informação divulgada pelo governo da Arábia Saudita de que o acordo para conter a produção  pode ser estendido até ao final de 2019.

Em mensagem de vídeo acompanhado de vários militares dissidentes, o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou nesta terça-feira (30) que militares deram “finalmente e de vez o passo” para acompanhá-lo e conseguir “o fim definitivo da usurpação” do governo de Nicolás Maduro. Enquanto isso, o governo chavista disse estar “enfrentando e desativando” um plano de golpe de “militares traidores”.

“Hoje, valentes soldados, valentes patriotas, valentes homens apegados à Constituição acudiram ao nosso chamado”, disse Guaidó num vídeo de três minutos divulgado no Twitter, aparentemente gravado pouco antes do amanhecer na base militar La Carlota, no leste Caracas. “O momento é agora. A cessação definitiva da usurpação começou hoje.”

“São muitos os militares. A família militar de uma vez [por todas] deu o passo. A todos aqueles que estão nos ouvindo: é o momento, o momento é agora, não só de calma, mas de coragem e sanidade para que chegue a sanidade à Venezuela. Deus os abençoe, seguimos adiante. Vamos recuperar a democracia e a liberdade na Venezuela”, disse o líder da oposição.

“As Forças Armadas tomaram a decisão correta e podem contar com o apoio do povo da Venezuela, o apoio da nossa Constituição, a garantia de que estão do lado certo da história. Hoje, como presidente da Venezuela, como legítimo comandante em chefe das Forças Armadas, convoco todos os soldados, toda família militar, a nos acompanhar nesta façanha como sempre fizemos, no marco da Constituição, no marco da luta não violenta”, afirmou Guaidó.

Na mensagem, Guaidó convocou às ruas todos os venezuelanos que se comprometeram nas últimas semanas a se manifestar para exigir a saída de Maduro.

“Povo da Venezuela, é necessário que todos saiamos às ruas, apoiemos a democracia e recuperemos nossa liberdade. Organizados e unidos, devemos nos deslocar às principais instalações militares. Povo de Caracas, todo mundo para La Carlota”, convocou Guaidó.

— Juan Guaidó (@jguaido) 30 de abril de 2019

Governo Maduro

O ministro de Comunicação, Turismo e Cultura da Venezuela, Jorge Jesús Rodríguez, informou há pouco, em sua conta pessoal no Twitter, que o governo tenta desarticular uma “tentativa de golpe de Estado”.

“Informamos ao povo da Venezuela que, neste momento, estamos enfrentando e desativando um reduzido grupo de militares traidores que se posicionaram para promover um golpe de Estado contra a Constituição e a paz da República”, escreveu Rodríguez.

A manifestação ministerial foi postada poucos instantes após o presidente da Assembleia Nacional, deputado e autodeclarado presidente interino, Juan Guaidó, divulgar uma mensagem em vídeo conclamando a população a sair às ruas para se manifestar contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

No vídeo, em que aparece ao lado de alguns oficiais das Forças Armadas, Guaidó afirma que militares deram “finalmente, e de vez, o passo” para acompanhá-lo e conseguir “o fim definitivo da usurpação” do governo de Maduro. “Hoje, valentes soldados, valentes patriotas, valentes homens apegados à Constituição, acudiram ao nosso chamado”, disse Guaidó no vídeo em que afirma ter obtido o apoio de “muitos militares”, aos quais pediu “calma, coragem e sanidade”.

Evo Morales

O presidente da Bolívia, Evo Morales, condenou, o que classificou como uma “tentativa de golpe de Estado” na Venezuela. Por meio de sua conta pessoal no Twitter, o mandatário boliviano acusou o governo dos Estados Unidos de estar por trás da instabilidade política no país governado por Nicolás Maduro.

“Com sua ingerência e promovendo golpes de Estado, os Estados Unidos buscam provocar violência e morte na Venezuela, não importando as perdas humanas, mas apenas seus interesses”, escreveu Morales ao condenar “energicamente” o que classificou como tentativa de golpe “por parte da direita submissa a interesses estrangeiros”.

O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre as manifestações, que voltaram a tomar as ruas de Caracas e de outras importantes cidades venezuelanas depois que o presidente da Assembleia Nacional, deputado e autodeclarado presidente interino Juan Guaidó divulgou uma mensagem em vídeo afirmando ter obtido o apoio de oficiais das Forças Armadas para tirar o presidente Nicolás Maduro do poder.

OEA

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, manifestou apoio à possível adesão de oficiais das Forças Armadas da Venezuela ao movimento que tenta derrubar o presidente venezuelano Nicolás Maduro e permitir que o presidente da Assembleia Nacional, o deputado venezuelano Juan Guaidó, assuma interinamente o poder.

“Saudamos a adesão de militares à Constituição e ao [autodeclarado] presidente Juan Guaidó. É necessário o mais pleno respaldo ao processo de transição democrática de forma pacífica”, escreveu Almagro, nas redes sociais.

Com Agência Brasil