Energia

A importância do equilíbrio de gênero no mercado de energia

Desequilíbrio de gênero não é só uma questão social, mas também um problema econômico que precisa ser resolvido, escreve Gabrielle Botelho

A importância da equidade de gênero no mercado de energia. Na imagem, Gabrielle Botelho, coautora do livro "Mulheres na Energia", da Editora Leader (Foto: Divulgação)
Gabrielle Botelho é coordenadora do livro "Mulheres na Energia", da Editora Leader (Foto: Divulgação)

O mercado de energia está passando por uma grande transformação em sua matriz energética, em escala global. As organizações dos diferentes setores que compõe este mercado estão redesenhando suas estratégias, repensando suas marcas e posicionamento, visando a construção de um negócio e futuro mais sustentável.

Neste cenário de mudança constante e indefinição, a agenda de ESG passa a ser o foco central da estratégia de negócio. Dentro da dimensão Social, a temática de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) assume papel de relevância, e como primeiro passo, as organizações priorizam a busca por equilíbrio e equidade de gênero.

Mas você deve estar se perguntando, por que a diversidade de gênero é tão importante? A resposta é simples, este desequilíbrio de gênero, não é só uma questão social, mas se trata também de um problema econômico que precisa ser resolvido.

Dados divulgados pela ONU em 2019, mostram que mais de 50% da população mundial é composta por mulheres, e neste contexto a mão de obra feminina é de extrema importância e contribui e muito para o futuro de qualquer negócio.

Contudo, recrutar perfis femininos para carreira Steam (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics, em inglês) não é algo fácil. E aqui entra a questão social e os estereótipos de gênero, que são características pessoais atribuídas a homens e mulheres, e que infelizmente ainda influenciam nossa cultura e sociedade.

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Mudança cultural

Apesar de hoje termos avançado na discussão de gênero de uma forma não binária, nossa cultura ainda é muito permeada pela diferenciação do masculino versus o feminino. Por exemplo, às mulheres ainda é dado o papel social de “cuidar”, seja do lar, dos filhos, do marido ou dos idosos.

Por isso, a entrada de mulheres na carreira técnica é bem menor quando comparada a entrada de perfis masculinos.  Assim, se faz necessário desenvolver um trabalho de base nas escolas, de mudança cultural e de pensamento, influenciando o interesse e a entrada de mais meninas na carreira Steam, por exemplo.

Dados do último relatório da The Boston Consulting Group demonstram o quanto ainda precisamos melhorar o equilibro de gênero no setor de O&G, que tem uma das menores proporções de mulheres entre as principais indústrias, apenas 22%.

E quando analisamos mulheres em posição de liderança esse número cai ainda mais, apenas 11% dos principais executivos seniores globais do setor de O&G são mulheres.

Mas a boa notícia é que esta busca por equilíbrio de gênero é uma tendência global, suportada e mencionada inclusive pela ONU, em seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O objetivo de igualdade de gênero ressalta a importância de empoderar todas as mulheres e meninas, buscando suprir suas necessidades de saúde, educação, melhoria da qualidade de vida e justiça.

Como resposta a essa busca por mais equidade de gênero no mercado de energia, buscando gerar cada vez mais empoderamento feminino, e como reconhecimento à importante contribuição das mulheres para o mercado de energia, nasceu o livro Mulheres da Energia, que faz parte da Coleção Mulheres, da Editora Leader. Esta obra tem o objetivo de dar mais voz a essas mulheres e também incentivar a entrada de uma nova geração de meninas e mulheres nesse mercado.

O livro traz o olhar  fascinante e a contribuição de algumas mulheres que estão ajudando a transformar o setor de energia no Brasil e no mundo. Mulheres que encontraram seu lugar de fala e de destaque, em ambientes tradicionalmente dominados por homens, e que fazem a diferença em suas organizações.

Gabrielle Botelho é head global de Inclusão e Diversidade na CGG e coordenadora do livro Mulheres na Energia da Editora Leader