A Petrobras anunciou na noite de ontem que fechou com a PetroRecôncavo a venda por US$ 384,2 milhões de 34 campos terrestres no Polo Riacho da Forquilha, na Bacia Potiguar, no entorno da cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O negócio pode começar a gerar demanda de bens e serviços em seis meses na região, estima o secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo (Abipip), Anabal dos Santos Junior, que conversou com a epbr na manhã desta sexta-feira (26/4).
O executivo acredita que a venda dos ativos, que ainda precisa ser aprovada pelo Cade e pela ANP, pode ajudar a deslanchar a oferta permanente de áreas da ANP e marca o início de uma nova fase para o mercado de exploração e produção de petróleo e gás onshore no país.
“Esse desfecho do Riacho da Forquilha, alem das consequências benéficas no seu entorno, marca definitivamente o inicio de uma nova fase para o setor onshore, que através do reinvestimento nestes campos trata uma segunda onda de desenvolvimento nestas regiões e que pelo perfil das empresas como a Potiguar E&P”, comentou.
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Veja a íntegra da entrevista:
A Petrobras anunciou ontem a venda de 34 campos, do Polo Riacho da Forquilha, na Bacia Potiguar, para a PetoRecôncavo. Como a Abpip enxerga que a operação pode ajudar na retomada da produção onshore na região? É possível estimar em quanto tempo esse negociação começa a gerar contratação de bens e serviços?
Como Secretario Executivo da ABPIP, entidade que desde a sua criação e através de varias diretorias, defendeu a criação e consolidação de um mercado para as empresas independentes, me cabe agradecer a todos que contribuíram com essa luta de cerca de 12 anos para que este dia chegasse, abrindo um novo horizonte para o mercado onshore brasileiro. Esse desfecho do Riacho da Forquilha, alem das consequências benéficas no seu entorno, marca definitivamente o inicio de uma nova fase para o setor onshore, que através do reinvestimento nestes campos trata uma segunda onda de desenvolvimento nestas regiões e que pelo perfil das empresas como a Potiguar E&P, subsidiaria de PetroRêconcavo, atuara mais próximos dessas comunidades.
Existem varios procedimentos legais próprio do processo para serem observados ate o inicio efetivo da atividade. Agora o processo além dos tramites internos da Petrobras, existe a cessão propriamente dita na ANP, licenciamento ambiental etc. Assim estimo preliminar que em cerca de seis meses. Mas no que depende de nós, estaremos sempre atuando proativamente para acelerar no que for possível este inicio.
A Petrobras ainda tem algumas dezenas de campos terrestres em processo de desinvestimentos desde agosto de 2017. O senhor acredita que esse processo pode agora ganhar mais velocidade? Por que?
Ja existe uma consciência geral, quase unanime e institucionalizada que o Brasil não pode postergar mais esse assunto. A ANP e a própria Petrobras tem feito um esforço muito grande nesse sentido. Recentemente a mídia divulgou alguns sinais no sentido da aceleração deste processo. Está anunciado que a Petrobras ira concluir o Topázio (existem outras etapas) até junho deste ano e outros cerca 40 campos ate dezembro. Além do que com a recente medida da ANP naquelas concessões do Onshore do Espirito demonstra também isso.
A Petrobras informou à ANP que vai vender mais 49 campos maduros até o fim do ano. Qual a melhor maneira de disponibilizar esse tipo de área para o mercado? Leilões? A Petrobras vender?
Nós da ABPIP, sempre defendemos que esse processo fosse feito através da ANP e nos moldes que ela sempre fez seus leiloes. Este formato que foi utilizado no Topázio e Ártico com varias etapas, rebid e até “trebid” ja demonstrou que atrasa muito a conclusão dos processos e traz prejuízos para todos.
A venda dos 34 campos da Petrobras na região de Mossoró significa o começo da criação do mercado independente terrestre no Brasil?
Acho que apesar de tímido, o começo aconteceu a cerca de 15 anos atras, o que esta acontecendo agora é o inicio da consolidação deste mercado.
A venda do Topázio pode alavancar a venda de outras áreas na oferta permanente. Essa é a visão da atual diretoria da ANP. O senhor concorda?
Certamente. Além do pragmatismo que envolve a decisão de investimento, existe uma outra componente que é a expectativa do investidor. O mercado espera há três anos por esta conclusão, alguns até desistiram de esperar e agora renasce a ideia, o assunto volta a pauta nacional e gera um clima que ajuda ao investimento. Ontem mesmo ainda pela manha conversava com um executivo de uma empresa fornecedora de serviços que estava muito preocupado pois teria uma reunião com o seu board na sua matriz na próxima semana e queria saber quando era a previsão de conclusão deste processo para aliviar a pressão sobre a operação no Brasil. Acho que hoje, após ter vistos estas noticias ja deve estar mais tranquilo.