A mineradora BHP desistiu da concessão de duas áreas exploratórias que havia arrematado na Bacia da Foz do Amazonas. A empresa devolveu à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a concessão dos blocos exploratórios FZA-M-257 e FZA-M-324, em águas rasas da Foz do Amazonas, arrematados por mais de R$ 30 milhões.
Ontem, a E&P mostrou que a Total apresentou ao Ibama uma atualização do cronograma do projeto de perfuração de nove poços na área dos cinco blocos exploratórios que arrematou na Bacia da Foz do Amazonas na 11a rodada da ANP, realizada em 2013. A empresa prevê iniciar a mobilização da sonda DS-9, da Ensco, no terceiro trimestre deste ano para começar a perfurar o primeiro poço no primeiro trimestre de 2019.
Os projetos de exploração na Foz do Amazonas vêm enfrentando forte resistência de ambientalistas e uma demanda grande de dados e informações por parte do Ibama. Os licenciamentos são acompanhados por organizações de preservação ambiental, entre elas o Greenpeace, devido à descoberta de uma área – de ao menos 9,5 km2– dominada por um raro recife de corais, capaz de sobreviver nas águas turvas do Amazonas. No começo do ano, a ONG iniciou uma campanha de mobilização contra a exploração de petróleo na região intitulada “defenda os corais da Amazônia.
Os Corais da Amazônia precisam de nós! Esse bioma pouco conhecido está sob ameaça das empresas petrolíferas e não podem se defender sozinhos. Precisamos impedir que a @Total e a @BP_plc explorem petróleo próximo aos Corais. Assine a petição: https://t.co/GBO3wqI9YB pic.twitter.com/6KBTlq73hq
— Greenpeace Brasil (@GreenpeaceBR) 7 de março de 2018
Se o Ibama não liberar a perfuração dos poços na região o caminho natural é a Total devolver a concessão dos blocos à ANP. A Total opera cinco blocos na Foz do Amazonas e prevê a perfuração de nove poços na bacia. Ao todo, as petroleiras que arremataram blocos na Foz do Amazonas na 11a rodada da ANP, realizada em 2013, preveem a perfuração de 12 poços na região. Além da Total, BP e QGEP estão licenciando projetos na área.
No começo de dezembro, o Ibama negou a emissão da licença e determinou que a BP complemente os estudos ambientais para a campanha de perfuração de um poço na área do boco exploratório FZA-M-59 Na prática, o pedido de complementação é uma negativa a emissão no momento, mas não impede que a licença seja emitida após a reapresentação dos estudos. Também não impede que o órgão ambiental solicite novos pedidos de complementação de informação.
Entre as duas negativas para perfuração, o Ibama liberou a licença ambiental para a CGG fazer aquisição de dados sísmicos 3D na área do bloco exploratório FZA-M-320, em águas rasas da Bacia da Foz do Amazonas. A área é operada pela Ecopetrol, com 100% de participação, e a licença é válida até 1o de março de 2018, condicionando as atividades ao uso da embarcação Oceanic Champion.
No fim do ano, a PetroRio iniciou o licenciamento de um projeto para aquisição de dados sísmicos 3D proprietários na ára do bloco exploratório FZA-M-539. A área, arrematada na 11a rodada da ANP pela Brasoil, entrou no portfólio da empresa depois que a PetroRio comprou 100% do capital da Brasoil, operação concluída em março deste ano.